Ricardo Santos manifesta preocupação com má gestão da política cafeeira



Ao registrar a realização do II Simpósio Brasil Café Conilon nos dias 4 e 6 de abril em São Gabriel da Palha (ES), o senador Ricardo Santos (PSDB-ES) manifestou sua preocupação com os efeitos da má gestão da política cafeeira sobre as regiões produtoras do Brasil, principalmente o Espírito Santo. Ele lembrou que o setor envolve 2,3 milhões de pessoas no país, entre pequenos proprietários, parceiros, colonos e trabalhadores rurais.

Ricardo Santos destacou que os participantes do encontro - representantes dos produtores de Espírito Santo, Bahia e Rondônia - criticaram a política de retenção do café pelo governo e também reclamaram do que consideram "um certo ranço conservador" por parte de autoridades e de lideranças que discriminam o café conilon brasileiro.

- O café conilon, uma linhagem do robusta africano, vem conquistando o mercado internacional através da sua utilização em blends com os diversos tipos de café arábica, tradicionalmente utilizados na indústria de torrefação, e de café solúvel, como forma de elevar o rendimento industrial e de se obter diferentes padrões da bebida - explicou Ricardo Santos.

O senador pelo Espírito Santo questionou projeto apresentado pelo deputado federal Abelardo Lupion (PFL-PR) que, sob o argumento de assegurar a qualidade do café industrializado brasileiro e garantir direitos dos consumidores, propôs a obrigatoriedade de rotular as embalagens de café com a composição de cada espécie que compõe o produto. "Fica implícita a intenção de inibir o uso do café conilon nos blends, deixando transparecer que o conilon é uma espécie menos nobre de café", comentou Ricardo Santos.

Para o senador, enquanto no Brasil existe discriminação entre grupos de café, o país vai perdendo posição no mercado e os produtores têm que buscar sozinhos saídas para os seus problemas. Visando acabar com esse isolamento, Ricardo Santos defendeu a adoção de várias medidas, entre elas a aquisição, pelo governo, dos estoques retidos pelos exportadores com a política de retenção, equivalentes hoje a cerca de 2,6 milhões de sacas.

Outra proposta apresentada pelo senador foi a prorrogação dos empréstimos de crédito rural para os cafeicultores, especialmente para os agricultores familiares enquadrados no crédito rural do Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf). Ricardo Santos propôs ainda estímulo à adoção de tecnologias que permitam a difusão ampla da melhoria de qualidade do café conilon e do arábica, contribuindo para a diferenciação dos cafés do Brasil, com o objetivo de ampliar a competitividade do produto nacional.

17/04/2001

Agência Senado


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