Candidatos ao Piratini fazem último debate
Candidatos ao Piratini fazem último debate
Encontro será transmitido ao vivo pela RBS TV, Rádio Gaúcha e clicRBS na noite de hoje
O último debate do primeiro turno entre os candidatos ao governo do Estado ocorre esta noite na RBS TV e será transmitido ao vivo, a partir das 22h, depois da novela Esperança.
A Rádio Gaúcha transmitirá o encontro simultaneamente e o clicRBS também vai disponibilizá-lo em tempo real na Internet. Após a exibição do programa, estarão disponíveis no site os arquivos de vídeo.
No debate, que será mediado pelo jornalista Lasier Martins, os participantes farão perguntas aos adversários e serão por eles questionados em duas rodadas de tema livre e outras duas de temática determinada. A definição sobre quem fará perguntas para quem ocorrerá por sorteio, na primeira vez.
Britto vai voltar à área da Ford
O candidato do PPS decidiu encerrar a campanha com um ato no local da montadora em Guaíba
Um grande ato na área onde seria construída a montadora da Ford, em Guaíba, deverá marcar o encerramento da campanha de Antônio Britto (PPS) ao governo do Estado.
Exatos quatro meses depois de dar a largada de sua campanha no terreno destinado à fábrica, o ex-governador pretende repetir a cena, cercado por apoiadores e candidatos da coligação O Rio Grande em 1º Lugar.
O roteiro foi escolhido a dedo pelo próprio Britto para marcar o final da campanha ao primeiro turno. A exemplo do que foi feito no dia 14 de maio, o candidato vai aproveitar a ida a Guaíba para reforçar as críticas à gestão de Olívio Dutra e ao PT e relembrar o esforço de seu governo para trazer a montadora. Em abril, Britto chegou a chorar diante do terreno vazio.
A perda da Ford dominou boa parte dos discursos da campanha de Britto. O roteiro de amanhã terá uma carreata em Guaíba e culminará com o que os assessores de Britto chamam de “ato de solidariedade ao povo de Guaíba”.
Serra busca votos dos gaúchos
Em visita a quatro municípios gaúchos, candidato do PSDB atacou governos petistas, reiterou a meta de criar 8 milhões de empregos, se eleito, fez discursos e caminhadas em que destacou compromissos com a revitalização da metade sul do Estado e se disse convicto de que irá chegar ao segundo turno da eleição
O candidato à Presidência José Serra (PSDB) deu início a sua última visita ao Estado antes do pleito fazendo críticas ao PT gaúcho. O tucano chegou a Porto Alegre na madrugada de ontem e visitou Pelotas, Rio Grande e Santa Maria. Reforçando a convicção de que chegará ao segundo turno, Serra afirmou que pretende intensificar o trabalho nos Estados e ao lado de aliados locais, mesmo que de outros partidos.
– Temos um apoio grande aqui. Precisamos evitar que o Brasil tenha um governo como o do Rio Grande – disse.
Serra disse ter acompanhado com apreensão o que ocorreu no Rio, na segunda-feira, quando parte do comércio foi fechada por determinação de traficantes:
– O PT é especialista em transferir responsabilidades, e Garotinho apenas tenta impressionar com números.
Ainda em Porto Alegre, Serra e a candidata a vice, Rita Camata (PMDB), se encontraram com o candidato do PPB ao governo do Estado, Celso Bernardi, que à noite fez comício em Caxias do Sul.
Pelotas
Diante de centenas de pessoas no CTG Thomas Luís Osório, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez um discurso voltado à produção primária e à antigas reivindicações da região. O tucano prometeu fortalecer as exportações de carne, ampliar a securitização agrícola e acelerar a duplicação das BRs 392 e 116, nos trechos entre Porto Alegre e Rio Grande.
– O Brasil precisa ajudar o Rio Grande a voltar para onde nunca deveria ter saído, do centro de decisões políticas e econômicas do país – afirmou.
Serra e a candidata a vice, Rita Camata (PMDB), chegaram a Pelotas às 13h. O roteiro foi acompanhado pelo candidato do PMDB ao governo do Estado, Germano Rigotto, que participou de reunião na Associação de Prefeitos da Zona Sul. O candidato participou de uma carreata que durou 50 minutos e 20 quilômetros, encerrada no CTG. Serra não comeu o carreteiro com feijão e pouco sorriu no palanque. Em seu discurso, elogiou políticos gaúchos, atacou o PT e reiterou promessas de campanha, como a criação de 8 milhões de empregos.
– Só aqui em Pelotas, há 50 mil desempregados – exemplificou.
Ao ser questionado sobre os ataques ao candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, encerrou a entrevista:
– Eu acho que vocês não têm interesse sobre o Rio Grande. De tititi, acho que já ficou na medida – justificou.
Durante a visita, Serra defendeu projetos como o prolongamento da duplicação da BR-101 e a implantação de um pólo tecnológico.
Rio Grande
A diversificação do porto marítimo gaúcho, que passa por uma mudança no zoneamento portuário, foi defendida ontem pelo candidato José Serra (PSDB).
No Terminal de Contêineres (Tecon) de Rio Grande, Serra disse que o desenvolvimento da economia gaúcha está comprometido por ações do governo estadual, que impedem a ampliação da competitividade no porto.
– Não haverá um superporto sem diversificação – declarou.
Acompanhado do candidato ao governo do Estado Germano Rigotto (PMDB), Serra chegou a Rio Grande, às 16h25min, com quase duas horas de atraso. Depois, participou de uma caminhada no calçadão da Rua General Bacelar. Serra distribuiu autógrafos, mas não falou ao público. O percurso durou menos de 10 minutos. Apesar de não ter permanecido nem uma hora na cidade, Serra enfatizou que tem um compromisso com a metade sul do Estado.
– A Metade Sul foi historicamente discriminada. É preciso valorizar suas potencialidades – disse.
Candidatos preparam debate no Rio
Os candidatos ao governo do Estado do Rio estão se preparando para o debate de hoje à noite na TV Globo certos de que pode estar em jogo a existência de um segundo turno.
Todos cancelaram atividades na segunda-feira para se concentrarem.
Depois de ter admitido que foi mal nos dois debates anteriores, o candidato do PDT, Jorge Roberto Silveira, chegou a fazer sessões de fonoaudiologia para se expressar melhor e assumiu a responsabilidade de escrever seus textos.
A governadora Benedita da Silva (PT) começou a se preparar ontem para o debate. Ela levantou dados e números do governo e ensaiou perguntas e respostas. Na liderança das pesquisas, a candidata do PSB, Rosinha Matheus, cancelou a agenda de ontem para ficar em casa. A candidata do PFL, Solange Amaral, se trancou ontem com assessores para se preparar para o debate.
Bernardi se considera em vantagem
Em campanha em Caxias do Sul, o candidato do PPB, Celso Bernardi, disse ontem que se considera privilegiado por não precisar dar explicações sobre a sua vida política ou ações praticadas quando ocupou cargos no Poder Executivo.
– Ao contrário de outros candidatos, que ocupam seu tempo explicando coisas do passado, explorados até mesmo no horário eleitoral de rádio e televisão, tenho dedicado minha atenção a eleitores apresentando propostas e dizendo o que farei e como farei – discursou.
À noite, acompanhado de sua vice, a caxiense Denise Kempf, e do candidato a senador, Hugo Mardini, Celso Bernardi participou de um comício na Praça Dante Alighieri.
Confirmada a candidatura de Marchezan Jr.
O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Estado confirmou ontem a legalidade da candidatura de Nelson Marchezan Júnior à Câmara dos Deputados pelo PSDB. Segundo nota expedida pela assessoria do deputado, o tribunal garantiu ao candidato “ser votado e ter todos os v otos computados em seu nome”.
– Qualquer informação contrária é de má-fé e parte daqueles que têm medo de perder na urna – declarou Marchesan.
Segundo nota expedida ontem pelo TRE, o candidato “permanece apto ao pleito”. Marchezan Júnior é acusado de ter se candidatado à Câmara Federal fora do prazo legal no Tribunal Eleitoral.
Brizola recua e afirma apoio a Ciro
Presidente nacional do PDT tinha intenção de apoiar candidato Lula ainda no primeiro turno
O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, recuou da decisão de apoiar o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ainda no primeiro turno e reafirma amanhã seu apoio à candidatura de Ciro Gomes (PPS). A posição é do membro do diretório nacional do partido e candidato ao Senado Carlos Lupi (PDT-RJ), homem de confiança do ex-governador do Rio.
– Vamos com Ciro até o fim. Amanhã, às 11h, o Brizola vai reafirmar o seu apoio – disse.
No sábado, Brizola disse esperar que o PT o procurasse para discutir o apoio a Lula ainda no primeiro turno.
– Eu pessoalmente gostaria de dar um impulsozinho a ele (Lula) – afirmara Brizola, ressalvando que o apoio dependeria da decisão de Ciro retirar sua candidatura.
No dia anterior, em Santo Antônio do Sudoeste, no Paraná, Brizola já havia dito:
– Num segundo turno entre Serra e Lula, fico com o sapo barbudo. Mas se sentir que dá para ele ganhar no primeiro, vou orientar para que o PDT vote nele agora.
Segundo Lupi, o presidente do PDT vinha conversando com o candidato do PPS sobre a possibilidade da renúncia.
– O que o Brizola falou (o apoio a Lula) era só se o Ciro acatasse (a sugestão de retirar sua candidatura) – disse.
Brizola chegou a dizer que esperava que o presidente do PT, José Dirceu, ou Lula o procurassem para discutir o assunto. O que não teria ocorrido, segundo o próprio Dirceu e integrantes do PDT.
O fato de o presidente do PT supostamente não ter procurado Brizola teria contribuído para a sua decisão. Ontem no Rio, Dirceu afirmou que não poderia “desrespeitar a candidatura Ciro Gomes” e que preferia “esperar o segundo turno para ver o que vai acontecer”.
Procurado pela reportagem, o presidente do PPS, senador Roberto Freire, definiu o aceno de Brizola ao PT como um “movimento apenas exploratório”.
– Se ele reafirma o apoio a Ciro e trabalha pela candidatura, tudo bem – disse.
Apesar da mudança de posição de Brizola, apoiar Ciro hoje no PDT não é a vontade majoritária das bases, afirmaram à Folha de S.Paulo lideranças do partido.
Segundo o deputado Vivaldo Barbosa (PDT-RJ), a tendência dominante no partido é de apoio a Lula. Boa parte da militância em vários Estados já está fazendo campanha para o petista, disse outro deputado federal do PDT. Uma importante dissidência seria a de Álvaro Dias, candidato ao governo do Paraná.
Vieira da Cunha protesta
Em carta enviada ao presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, o deputado Vieira da Cunha se disse “apreensivo” com as notícias de apoio ao PT. Considerou “desastrosa” a aproximação, com o argumento de que o apoio a Antônio Britto firmou no Estado uma postura partidária de oposição ao Partido dos Trabalhadores e de conciliação com o projeto de Ciro Gomes.
– Mudar na semana da eleição só nos criará mais problemas e deixará a nossa base completamente desnorteada.
Apenas em caso de segundo turno, Vieira admite uma discutir a questão:
– É outra eleição (...) deliberaremos o assunto oportunamente.
Hoje, porém, o deputado só vê solução em manter o apoio a Ciro, mesmo que, no âmbito estadual, discorde dos rumos tomados. Vieira também condenou a hipótese da renúncia da candidatura de Ciro Gomes, por considerar que um candidato do partido teria “rigorosamente a mesma posição”.
Eleição desperta interesse na Europa
Os jornais europeus começam a antecipar uma eventual vitória da oposição nas eleições, aumentando o interesse da imprensa européia sobre o acontecimento. As embaixadas brasileiras de Roma, Londres, Berlim e Paris têm sido procuradas por representantes de jornais, revistas e emissoras de televisão da Europa, reforçando seus esquemas de cobertura especial do pleito e solicitando entrevistas dos principais dirigentes governamentais e candidatos.
Ontem, um jornalista francês explicava que desde a eleição de Lech Walesa, na Polônia, um candidato de origem operária, não reúne tantas condições de chegar à Presidência. O jornalista lembrou que não se trata apenas da possibilidade de vitória do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e o que ele pode representar por não integrar a tradicional elite dirigente, seja intelectual, econômica ou militar, de onde tradicionalmente tem saído a maior parte dos presidentes. Mas também das conseqüências da conquista do poder pelo PT num momento de crise econômica interna.
Tarso conclama os militantes
Candidato da Frente Popular pede uma rede de convencimento para o final da campanha
Com três comícios realizados ontem em São Lourenço do Sul, Rio Grande e Pelotas, o candidato da Frente Popular, Tarso Genro, encaminhou o final da campanha para o primeiro turno no interior do Estado.
A exemplo do que ocorreu no grande comício de segunda-feira à noite em Porto Alegre, Tarso Genro conclamou ontem os militantes do Litoral Sul a formar uma grande rede de convencimento até domingo, visitando residências e exercendo o corpo-a-corpo com dois objetivos: mostrar a diferença entre o projeto da Frente Popular e o “projeto neoliberal”, como classifica a proposta dos demais candidatos, e assegurar a vitória de Lula já no primeiro turno no pleito presidencial.
Ontem à noite, em Rio Grande, milhares de pessoas lotaram o Largo Dr. Pio, no Centro, para ouvir o candidato, que cumpriu roteiro na Zona Sul, acompanhado do prefeito de Pelotas, Fernando Marroni (PT).
Depois, em Pelotas, foi recebido por uma multidão no centro da cidade e declarou que prefere enfrentar Germano Rigotto no segundo turno. Disse também que uma vitória de Lula no primeiro turno vai impulsionar a sua candidatura. Animado pela mobilização que tem visto nas ruas, o candidato afirmou que o partido acredita em uma possível vitória no primeiro turno ou uma grande votação que o fará chegar com muita força ao segundo.
Para Tarso, o resultado das pesquisas são reflexo do sentimento de mudança que tem sido visto em todo o país, com o crescimento da candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
– No Rio Grande do Sul, nosso favoritismo representa a aprovação do projeto de governo. Nos próximos quatro anos, poderemos aprimorar o que já vem sendo feito – declarou.
Em razão do atraso de mais de duas horas para o início do comício, o governador Olívio Dutra, que chegou a Rio Grande no final da tarde para inaugurar o terminal automotivo do Porto Novo, deu mais uma vez sua versão sobre como ocorreu a transferência da fábrica da Ford para a Bahia.
Garotinho ironiza Lula em caminhada no Recife
Foi uma maratona a oitava incursão a Pernambuco feita na terça-feira pelo candidato à Presidência do PSB, Anthony Garotinho, neste período de campanha eleitoral.
Aagenda incluiu cinco municípios da Região Metropolitana do Recife e, em cada visita, o candidato aproveitou para alfinetar seus adversários.
Os disparos tiveram como alvos o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, que lidera as pesquisas de intenções de voto, e o candidato da coligação PSDB-PMDB, José Serra, que disputa de forma mais acirrada com o ex-governador do Rio uma vaga para um eventual segundo turno.
A programação pernambucana, que começou com quase uma hora e meia de atraso e se estendeu sob um calor e scaldante ao longo do dia, teve início com uma caminhada e comício-relâmpago em Abreu e Lima. No palanque dessa cidade, Garotinho proferiu seu primeiro golpe contra o petista por meio de um bordão que mais tarde se repetiu em outro pronunciamento.
– Agora não é mais Lula lá, é Lulinha ley, o Lula do Sarney – ironizou ele quanto ao apoio público do ex-presidente José Sarney à candidatura do petista.
O compromisso subseqüente foi uma caminhada de cerca de 1,5 quilômetro por uma das principais avenidas de Prazeres, um distrito popular em Jaboatão dos Guararapes. Após cumprimentar a maioria de camelôs que estavam no local e beijar todas as moças e crianças possíveis no trajeto, Garotinho subiu em um carro de som para falar. Dessa vez, com um copo de caldo-de-cana na mão — providenciado gratuitamente por um comerciante local -, o presidenciável do PSB deferiu um golpe duplo contra o governo.
– Se você quer que o aposentado continue sendo chamado de vagabundo, vote no Serra – proclamou em alusão a um comentário feito no passado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
E acrescentou aos brados:
– O Lula se juntou com Sarney, Ciro (Gomes, do PPS) se juntou com (o ex-presidente Fernando) Collor e Garotinho se juntou com o povo.
O evento seguinte foi uma reunião com líderes evangélicos na Academia Cristã de Boa Viagem, localizada no Recife.
Lula tem 43% no Ibope
Com 48% dos votos válidos, candidato do PT estaria a dois pontos de se eleger no primeiro turno
A mais recente pesquisa do Ibope sobre sucessão presidencial indica que o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está a dois pontos de vencer a eleição no primeiro turno.
Lula tem 43% das intenções de voto, o que equivale a 48% dos votos válidos.
O Ibope mostrou estabilidade nos números em relação à pesquisa anterior. Todas as variações estão dentro da margem de erro, que é de 1,8 ponto percentual. José Serra tem 19%, Anthony Garotinho (PSB), 16%, e Ciro Gomes (PPS), 11%. José Maria de Almeida (PSTU) tem 1%. O Ibope considera Serra e Garotinho tecnicamente empatados no limite da margem de erro.
Nas simulações de segundo turno, Lula vence todos os possíveis adversários. No confronto com Serra, Lula teria 55% e o tucano, 35%. Com Garotinho, a situação seria idêntica: 54% a 35%.
A pesquisa revela uma queda no número de indecisos, que passou de 10% para 7%, assim como no de votos em branco e nulos (4% para 3%). Também cresceu entre os eleitores a impressão de que o petista será o próximo presidente: 61% acreditam que Lula vencerá as eleições, três pontos a mais do que na semana passada.
O índice de rejeição de todos os candidatos subiu um ponto em relação à semana passada. O mais rejeitado continua a ser Serra: 30% dos entrevistados disseram que não votariam nele de jeito nenhum. Lula e Ciro estão empatados em segundo lugar, com 26%. Garotinho é o menos rejeitado, com um índice de 22%.
O Ibope entrevistou 3 mil eleitores, em 203 municípios, entre os dias 28 e 30 de setembro.
Lula se reúne com empresários a portas fechadas
Cerca de 60 empreendedores de quatro Estados ouviram o candidato por duas horas no Hotel Sheraton, em Porto Alegre
Um grupo de cerca de 60 empresários de quatro Estados – Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e São Paulo – reuniu-se a portas fechadas durante duas horas com o candidato presidencial do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, na manhã de ontem, no Hotel Sheraton, na Capital.
Entre os presentes, estavam apoiadores do candidato do PSDB, José Serra, como o presidente do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, e o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), Luiz Roberto Ponte. O presidente do Banco Itaú, Roberto Setúbal, viajou de São Paulo a Porto Alegre para a reunião, a última de Lula com o empresariado antes da eleição. Ao avaliar as propostas de governo do candidato, a maioria dos convidados foi cautelosa.
No encontro, o maior já realizado entre líderes do PT e empresários no Estado, Lula repetiu durante cerca de duas horas as teses básicas de sua campanha, como a disposição de diálogo com todos os setores da sociedade e a determinação de estimular o crescimento econômico, o crédito e as exportações. Participaram do encontro, organizado pela Young President’s Organization (YPO) – entidade internacional que reúne empresários com menos de 44 anos – o vice-governador Miguel Rossetto, o candidato a vice-presidente, José Alencar (PL), e a candidata ao Senado pelo PT Emília Fernandes.
Bem-humorado, Lula abriu a reunião dizendo que Tarso é o melhor candidato ao governo, e brincou com Ponte:
– Tarso é o melhor candidato. Inclusive o Ponte sabe disso, embora não vá reconhecer.
O debate girou em torno de temas econômicos. Lula prometeu, caso seja eleito, reduzir a taxa de juro e aumentar a poupança interna. Afirmou que pretende liberar a criação de cooperativas de crédito. O aval dado à política do governo gaúcho no episódio que culminou com a transferência da montadora Ford para a Bahia, em 1999, propiciou o único momento de relativa tensão.
– Temos de ter a capacidade de atrair grandes empresas, de todas as partes do mundo. Mas, se tiver dinheiro sobrando, prefiro dá-lo a empresas nacionais do que estrangeiras – disse o petista.
Os empresários mantiveram uma postura pragmática, tratando Lula como possível presidente eleito.
– Ele falou o que todo brasileiro queria ouvir neste momento. Agora, se vai cumprir o que está falando, é outra história – disse Malcon.
Tarso avaliou a reunião como “de alto nível”:
– Os empresários têm o dever de se aproximar das posições vitoriosas, porque têm de procurar influenciar, de acordo com sua visão, o governo que vai se instalar.
Dirigentes da Fiesp articulam apoio a petista
O apoio de empresários ao PT foi reforçado ontem com a decisão de um grupo de dirigentes na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) de lançar um movimento para conquistar adesões de pesos-pesados da indústria à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
O motivo é a perda de capital das empresas com a alta do dólar. Com a escolha do novo presidente ainda no primeiro turno, avaliam esses empresários, o mercado se acalmaria e o país caminharia para um pacto.
Vice-presidente da Fiesp, Mário Bernardini deixou de apoiar Serra para se tornar um dos líderes do movimento lançado ontem, em almoço num restaurante dos Jardins, bairro nobre da capital paulista. A seu lado, estava o vice da Fiesp e também presidente da Associação Brasileira das Indústrias Têxteis (Abit), Paulo Skaf.
– Para que ficar esperando pelo segundo turno? Para dar mais lucros para os especuladores? – pergunta Skaf.
Lula encerrou sua campanha ontem com uma caminhada pelo centro de São Bernardo do Campo, na região do ABC Paulista.
Meu primeiro dia como governador
Embora admita que pretende fazer alterações na área da segurança pública, uma das mais criticadas do atual governo, o candidato Tarso Genro (PT) prefere não detalhar seus planos. Limita-se a anunciar que desmembrará a Secretaria da Justiça e da Segurança.
– As ações para esta área eu só vou trabalhar depois de eleito. Adiantar qualquer tipo de ação num momento como esse seria um desrespeito ao governo atual que está fazendo um bom trabalho nesta área e que vai nos permitir dar uma grande ofensiva na próxima administração.
Antônio Britto
Seja nos discursos sobre os palanques ou num comercial gravado para a TV, o candidato Antônio Britto (PPS) tem anunciado nos últimos dias as quatro ações que pretende implementar no dia 1º de janeiro. Tem dito em suas aparições públicas que devolverá à Brigad a Militar e à Polícia Civil o comando das corporações, numa crítica clara à atual administração, que acusa de ter partidarizado as duas instituições. O ato que simbolizará a ação de Britto será a determinação de que o comando da BM volte para o QG da Rua dos Andradas, onde já esteve durante protesto contra a administração de Olívio Dutra.
Tarso Genro
Embora admita que pretende fazer alterações na área da segurança pública, uma das mais criticadas do atual governo, o candidato Tarso Genro (PT) prefere não detalhar seus planos. Limita-se a anunciar que desmembrará a Secretaria da Justiça e da Segurança.
– As ações para esta área eu só vou trabalhar depois de eleito. Adiantar qualquer tipo de ação num momento como esse seria um desrespeito ao governo atual que está fazendo um bom trabalho nesta área e que vai nos permitir dar uma grande ofensiva na próxima administração.
Germano Rigotto
Tomar posse e reunir a equipe de governo para discutir o trabalho que realizará são as prioridades de Germano Rigotto (PMDB), que se recusa a anunciar medidas bombásticas para o primeiro dia de trabalho como governador. Responsabilidade é a palavra usada pelo candidato para definir sua linha de trabalho que, segundo ele, estará totalmente embasada no aumento dos investimentos em segurança, saúde e educação, conforme prevê seu programa de governo.
– No primeiro dia daremos início a um trabalho que vai durar quatro anos – resume.
Celso Bernardi
Além de ter como prioridade o desenvolvimento do Estado, Celso Bernardi (PPB) promete começar a reduzir os gastos com a máquina pública já no primeiro dia. Entre as medidas que pretende determinar se for o escolhido nas urnas está o corte de 10% das despesas de custeio do governo e a redução de 25% dos cargos em comissão (CCs). O candidato faz questão de esclarecer, no entanto, que cortar CCs não significa demitir servidores, mas sim destinar os cargos de chefia aos funcionários de carreira do Estado.
– Quero valorizar o servidor público – explica.
O sonho de governar com pouco dinheiro
As finanças públicas são o tema da sexta reportagem da série com os desafios para o próximo governador. Só em despesas de pessoal e do serviço da dívida com a União, o Rio Grande do Sul gastou 89,6% da receita corrente líquida em 2001. Sobra pouco para investimento e ousadia.
As contas públicas sucumbem no pântano de números que marca o embate político dos últimos anos no Estado. Enquanto o governo prefere trabalhar com o conceito de resultado primário – termômetro de eficiência administrativa na execução do orçamento, utilizado inclusive pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como indicador de austeridade –, a oposição opta por analisar o resultado orçamentário, que é inflado pelo peso da dívida. Em 2001, o déficit primário atingiu os R$ 96 milhões. O orçamentário foi de R$ 555 milhões.
– O déficit primário próximo de zero significa que receita e despesa começam a ficar equilibradas. O orçamento de 2003 já será apresentado com déficit zero – comemora Arno Augustin, secretário da Fazenda.
O Sindicato dos Auditores de Finanças (Sindaf) rebate o otimismo. Para encorpar as críticas, trabalha com o conceito de saldo financeiro ajustado, que, na linguagem quase cifrada dos orçamentos, incorporaria as dívidas potenciais. Segundo o Sindaf, este número teria sido de R$ 3 bilhões negativos no ano passado e alcançaria os R$ 4,2 bilhões em 2002.
– O atual governo praticou uma política ortodoxa e depois recorreu ao populismo fiscal. A herança será o não-pagamento da folha no início do próximo governo – diz Roberto Calazans, diretor do Sindaf.
O quadro franciscano determinou um aperto na administração do caixa. No últimos três anos e meio, os salários do funcionalismo perderam a corrida para a inflação. O maior aumento, de 47,01%, foi derrotado pelo IGP-DI de 54,48% até julho de 2002. Outra conseqüência foi o atraso no repasse de verbas aos municípios, estimado em R$ 120 milhões pela Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs). Como contrapeso, o governo usa o trunfo de não ter atrasado salários.
– A manutenção rigorosa dos pagamentos deve ser comemorada – reconhece Flávio Dall’Agnol, presidente da Federação dos Sindicatos de Servidores Públicos do Rio Grande do Sul (Fessergs).
Temas como o uso do caixa único – a superconta usada desde 1991 para administrar o dinheiro do Estado – tornaram-se salientes. Conforme o deputado estadual Berfran Rosado (PPS), os saques impróprios de recursos do caixa único somariam R$ 1,6 bilhão, e o saldo atual estaria em R$ 11 milhões. A Secretaria da Fazenda desdenha do cálculo: considera a conta integrada apenas uma ferramenta administrativa e diz que as reposições são diárias.
Acordo da dívida e ICMS podem aliviar o caixa
A renegociação da dívida com a União foi incorporada ao discurso dos candidatos como alternativa para aliviar o caixa. Um percentual próximo de 13% da receita corrente líquida está engessado com o pagamento da dívida. Em 2001, consumiu R$ 968 milhões.
O atual governo renegociou o acordo e gerou uma economia de R$ 791,7 milhões nos três primeiros anos de gestão. Outra saída é ampliar a aposta no crescimento da receita com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
– Entregaremos o governo com menos dívida do que ao assumir, por não termos nos endividado e começarmos a pagar pelo contrato – aponta o secretário da Fazenda, Arno Augustin.
Incrementar a arrecadação do ICMS é uma possível válvula de escape, mesmo diante de indefinições quanto à reforma tributária e ao ritmo do crescimento da economia a partir de 2003.
Entre 1998 e 2001, a receita com o tributo cresceu R$ 2,47 bilhões. Combustíveis, energia elétrica e telefonia – áreas que não dependem da ação direta do Palácio Piratini – responderam por 60% do acréscimo.
Segundo o economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Fábio Giambiagi, a receita com o ICMS subiu de 6,7% do Produto Interno Bruto (PIB) em 1998 para 8% em 2001.
– Os Estados estão recebendo mais e têm que se adaptar às novas restrições. É preciso desmistificar um pouco a idéia de que são coitadinhos que passam o pires em Brasília – propõe.
Ninguém quer os votos de Cafundó
– Como é que se chama este lugar?
– É Cafundó, moço – diz com firmeza Agostinho Simoneti, 55 anos.
– Algum candidato veio aqui fazer campanha para a eleição?
– Não veio ninguém – responde Simoneti.
Distante 80 quilômetros de Santa Maria, a localidade de Cafundó pertence ao município de Ivorá e abriga 17 famílias que vivem em pequenas propriedades de no máximo 30 hectares, plantando fumo, milho, feijão e batata. No total, não passa de 68 habitantes, segundo cálculos de técnicos da Emater que dão suporte aos agricultores. Eleições, só pela TV e no rádio.
– A gente tem parabólica e olhamos os programas na TV para ficar sabendo dos candidatos – explica Simoneti.
O agricultor diz que já tem 90% dos votos definidos e explica que esteve visitando, “por vontade própria” um comitê em Ivorá e trouxe de lá a relação com os números de seus preferidos.
A mãe de Simoneti, Emília, viúva, 81 anos, não sabe se vai votar.
– Eu sou meio tonta – justifica, com forte sotaque italiano.
Porém, sobre os problemas que a comunidade enfrenta e que ela gostaria que fossem atenuados pelos políticos, Emília é enfática:
– Eu quero mais justiça para os ladrões.
Tanto dona Emília como o seu filho concordam que um dos motivos do aumento da violência é a impossibilidade de ampli ar a área de plantio e a conseqüente falta de serviço para os diaristas.
– O pessoal também recebe muita ajuda do governo e acaba ficando sem vontade de trabalhar – conta Simoneti.
Ainda sem saber em quem vai votar no dia 6 de outubro, Vera Quatrin Dalmolim, 38 anos, mãe de Marinara, oito anos, e Mariano, quatro anos, assiste aos programas eleitorais quando dá tempo, em meio às tarefas domésticas. Vera nasceu e se criou em Cafundó.
– A gente precisava de água tratada, meus filhos estão sempre com vermes – diz ela, acrescentando que “aqui nunca veio ninguém pedir voto”.
Sobre os candidatos, Vera explica que vai se definir na hora. E indagada sobre quem decide o voto da família, ela pensa um pouco e responde sorrindo, envergonhada:
– Cada um vota no seu.
As estacas que servem de base para a casa de madeira que está construindo para o filho já estão colocadas, demarcando o local, a poucos metros da casa onde há 40 anos Teodoro Sales reside. Enquanto trabalha, a esposa, Rosa de Fátima Sales, segura a neta Larissa, um ano, na janela.
- Eu tenho um palpite, mas vou decidir em quem eu voto só na hora – explica Sales, pegando o grosso palheiro que carrega na orelha.
– Eu escuto os programas no rádio, porque a TV queimou. Acho muito importante votar – observa o agricultor que planta feijão e milho para a subsistência da família.
Para ele, os piores problemas da comunidade são a impossibilidade de aumentar a área de cultivo e os roubos:
- Não é fácil. O pessoal tem pouco serviço. A gente fica com medo. Tem os cachorros para dar o alarme, mas os ladrões estão cada vez mais ousados.
PT ganha oito minutos de direito de resposta em programa de Serra
Lula irá responder a afirmações que foram consideradas ofensivas a ele e à sigla
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu ao candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, oito minutos e seis segundos de direito de resposta no programa do candidato do PSDB a presidente, José Serra, no horário eleitoral gratuito. Lula ganhou o tempo para responder a afirmações consideradas ofensivas a ele e ao PT. A resposta poderá ser dada na quinta-feira, em duas etapas, a primeira delas no programa da tarde de Serra. Além disso, o PT obteve um minuto na Rádio CBN para responder às críticas de um colunista.
Decisão deixa marqueteiros indignados
A coordenação de marketing e propaganda do tucano José Serra está indignada com a decisão do TSE que concedeu direito de resposta a Luiz Inácio Lula da Silva, ao PT e ao presidente nacional da sigla, José Dirceu, nos dois últimos programas no horário de propaganda eleitoral na TV.
Inconformados com a decisão, eles aconselharam os advogados do PSDB a recorrer quando for possível para tentar evitar o prejuízo.
Uma das teses avaliadas era a de tentar empurrar o direito de resposta do PT para a sexta-feira, após o fim do período de propaganda eleitoral na televisão. Mas, se os advogados não conseguirem impedir que o programa do PSDB seja punido com o direito de resposta, a avaliação que fazem é de que pelo menos o programa da noite de amanhã foi preservado em sua quase totalidade.
– O programa da tarde ficará prejudicado, mas com o tempo que teremos à noite vai ser possível dar o nosso recado – disse o coordenador de Comunicação, João Roberto Vieira da Costa.
Na quinta-feira, o programa de Serra à tarde será de apenas 4min50seg, e o da noite, de 7min50seg. Mesmo com a punição, o candidato do PSDB ainda terá um programa maior do que o de seus adversários no horário nobre. Serra passará parte do dia de hoje em São Paulo fazendo gravações para os dois últimos programas. Aliados do tucano dizem que eles deverão ter um forte conteúdo emocional.
Evangélicos orientam votos dos fiéis
Pastores e bispos não escondem preferência por candidatos e utilizam templos e cultos em campanha eleitoral
Dados do Censo de 2000, divulgados em maio, apontaram um crescimento de 9% para 15,4% no número de evangélicos no país.
No Estado, o total de fiéis já se aproxima dos 600 mil e, embora os crentes insistam em desvincular a Igreja da política, suas ligações com siglas como o PL, o PTB e o PSB, de Anthony Garotinho, são de conhecimento público.
Entre os seguidores gaúchos da Assembléia de Deus, o apoio formal à candidatura de Garotinho à Presidência da República é comentado sem ressalvas. Segundo o pastor João Ferreira Filho, presidente da Convenção das Assembléias de Deus do Rio Grande do Sul, a defesa da candidatura do ex-governador do Rio foi confirmada pela instância máxima da igreja, a Convenção Geral das Assembléias de Deus. Ele garante, no entanto, que nenhum tipo de “pressão ou orientação direta aos seguidores” tem sido feita durante os cultos:
– Deixamos claro que cada crente é livre para optar por um candidato.
Os representantes gaúchos da Igreja Universal do Reino de Deus também admitem que o apoio a Garotinho e aos candidatos evangélicos no Estado é assunto amplamente divulgado entre os fiéis. O vereador Valdir Caetano (PL), que tenta uma vaga no Senado e é pastor da Igreja há seis anos, afirma que espera votos dos fiéis:
– O carnavalesco vai buscar votos com os carnavalescos, os espíritas vão buscar votos com os espíritas. Sou evangélico.
Temas como a descriminalização do aborto e a regulamentação do casamento entre homossexuais são argumentos utilizados para condenar a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e louvar a de Garotinho, apesar de o vice de Lula, José Alencar, ser filiado ao PL de muitos candidatos proporcionais apoiados pelos evangélicos.
– É que não existe democracia. Alguém lá em cima decidiu pela aliança, e nós tivemos de engolir – afirma o bispo Marino Prudêncio Moreira, do Santuário Bom Jesus dos Milagres, estabelecido na Capital e mantido pela Igreja Evangélica Pentecostal Cristã.
Para o antropólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Ari Oro, que em 2000 desenvolveu estudos sobre a religião nas eleições da Capital, a entrada dos evangélicos na política está relacionada a tentativas de “purificar” a atividade, associada à corrupção:
– Eles se consideram uma espécie de reserva moral da sociedade. Essa é uma motivação simbólica, que não exime a prática de motivações corporativistas dessas igrejas.
Pentecostal distribui cola com nomes dos preferidos
Germano Rigotto (PMDB) para o governo do Estado e Anthony Garotinho (PSB) para a Presidência da República estão entre os nomes sugeridos ao eleitor no Santuário Bom Jesus dos Milagres, na Rua Garibaldi, em Porto Alegre. O templo é mantido pela Igreja Evangélica Pentecostal Cristã. Uma cola preenchida manualmente com os números dos candidatos é distribuída aos que freqüentam o local. O folheto, do deputado estadual Edemar Vargas (PTB), traz impresso o número de Sérgio Zambiasi (PTB), concorrente ao Senado, mas os caracteres foram riscados a caneta, e em seu lugar assinalados os de Hugo Mardini (PPB).
– O Mardini não é evangélico, mas é anti-PT – explica o bispo Marino Prudêncio Moreira.
Moreira demonstra sua preocupação com uma possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT):
– Ele é a favor do aborto e quer casar homem com homem.
Na Universal, faixas indicam o caminho
Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus, na Avenida Júlio de Castilhos, na Capital, demonstraram constrangimento ontem ao serem questionados sobre o apoio a candidatos evangélicos.
– Não é campanha política. É só uma oração por eles – disse o pastor Leandro, sob uma faixa afixada dentro do templo, pedindo preces para políticos do PL.
Na faixa, um provérbio bíblico adverte que “qua ndo se multiplicam os justos, o povo se alegra, porém, quando domina o perverso, o povo geme”. Ao lado do pastor, uma mulher distribuía folhetos de propaganda política. O templo tem capacidade para 4,5 mil pessoas sentadas. O pastor e vereador Valdir Caetano (PL), um dos chefes da igreja e candidato ao Senado, foi franco ao comentar o pedido de voto aos fiéis. Ele recebeu ontem mais 500 mil exemplares de um folheto em que aparece em dobradinha com Sérgio Zambiasi (PTB), também concorrente ao Senado.
– Não sei quem mandou imprimir – disse.
Depois, parafraseou um slogan dos adversários petistas Emília Fernandes e Paulo Paim:
– Quem vota no Zambiasi, vota no Caetano. Quem vota no Caetano, vota no Zambiasi.
O aval da Igrejal pode ser constatado ainda em outras sedes da instituição. Na Avenida Protásio Alves, além da faixa com o provérbio, um cavalete com cartazes de Caetano e de Paulo Gouvêa, candidato a deputado federal, foi colocado diante do templo.
FH rebate ataques ao governo
Em discurso inflamado, presidente critica promessas de candidatos
Não basta ter vontade política para resolver a crise, o cenário econômico brasileiro é dificil e não vai haver retomada do crescimento, a curto prazo, para permitir que um sucessor cumpra todas as promessas de campanha.
Com essa análise, o presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu-se ontem dos ataques que o governo vem sofrendo durante a campanha eleitoral, inclusive as críticas do candidato tucano, José Serra.
Fernando Henrique disse que o governo enfrentou grandes resistências para promover reformas estruturais e afirmou que não tem como baixar a taxa de juros enquanto o governo sistematicamente for ao mercado para pedir mais dinheiro emprestado. Conforme as declarações, o governo não tem como não ir ao mercado pedir dinheiro emprestado porque chegou ao máximo do que ele pode tributar. E por que não pôde fazer a reforma tributária.
Numa crítica às promessas dos candidatos da oposição à presidência, FH disse que “fazem parte desse voluntarismo” as propostas baseadas na crença de que basta reduzir os juros para resolver todos os problemas da economia. Ressaltando que não basta ter vontade, Fernando Henrique explicou que os juros não serão reduzidos enquanto o governo precisar buscar recursos no mercado.
– O voluntarismo é a explicação de quem não sabe nada. Tudo depende da vontade política. Meu Deus, haja paciência! Tendo vontade política se acaba com a fome, miséria e se distribui a renda? Essa é uma visão absolutamente tecnocrática do que é o processo de mudança: imaginar que se depende de decisões tomadas num gabinete, ainda que respaldada por milhões de votos. Se fosse assim, seria muito fácil – disse FH ao discursar na cerimônia do 38º aniversário do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Apesar de suas críticas serem direcionados aos candidatos da oposição, o próprio candidato da Grande Aliança (PSDB-PMDB), José Serra, tem falado na necessidade da redução da taxa básica de juros como forma de reaquecer a produção. Os candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, do PSB, Anthony Garotinho, e da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, também têm insistido em tratar da questão.
– É tão bonito ver na televisão, com tanta lógica, tanta bobagem! Basta baixar os juros que resolve tudo: aumenta a produção, barateia o produto, acabou a inflação. Como se fosse possível baixar os juros assim – reagiu FH sem citar nomes.
No discurso, o presidente ainda assumiu que a previdência pública é um dos principais problemas do governo, que só contribui para aumentar a dívida pública. Para ele, ninguém fala nisso porque é “antipático”. Nesse momento, Fernando Henrique ressaltou que “vontade política não é lei”.
FH lembrou que, se bastasse a vontade política, o Congresso não deveria ter reduzido os poderes do Presidente da República para editar medidas provisórias (MPs). Irônico, acrescentou que, se fosse esse o caso, deveriam ter mantido o decreto-lei, ato da época do regime militar.
Durante o discurso FH ainda rebateu as acusações de que não se empenhou, durante sua gestão, para implantar a reforma tributária, se preocupando apenas com a sua reeleição.
Sindicância na Câmara de Erechim pode levar a CPI
A Câmara de Vereadores de Erechim decide na próxima segunda-feira sobre a possível instalação de uma CPI para investigar irregularidades no Legislativo.
A medida foi sugerida por uma sindicância interna concluída ontem, depois de dois meses de investigações.
A sindicância foi instaurada por ordem do presidente da Câmara, João Brisotto, depois que o Tribunal de Contas do Estado apontou o desaparecimento da pasta contábil de dezembro de 2001. O trabalho foi presidido pelo assessor do Legislativo, Leri Lonzetti, e a comissão ouviu depoimentos de funcionários da área contábil e administrativa. Em julho, Brisotto anunciou para a imprensa que dois funcionários teriam confessado a autoria das irregularidades e, por isso, tinham sido afastados dos cargos.
O Ministério Público e o Tribunal de Contas, entretanto, resolveram estender as investigações, analisando todos os documentos contábeis dos últimos quatro anos. Nos depoimentos, os afastados confessaram a participação nos crimes de desvio de verbas, mas disseram que teriam feito a mando dos vereadores. Um dos funcionários acusados disse ter sido pressionado pela presidência do Legislativo a assumir sozinho a culpa. As investigações já resultaram no ajuizamento de cinco ações criminais e cinco civis, de improbidade administrativa e na prisão preventiva do vereador Aldérico Miola (PMDB) e decretação da prisão de Brisotto, que está foragido.
O clima tenso tomou conta das reuniões na Câmara. Na sessão de segunda-feira, os vereadores elaboraram uma nota oficial que está sendo divulgada nos órgãos de imprensa para esclarecer a população.
– Queremos a punição dos que feriram a imagem e seriedade do Legislativo – disse o atual presidente, Rafael Testa (PFL).
Gêmeos
Paulo Afonso Feijó, presidente da Federasul, não compareceu ao café da manhã de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os empresários gaúchos, ontem, no Sheraton Hotel, em Porto Alegre.
Por alguns momentos, no entanto, um grupo de jornalistas pensou que sim. O irmão gêmeo de Paulo Afonso, Luiz Flaviano, foi cercado por repórteres, que pensavam ser ele o presidente da Federasul e um dos maiores críticos do PT.
Após dar sua opinião sobre Lula, Flaviano foi logo avisando:
– Mas eu não sou o Paulo, sou o irmão dele.
Caríssimo telespectador: quem viu viu, quem não viu não vê mais. Está chegando ao fim a propaganda política na TV. Hoje é o último dia para inserções de candidatos a governador, senador e deputado estadual no horário eleitoral gratuito. Amanhã, despedem-se os candidatos a presidente e deputado federal. Em caso de segundo turno, a propaganda pode retornar na semana que vem, estendendo-se até o dia 25.
Desculpas
O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), disse ontem que pediu “desculpas” a Fernando Henrique Cardoso em seu encontro com o presidente, em Belo Horizonte.
– Disse para Fernando Henrique respeitar a minha condição política da mesma forma que eu respeito a dele – afirmou.
Observadores
No domingo, o Brasil se tornará o primeiro país a adotar o sistema eletrônico de votação em todo o território. O interesse pela experiência irá trazer cerca de cem representantes estrangeiros de 36 países ao país.
Representantes dos Estados Unidos, Indonésia, Timor Leste e Jamaica estarão em Curitiba. Já os observadores da Organização das Nações Unidas (ONU) e Organização dos Estados Americanos (OEA) estarão em Brasília.
O caos no processo de coleta e escrutínio de votos não é privilégio do Terceiro Mundo. A eleição do presidente americano George W. Bush, em 2000, mostrou que nem o país mais rico do mundo está imune a problemas nessa área.
O TSE lembra que eles vêm conhecer a urna eletrônica, e não fiscalizar a votação.
Tira-dúvidas
Como devem proceder os eleitores que não podem aguardar em filas na hora de votar?
Idosos, enfermos, mulheres grávidas e deficientes físicos têm prioridade na hora da votação. Funcionários de serviços essenciais de utilidade pública, que estiverem de plantão no dia da eleição, também não precisam entrar em filas. Médicos, enfermeiros, bombeiros e policiais em serviço devem solicitar preferência ao presidente da seção. Não há dispensa.
Da série coisas-estranhas-que-um-político-em-campanha-faz-em-público. Paulo Maluf, candidato do PPB ao governo de São Paulo, permitiu ontem que a imprensa acompanhasse a gravação de seu último programa de TV, no qual ele agradece a “companhia” do eleitor. Os fotógrafos aproveitaram para mostrar Maluf se maquiando.
Frase do dia
Estamos falando de 13 anos atrás. Houve muita evolução da sociedade
Luiz Inácio Lula da Silva,
candidato do PT à Presidência, ontem,
em Porto Alegre, comparando o debate programado para amanhã na Rede Globo com o debate de 1989, contra Fernando Collor, na mesma emissora
Artigos
Pouca têmpera
José Brasil Teixeira
Por circunstâncias sociológicas, políticas, sociais e partidárias, não existem mais líderes nacionais no Brasil que, inquestionavelmente, movimentem as emoções das massas. O que, sabemos, também não é de todo mau. E, na falta então de uma melhor e mais apurada germinação e incubação, o processo onde se forjam os candidatos à Presidência da República acaba deixando-os, em geral, distanciados da decisão prévia e natural do povo; a ponto de muitos entrarem na campanha como desconhecidos. E alguns, até, sendo de algibeira, frutos de acomodações partidárias surpreendentes.
E estes – ou alguns – no decorrer do pleito eleitoral, em maior ou menor grau, acabam optando por argumentos e detalhes alheios à consistência esperada por quem os aprecia, incabíveis a um candidato com a postura que uma grande nação requer e seus imensuráveis problemas. E pouco recomendável a quem pretende ser um futuro e bem postado estadista, que é o que se espera e do que não pode se afastar.
O que temos visto é a tentativa de alguns candidatos de movimentar de forma barata as emoções do espectador
Assim, por falta de líderes e de melhores critérios de escolha, a qual é feita à socapa, a decisão da maioria do povo acaba sendo tomada pela influência de marqueteiros mercenários e por estratégias de campanha; não necessariamente pelas melhores qualidades deste ou daquele postulante. E com esta conduta eleitoral, o marketing político é que acaba governando o país por quatro anos, sem que se possa devolver o produto adquirido; ou fazê-lo com muito peso e custo à nação. Ou seja e por exemplo, não fossem coisas como as relações (?) familiares de Lula no passado – sem nenhum valor real para uma possível administração – e não teria existido Collor e seus desdobramentos, não é mesmo?
O que temos visto na TV, em manifestações ou em debates, é a tentativa de alguns candidatos de movimentar de forma barata as emoções do espectador. E que atinge bem – mas mal – a um povo de cultura mal distribuída, que pouco lê e, quando lê, muitos vão direto às páginas policiais e ao ilusório e inconsistente horóscopo. Ou seja, fáceis de convencer com os componentes emocionais, ou não?
Como todas as nossas carências são conhecidas – educação, segurança, emprego, transporte, combate à pobreza e distribuição de renda –, todos os candidatos acabam prometendo as mesmas coisas; mas em seus discursos abdicam de provocar a esperança sempre necessária em mudanças a serem feitas por detalhes criativos, esquecendo-se de cultivar a simpatia e até a empatia, em uma comunicação mais sólida e confiável, em que é mais difícil iludir e enganar.
E então, ao contrário do esperado e merecido por uma nação ainda carente, e muitas vezes sem nos darmos conta, embalados e embasados pelas tendências partidárias que, surpreendentemente, pendem segundo uma lógica que a moral comum não entende, é que nos são apresentados estes e aqueles senhores de pouca têmpera. E acabamos votando no menos pior, em uma loteria nacional.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Saldo comercial
O saldo da balança comercial, inflado pela alta do dólar e pela redução das importações, poderá chegar, até o final de 2002, aos US$ 9,5 bilhões. “O Brasil está vendendo melhor seus produtos”, reforça o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, lembrando o aumento das exportações brasileiras para mercados até então pouco explorados, como Índia, Cingapura, Emirados Árabes e a própria China. Animado com o desempenho do setor exportador, o embaixador nega que o acordo automotivo com a Argentina seja prejudicial aos interesses nacionais.
O Brasil terá vantagens porque, como o índice de utilização de componentes produzidos entre os membros do Mercosul é de 40%, poderá ser o principal fornecedor de peças para a Argentina, argumenta Sérgio Amaral, que defende a recuperação econômica do bloco para melhorar as condições de negociação de acordos. Um dos mais importantes é o acordo comercial Mercosul/União Européia. Para o titular do MDIC, esse entendimento só será finalizado se o bloco europeu abrir as portas para o agronegócio da região.
Além do superávit, Sérgio Amaral, na entrevista que concedeu ontem ao Canal Rural, anunciou que até o final deste ano o Brasil conclui o processo de acordos bilaterais. Um dos mais importantes foi firmado com o México. Em fase final estão os acordos com os países do Caribe e do Pacto Andino. Diplomata de carreira, Amaral não teme a Alca. Ao contrário, defende uma ampla discussão desse projeto por entender que o Brasil tem muito a ganhar se souber negociar bem a Área de Livre Comércio das Américas.
Para a Alca, vale o mesmo princípio do acordo Mercosul/União Européia. O projeto só sairá do papel, com apoio brasileiro, se os produtos do agronegócio tiverem acesso aos mercados norte-americano e canadense.
JOSÉ BARRIONUEVO
Aplausos para o vice, empresário
O senador José Alencar (PL) foi um dos mais aplaudidos pela platéia que compareceu ao comício de encerramento da campanha de Lula, segunda-feira, em Porto Alegre. O candidato a vice-presidente foi duplamente vetado pelo PT gaúcho, que foi contundente no repúdio à indicação: por ser empresário e por ser do Partido Liberal. Numa visita à RBS, Lula assegurou que o empresário faria a diferença nesta quarta campanha para presidente e que até Raul Pont, ex-prefeito, da DS, aplaudiria o seu vice de pé.
A esquerda pode ter torcido o nariz, mas a platéia gostou do empresário, que em seu discurso rasgou elogios ao povo gaúcho.
Show em alto estilo
O cachê pago a Zezé di Camargo e Luciano (R$ 75 mil) foi apenas uma parcela do custo do megashow armado pelo PT no Largo da Epatur. Pelos dois palcos passaram mais de uma dezena de artistas. Na platéia junto ao palco exclusivo para as duas principais atrações, os fãs levavam as fotos de seus ídolos, que não são candidatos.
Lulinha paz e amor
Os empresários que participaram da reunião com Lula ontem pela manhã no Hotel Sheraton não foram tão incisivos nos questionamentos como ocorreu em reuniões anteriores com Ciro e Garotinho, no mesmo local, em setembro. Lulinha paz e amor só falou generalid ades, desviando com habilidade das questões polêmicas.
Pelo ambiente solene, algo indicava a presença do próximo presidente da República.
Só torceram o nariz quando aprovou a postura adotada pelo governo Olívio no expurgo da Ford e no momento em que nomeou Tarso Genro como seu representante no Estado.
Os empresários já se dobraram a uma provável vitória de Lula, o social democrata, mas não parecem dispostos a a repetir a experiência vivida nos últimos quatro anos no Estado.
Transição para o socialismo?
Há oito meses, quando esteve no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, Lula disse que faria uma campanha light como “transição para o socialismo”. Iniciada a campanha, com a ajuda de Duda Mendonça, tem Lula para tudo que é gosto. Lula tem o direito de mudar de opinião, consciente de sua responsabilidade, optando pela social-democracia.
Mas é preciso reconhecer que existem dois PTs. A maioria dos eleitores que optam pelo candidato do PT acredita que Lula não adotará o mesmo viés autoritário do governo Olívio. Situado mais à esquerda, majoritariamente socialista e abrigando segmentos revolucionários, o PT gaúcho, mesmo assim, vem obtendo sucessivas vitórias eleitorais no RS.
Resta saber se o PT de Olívio Dutra, se for consagrado nas urnas no dia 27 de outubro, suportará uma guinada tão direitista de Lula, que dá a indicação de que vai buscar uma equipe situada mais ao centro. O que dirão a deputada Luciana Genro, filha de Tarso, e seus seguidores, de uma política conservadora?
Qual será a reação daqueles que aplaudiram o representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia no Fórum Social Mundial, que acreditam que o programa light seria apenas uma etapa no processo de construção do socialismo, como anunciou Lula há oito meses?
Projeto moraliza finanças públicas
Vem aí um projeto que deverá pautar os debates no segundo turno, seja Britto, seja Rigotto o adversário de Tarso. Será apresentado hoje em plenário, pelo deputado Berfran Rosado (PPS), presidente da Comissão de Fiscalização e Controle, um projeto de lei que pretende moralizar as finanças públicas estaduais, proibindo que os governos em final de mandato subtraiam receitas do futuro governo. Seguindo o espírito da Lei de Responsabilidade Fiscal, o deputado propõe que, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, o governo fica proibido de antecipar recursos tributários do futuro governo, bem como ceder créditos tributários parcelados do ICMS inscritos como Dívida Ativa do Estado. O objetivo deste projeto é assegurar o equilíbrio das contas públicas, bem como garantir a governabilidade do próximo período.
Dívida ativa – Objetivamente, o projeto veda que sejam antecipadas as receitas do IPVA de 2003 e proíbe que os créditos parcelados do ICMS inscritos como Dívida Ativa, cerca de R$ 700 milhões, que serão pagos pelos contribuintes ao longo dos próximos anos, sejam antecipados pelo Banrisul para saldar as dívidas de curto prazo do atual governo.
Resta saber se o governador Olívio, que sustenta que as finanças estaduais estão equilibradas, orientará a bancada do PT para aprovar o projeto.
Suspiros e muito vento
Uma reunião com os prefeitos da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) deu início à última visita de Germano Rigotto (PMDB) a Pelotas. Na sede da Azonasul, o candidato recebeu uma carta com os principais problemas da região. Em caminhada pelo centro de Pelotas, o candidato foi ao Café Aquário, o principal termômetro político do município. Acompanhado do ex-ministro Eliseu Padilha, candidato a federal, Rigotto tomou um café e provocou suspiros em uma atendente.
Depois, já em companhia de José Serra e Rita Camata, participou de uma carreata. O candidato a presidente do PSDB foi o único que não prejudicou o penteado no desfile pela cidade, bafejado pelo vento.
Fetter evita confusão
Antes de partir em carreata por quatro bairros de Pelotas, Serra insistiu para que o deputado federal Fetter Júnior (PPB), candidato à reeleição, subisse na caminhonete em que se encontrava. O local já estava tomado por políticos, entre eles o candidato ao Piratini pelo PMDB, Germano Rigotto, que acompanhou o tucano em seu roteiro.
– Não posso. Tenho meu partido e meu candidato a governador – ponderou Fetter, apesar de o PPB manifestar apoio ao tucano.
Já o deputado Erico Ribeiro, do PPB, não hesitou e subiu na caminhonete.
Parada para o café
Depois de percorrer por mais de meia hora a Avenida Independência, em São Leopoldo, distribuindo panfletos e cumprimentando eleitores, Antônio Britto (PPS) fez uma rápida pausa para um café, em um bar do centro. Acompanhado de apoiadores e pedindo voto para o deputado estadual Cezar Busatto. Bem-humorado, ofereceu a primeira taça para os fotógrafos que o seguiam em busca de um melhor ângulo.
Na linha de frente
Como bancada do governo ou da oposição, o PT contará com três fortes nomes na linha de frente na Assembléia: o ex-prefeito Raul Pont e os ex-secretários Adão Villaverde e Flávio Koutzii, puxadores de voto. Os três são fundadores do PT, com mais tempo de partido do que o próprio candidato a governador, que também lidera nas pesquisas.
Mirante
• José Fogaça recebeu dois importantes apoios para romper o empate técnico com Emília Fernandes e Paulo Paim. Em roteiros no Interior, Zambiasi (PTB) e Hugo Martini, do PPB pedem o segundo voto para o senador. Ambos destacam o trabalho que desenvolveu no Senado reconhecido nacionalmente. As declarações estão sendo utilizadas na propaganda do senador.
• O deputado federal Beto Albuquerque (PSB) lançará na Feira do Livro de Porto Alegre o livro Uma Trajetória Vitoriosa, sobre a implantação da Uergs. Em parceria com o professor Ricardo Rossato.
• Braulio, ex-craque do Inter, apóia Jorge Branco, do PT.
ROSANE DE OLIVEIRA
Últimas cartas
Um dia depois do megacomício do PT em Porto Alegre, o candidato do PSDB à Presidência, José Serra, encerrou sua campanha no Rio Grande do Sul tentando conquistar eleitores em Rio Grande e mais três cidades governadas pelo PT – Porto Alegre, Pelotas e Santa Maria. Trata-se de uma escolha carregada de simbolismo: graças ao sentimento antipetista que se manifesta em um terço do eleitorado gaúcho, Serra tem no Rio Grande do Sul índices de intenção de voto superiores a sua média nacional. Na última pesquisa do Ibope teve 27% no Estado, contra 19% no país.
A idéia original do comando da campanha de concentrar esforços nos últimos dias em territórios dominados por Lula foi substituída pela ofensiva numa área que vem se mostrando mais aberta à candidatura tucana. Além de fazer bem para o ânimo do candidato uma incursão a cidades em que concentra um eleitorado mais consistente, Serra tenta subtrair votos de Lula e aumentar suas chances de chegar ao segundo turno.
A pesquisa do Ibope divulgada ontem à noite no Jornal Nacional não serviu para diminuir o nível de ansiedade de ninguém. O Ibope deixa margem para três possibilidades: a vitória de Lula no primeiro turno, a disputa entre Lula e Serra no segundo e até o confronto entre Lula e Garotinho. A diferença entre Serra e Garotinho é de três pontos percentuais. No limite da margem de erro isso poderia significar um empate.
Encerradas as campanhas de rua, os candidatos jogam suas derradeiras esperanças no debate de amanhã, pela TV Globo, um palanque incomparável. Não cometer erros num programa que será assistido em todos os Estados da Federação é a preocupação número 1 dos candidatos. Pelo desempenho que teve nos debates anteriores, o radialista Garotinho tem boas razões para estar otimista. Acostumado a falar para multidões nos cultos de sua igreja, Garotinho só tem a ganhar com o debate – ainda que comprometa sua credibilidade com promessas que pa recem impossíveis de cumprir.
Editorial
A MISSÃO DA IMPRENSA
O exercício responsável da missão de informar é testado especialmente nos períodos de tensões políticas, ideológicas ou partidárias, como as que ocorrem nas campanhas eleitorais. É em ocasiões como essa que a imprensa tem o dever, além do direito, de defender a liberdade, não como prerrogativa própria mas como um direito da sociedade. É também em momentos como esse, carregados de sensibilidade e de delicadeza, que muitas vezes ocorrem atentados contra essa mesma liberdade. O assassinato de um diretor do jornal em Mato Grosso, proibições impostas a um jornal brasiliense e as próprias restrições aplicadas aos meios eletrônicos de comunicação na campanha eleitoral são fatos que, em situações completamente distintas e não conectadas, induzem a que se reflita sobre a missão da imprensa numa sociedade livre e democrática.
A mais clara de todas as lições é de que não será eliminando fisicamente jornalistas ou levando jornais à extinção que se restaurarão interesses feridos ou se implantará o princípio da liberdade de opinião. Também não será pela censura que se imporá responsabilidade aos meios de comunicação. E não será certamente por leis férreas ou por interpretações draconianas que se produzirá um ambiente propício à liberdade de opinião, à avaliação jornalística dos acontecimentos ou ao amadurecimento da democracia.
O sucesso dos veículos está ligado à sua capacidade de exercer a tarefa de informar
A imprensa de nosso país tem dado reiteradas provas de que é, como um todo, um dos mais sólidos sustentáculos da liberdade. Todas as grandes conquistas e todos os grandes avanços obtidos pela democracia brasileira têm tido a participação dos meios de comunicação. Ao cumprirem o papel que técnica e profissionalmente lhes cabe, ao se aprofundarem na missão institucional que lhes incumbe e ao exercerem suas tarefas sob a proteção do direito constitucional à liberdade de informar, jornais e meios eletrônicos acabam se colocando como instrumentos da sociedade. São, como disse Rui Barbosa num texto famoso, “a vista da nação”.
Assim, para coibir um excesso ou para eliminar uma deformação eventualmente cometida por um jornal ou uma emissora, não podem o legislador, o juiz ou o cidadão assumir as posturas extremas seja de leis restritivas, seja de censura, seja muito menos da agressão física ou da execução sumária. Os meios de comunicação e os jornalistas podem e devem ser responsabilizados quando errarem. Como qualquer empresa e como qualquer cidadão. A experiência democrática tem demonstrado que a ação da imprensa tem sido predominantemente positiva, colaborando para o aprimoramento das instituições. Além disso, sabe-se que a sobrevivência e o sucesso dos veículos estão ligados à sua capacidade de exercer com liberdade e com responsabilidade a missão de informar.
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10/02/2002
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