Candidatos defendem propostas
Candidatos defendem propostas
Dos treze candidatos que disputam o cargo de governador do Estado, apenas quatro estiveram na audiência pública, realizada ontem. No Teatro Dante Barone da Assembléia Legislativa. O evento, promovido pela Famurs e Uvergs (União dos Vereadores do RS), pretendeu esclarecer dúvidas a respeito das propostas dos candidatos ao Piratini para o setor primário da economia gaúcha.
Brizola não apóia Britto e adia decisão do PDT
Presidente nacional do PDT ficou reunido por mais de quatro horas com a Executiva gaúcha, mas a decisão de lançar ou não candidato ao governo só sairá na segunda-feira
O PDT está sem candidato ao governo até a próxima semana e José Fortunati disputará uma vaga na Câmara Federal. Essas foram as decisões tomadas após mais de quatro horas de reunião entre a Executiva Estadual e o presidente nacional do partido, Leonel Brizola. A definição sobre a manutenção da candidatura própria ao governo ou a liberação dos filiados, além da permanência da indicação de João Bosco ao Senado, serão anunciadas segunda-feira, dia 5, em nova reunião geral do partido.
No meio de tanta indefinição, uma coisa é certa, garantiu Brizola: “É inexistente a possibilidade de o PDT apoiar Antônio Britto (PPS) ao palácio Piratini”.
FHC descarta antecipar posse do seu antecessor
Vice-presidente do PPS deixou vazar conversa reservada que teve com o presidente no almoço oferecido a Xanana Gusmão
O presidente Fernando Henrique Cardoso rejeita qualquer possibilidade de “alfonsinização” do país – antecipação da transmissão de posse ao sucessor que será eleito em outubro. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o vice-presidente nacional do PPS, deputado federal João Herrmann (SP) defendeu essa hipótese, reproduzindo uma conversa reservada que tivera com FHC no início da semana.
Devido à gravidade da crise econômica, argumentou Herrmann, havia risco de repetição do que aconteceu na Argentina em 1989, quando o então presidente Raúl Alfonsín, eleito em 1983, fora obrigado a antecipar a entrega da faixa presidencial a Carlos Menem. O país tornara-se ingovernável por causa da crise econômica.
Ciro se dispõe a colaborar na solução da crise mas diz que não assina nenhum acordo prévio com o FMI
Os candidatos à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS) aceitam discutir com o presidente Fernando Henrique Cardoso soluções para a crise econômica do país. Ciro, no entanto, disse que colabora, mas sem assinar nenhum acordo prévio com o FMI.
Publicitário diz que FHC será a “Patrícia Pillar” de Serra
O publicitário baiano Nizan Guanaes disse que já tem “a Patrícia Pillar para os programas do tucano José Serra”. Preocupado com o crescimento de Ciro Gomes nas pesquisas eleitorais, o que se deve muito às aparições da atriz e namorada ao lado do candidato, Guanaes decidiu investir em Fernando Henrique Cardoso para fazer o mesmo papel ao lado de Serra.
O presidente deve fortalecer sua presença em palanques e, principalmente, na TV, a partir de 20 de agosto, quando começa o horário político eleitoral gratuito.
Serra: toda vez que Ciro abre a boca, o dólar sobe e uma fábrica fecha
Serra afirmou que o adversário quer obter ganhos eleitorais com as dificuldades econômicas que o país está passando
O candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, elegeu o adversário Ciro Gomes, do PPS, como o principal culpado pela alta do dólar. “Toda vez que o Ciro abre a boca, o dólar sobe e uma fábrica fecha.”
Serra também acusou o candidato da Frente Trabalhista de estar apostando “no quanto pior melhor” para tentar obter ganhos eleitorais. Lembrou ainda que Ciro foi filiado à Arena e ao PDS – partidos que apoiaram o regime militar – antes de passar pelo PSDB e, finalmente, chegar ao PPS. “Enquanto outros eram da turma do oba-oba do regime ditatorial, eu lutava contra ele”, acrescentou Serra.
Colunistas
COISAS DA POLÍTICA
Cartórios
Na volta às atividades da Assembléia, o deputado estadual do PDT Kalil Sehbe apresentou três projetos. Um deles trata da sucessão dos cartórios. Kalil quer regularizar a atividade.
Fundef
A deputada federal do PT Esther Grossi denuncia que o Fundef foi calculado errado. Ao invés de R$ 628, 84, por aluno/ano o repasse é de apenas R$ 428, 45, e quinze Estados não receberam o benefício.
Pequeno produtor
Em maratona pela rota de hortifrutigranjeiros do Litoral Norte, o vice de Antônio Britto, Germano Bonow, do PFL, defendeu maior apoio ao pequeno produtor, através de crédito facilitado e garantia de preço e comercialização.
Certificação social
O deputado federal do PMDB Mendes Ribeiro Filho propõe a certificação social nacional das empresas do país que se destacarem pela atenção a leis trabalhistas e tributárias; de políticas próprias de proteção e estímulo aos empregados e pela atuação na proteção ambiental e participação comunitária.
Frigoríficos
Presidente do Sindicarnes, Marco Lunardelli não será mais candidato a deputado estadual pelo PPS. Decidiu apoiar a candidatura de Berfran Rosado e de Antônio Britto, já que ambos “estão comprometidos com uma política para os frigoríficos”.
Boatos
O vereador do PDT da capital João Bosco Vaz repudia os boatos sobre a suspensão da sua candidatura ao Senado. “Mais uma vez os fofoqueiros querem desestruturar o PDTcriando novos rachas internos”, ressaltou.
Editorial
INDEPENDÊNCIA DO BC
Muitos setores nacionalistas da sociedade brasileira negam-se a admitir que certas nações sirvam como exemplo de sucesso ao Brasil no plano econômico, social e institucional. É um equívoco. Tome-se o caso da economia dos Estados Unidos. Pouco são os pontos passíveis de crítica a um mercado que produz um PIB anual superior a US$ 9 trilhões. Esse êxito decorre de muitos mecanismos que podem ser repetidos no Brasil.
Bem ilustra essa situação a história do presidente do FED (Banco Central norte-americano), Allan Greenspan, que está no seu cargo desde fins da década de 80. Trabalhou em gestões presidenciais do Partido Democrata e do Partido Republicano, sem ser influenciado por nenhum dos dois. Durante a década de 90, os Estados Unidos viveram um dos ciclos de maior expansão econômica da sua história. É justo pensar que parte desse êxito se deve à atuação de Greenspan na defesa da política monetária daquele país. Existem críticos ao seu trabalho, mas certamente há admiradores.
Muitos são os episódios em que se pode citar o êxito do Presidente do FED. Ele leva a fama de "Senhor dos Mercados", pois a cada discurso seu pode surgir uma informação ou um comentário que modifique o rumo dos negócios nas Bolsas de Valores. Em 1996, quando os investidores viviam a euforia com as ações de alta tecnologia, Greenspan chamou aquele momento de "exuberância irracional", e que havia uma distorção especulativa no mercado. Tomou todas as suas decisões baseado nessa premissa. O vaticínio se confirmou em abril de 2000, quando a justiça americana decidiu pela cisão da Microsoft em duas empresas - fato que até hoje não aconteceu. Mesmo assim, aquela sentença judicial fez desabarem os preços de todas ações dos setores de informática e telecomunicações. Logo após os atentados de 11 de setembro, reduziu as taxas de juros para dar maior liquidez à economia, medida que funcionou dado que a economia dos EUA apresenta lentamente sinais: de recuperação. A cada passo dado, Greenspan presta contas ao Congresso americano. Parece impossível dizer que o econ omista não cumpre apenas e exclusivamente as suas atribuições. Muitos teriam sido os fracassos se o FED ficasse sujeito ao desejo de políticos movidos pelas conveniências do momento.
Neste caso, os Estados Unidos são um exemplo a ser seguido. O controle da economia de um país é uni assunto demasiado sério para ser conduzido sobre qualquer forma de pressão que não a dos critérios técnicos. As artimanhas e ideologias do jogo político devem passar distantes das decisões da autoridade monetária. Esta deve-se constituir como um poder autônomo e independente a fim de tomar decisões objetivas no caminho da preservação d4 economia do país.
A independência do Banco Central do Brasil deveria ser discutida com mais seriedade pelos candidatos à Presidência da República. Não num debate permeado por motivos eleitoreiros, mas para o bem do país.
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08/02/2002
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