Candidatura de Fortunati perde apoio



Candidatura de Fortunati perde apoio Vereador pode ficar sem o aval da própria corrente Antes mesmo de anunciar se renunciará ou não à candidatura à presidência nacional do PT, o vereador José Fortunati poderá perder o apoio da corrente que lidera, o Fórum Socialismo Solidário. Ontem, Elaine Paz, ex-chefe de gabinete do vereador que deixou a função da possível saída de Fortunati do PT, anunciou que um encontro em São Paulo definirá qual dos outros cinco postulantes ao cargo receberá o aval da facção. Na última sexta-feira, Fortunati disse que sua decisão de manter ou não a candidatura seria divulgada hoje. Elaine também divulgou o e-mail enviado a milhares de petistas há uma semana no qual explica os motivos do seu afastamento do gabinete do vereador. No texto, ela afirma que não aceitaria a cisão de Fortunati com o PT. O vereador confirmou haver recebido convites para ingressar em seis partidos e admite uma possível migração para o PDT. Os convites recebidos por Fortunati não teriam sido do PSB e nem do PC do B, partidos que, junto com o PT, integram a Frente Popular. O secretário dos Transportes e presidente estadual do PSB, Beto Albuquerque, disse ontem que “não cometeria a indelicadeza” de formular o convite antes que houvesse o rompimento entre Fortunati e o PT, mas afirmou que tomará tal iniciativa se isso ocorrer. Segundo a assessoria do vereador Raul Carrion, o PC do B também exclui a possibilidade de tentar atrair Fortunati enquanto ele permanecer no PT. No PPS, o deputado estadual Bernardo de Souza admitiu haver conversado sobre o assunto com o petista. Segundo ele, Fortunati seria bem-vindo ao partido. O PDT aguarda o próximo passo do vereador, que estaria sendo preterido em uma possível disputa por uma das vagas de candidato ao Senado. O parlamentar está no PT desde 1979, quando fez parte da comissão provisória. Na última eleição foi o candidato mais votado para o Legislativo da Capital, com 39,9 mil votos. Ontem, procurado por Zero Hora, Fortunati não foi localizado. Jader é acusado de tentar dificultar investigação O presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), poderá enfrentar nova acusação de quebra de decoro parlamentar que também o exporia a um processo de perda de mandato. A acusação é de que o senador teria tentado obstruir uma investigação da Casa em que é o principal suspeito. A comissão que investiga Jader, examina a possibilidade de ele haver engavetado um pedido de informações do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) ao Banco Central (BC) sobre o caso Banco do Estado do Pará (Banpará). Jader é acusado de ser o principal beneficiário no desvio de recursos públicos do Banpará. Em depoimento ao Conselho de Ética do Senado na semana passada, o senadir disse que a Mesa Diretora foi a responsável por não dar andamento ao pedido dos documentos do BC. No entanto, o secretário-geral do Senado, Raimundo Carreiro, pode não confirmar a declaração no relatório oficial sobre o caso que a Mesa apresenta hoje . – A responsabilidade é de um deles. Se foi o senador que engavetou, fica claro que fez isso em benefício próprio, o que significa obstrução da investigação – disse o senador Jefferson Peres (PDT-AM). No depoimento da última quarta-feira, Jader disse ainda que encaminhou o pedido à Mesa e que ela deveria ter dado andamento ao requerimento. A versão apresentada pelo secretário-geral aos senadores da comissão é diferente. Carreiro já contou aos senadores que recebeu ordens de Jader para segurar o pedido, porque queria anexá-lo a outras informações. Segundo Peres, o relatório final sobre o caso deve ficar pronto no dia 13. O vice-presidente do PMDB em Altamira (PA), José Soares Sobrinho, foi preso ontem e recolhido a uma cela individual da Penitenciária Agrícola Sílvio Hall de Moura, em Santarém (PA). Ele é aliado político do presidente licenciado do Senado. Soares Sobrinho teve a prisão preventiva decretada no sábado, sob a acusação de coagir de testemunhas e de obstruir as investigações do caso da extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), na região de Altamira, no qual Jader também é acusado. Pesquisa indica crescimento de Roseana PFL usou programas de TV para divulgar ações da governadora A governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), está tecnicamente empatada com Ciro Gomes (PPS) na disputa pelo segundo lugar da corrida presidencial de 2002, na mais recente pesquisa realizada pelo Instituto Vox Populi. O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, ocupa a liderança com 29% das intenções de voto, de acordo com o levantamento publicado no domingo pelo Jornal do Brasil. Roseana, com 13% das intenções de voto, é o primeiro nome governista a ultrapassar a barreira dos 10%. A governadora tem um ponto percentual a menos que Ciro Gomes e três acima do governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB). Ela aparece ainda com o dobro das intenções de votos de outro pré-candidato governista, o ministro da Saúde, José Serra (PSDB), que aparece em sexto lugar – ou 5% das intenções de voto. A pesquisa foi feita entre os dias 29 e 30 de agosto em 115 municípios do país. Para o levantamento, foram entrevistados 1.998 eleitores maiores de 16 anos, divididos em quatro regiões – Sul, Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste/Norte. A margem de erro é de 2,2% para mais ou para menos. O melhor desempenho da governadora ocorreu nas cidades menores, com até 25 mil eleitores, na região Centro-Oeste/Norte, entre os mais jovens – até 24 anos – e entre o eleitorado feminino. Lula teve a melhor performance na região Sul, onde detém 35% das intenções de voto. Seus piores resultados são registrados entre os eleitores com mais de 50 anos. O PFL gastou praticamente todo o tempo gratuito do partido na TV nas últimas semanas divulgando os feitos de Roseana. Segundo o partido, os programas teriam custado R$ 240 mil. Olívio comanda festa dos sem-terra João Pedro Stédile afirmou que o governador do PT será reeleito em 2002 Representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos partidos que integram o governo estadual aproveitaram a festa dos 20 anos da luta pela terra para mostrar que estão articulados para a campanha eleitoral de 2002. A demonstração de força e unidade foi dada no domingo, na Encruzilhada Natalino, em Ronda Alta – mesmo local onde, em 1981, o movimento conquistou a primeira vitória pela reforma agrária. Reunidas sobre o quilômetro 177 da RS-324, no trevo de acesso a Sarandi, cerca de 2 mil pessoas, conforme cálculo da Brigada Militar, participaram do ato comemorativo à saída das tropas do Exército, comandadas pelo coronel Curió – um dos maiores especialistas do governo federal em desarticular movimentos populares. Naquele ano, aproximadamente 1,6 mil famílias de sem-terra acamparam em Encruzilhada Natalino e resistiram à ação dos militares para promover a desocupação da área. O comando da festa foi do governador Olívio Dutra, do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e do líder nacional do MST, João Pedro Stédile. Estavam ainda os secretários dos Transportes, Beto Albuquerque, da Educação, Lucia Camini, da Agricultura, José Hermeto Hoffmann, e da Reforma Agrária, Antônio Marangon. Até o ex-titular da pasta da Reforma Agrária frei Sérgio Görgen compareceu ao evento, sinalizando que as desavenças que o tiraram do governo ficaram em segundo plano. Deputados estaduais e federais e integrantes do primeiro escalão do governo reforçaram o movimento. No local, um novo acampamento foi montado com 602 famílias que, a partir de agora, começam a se articular para negociar com os governos estadual e federal para ganhar terra. Conforme o líder estadual do MST Aílton Croda, 4,1 mil famílias já foram assentadas no Estado desde 1999. A meta é que esse número passe de 5 mil até o final de 2002, o que, segundo o governador, só será possível “se a União fizer a sua parte”. – Não depende de nós, e sim do governo federal – afirmou Olívio. Stédile lembrou a importância da conquista do MST na Encruzilhada Natalino: – Este local é um marco da luta contra o neoliberalismo, que tem no Olívio Dutra um de seus mais sólidos representantes. Não estamos aqui para fazer campanha para o Olívio, mas vamos reelegê-lo – afirmou o líder do MST. Stédile ainda convocou os integrantes do movimento a se lançarem em novas lutas e a promoverem novas ocupações de terra para acelerar o processo de reforma agrária. – O primeiro grupo que acampou aqui levou três anos e meio para ganhar terra. Esperamos que o grupo que agora se instala consiga passar o Natal sobre um lote seu. – acrescentou. Aclamado pelos manifestantes, Olívio falou para um público absolutamente atento e destacou o que chamou de “uma boa contradição”. – O PT é situação como governo estadual e oposição junto à União. Em 2002, teremos uma nova encruzilhada pela frente. Mas gostamos de situações como essa, que nos revigoram e fortalecem – disse o governador. Durante o final de semana, o senador Suplicy, autor de um projeto de lei que regulamenta as cooperativas, aproveitou para conhecer o modelo cooperativo adotado por grupos do MST gaúcho. Pré-candidato à Presidência da República, Suplicy foi assediado por militantes. Deu autógrafos e disse que a oportunidade é ótima para a aproximação com os eleitores. Antes de deixar o acampamento, o grupo participou de um almoço em uma área emprestada para o evento. Shows musicais e um espetáculo teatral divertiram os manifestantes até o final do dia, quando a mobilização se dissolveu. Delegados definem metas para 2002 A definição do Orçamento estadual para 2002 teve sábado uma das últimas e decisivas rodadas na instância do Executivo antes de seguir para Assembléia Legislativa, no próximo dia 14. Os delegados debateram em 17 das 22 regiões do Orçamento Participativo. A reunião de Porto Alegre teve seis horas de intensos debates entre os 457 delegados da região Metropolitano-Delta do Jacuí sobre a destinação dos recursos estaduais para nove municípios. O momento mais tenso ocorreu na votação de uma emenda para retirar parte dos investimentos para a recuperação do arroio Feijó, em Viamão, e destinar a áreas degradadas de Cachoeirinha e Alvorada. Venceu Viamão e os protestos dos delegados de Cachoeirinha tumultuaram a plenária. Representantes de Viamão abriram uma faixa levantando suspeitas sobre a lisura do processo do OP. A plenária da Fronteira Oeste, em Santana do Livramento, não abordou a atual situação do Sistema Integrado de Administração de Caixa (Siac), mas a coordenadora regional do OP, Cristiane Chiarelli, afirmou que estão garantidos R$ 9,4 milhões para investimentos em agricultura, segurança, habitação, educação e transporte. Dos 1.108 delegados, apenas 489 compareceram. O resultado será encaminhado ao Conselho Estadual do OP. A instalação de um núcleo da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul foi reivindicada. Em Santa Rosa, a assembléia do OP da Região Fronteira Noroeste reuniu delegados de 21 municípios, que aprovaram o investimento de R$ 3,1 milhões para as obras em 42 escolas da região. Em Pelotas, a matriz tributária e alternativas para o incremento da receita não foram discutidos pelos 773 delegados da Região Sul. Foram propostas duas emendas: uma que remaneja R$ 1,65 milhão da construção de presídios para o custeio da segurança, e outra que propõe R$ 10 milhões para habitação. A principal obra é a pavimentação da RS-265, ligando São Lourenço do Sul a Canguçu, que deve receber R$ 2 milhões. Em Passo Fundo, 581 delegados de 38 cidades da região participaram da reunião que definiu a aplicação de R$ 4,6 milhões na reestruturação de 61 escolas de 21 municípios. Artigos Sobreviver para exportar PAULO BROSSARD Muitos fatos importantes ocorreram nos últimos dias. Um deles teve como protagonista o presidente da República. Na posse do ministro do Desenvolvimento, o chefe do Executivo afiançou que o nosso futuro estava contido num dilema – exportar ou morrer. A idéia não é nova. Nem é de hoje que pessoas competentes vêm insistindo na importância da exportação, tanto no que diz respeito às nossas contas externas quanto às condições econômicas internas. Chego mesmo a pensar que poucas serão as vozes dissonantes. Mas o presidente, que vai vivendo à custa de manchetes, recorreu a uma sem dar-se conta de que a frase teria sentido se estivesse ele no início de seu governo e quisesse romper com uma situação com a qual não tivesse responsabilidade; no entanto ela foi articulada quando o sol poente bruxoleia um resto de luz sobre o fim do seu segundo período de governo, graças à infeliz reeleição. Agora, a sentença soa falso, tanto mais quando, como sucede no malfadado sistema presidencial, à medida que se aproxima o termo de governo vão se juntando as notas da melancolia e da desesperança à espera do novo chefe. É natural se indague como e por que, em seis anos de governo, não ocorreu ao frasista do Planalto a idéia redentora. Durante esse tempo, o que foi feito, concretamente, para que a exportação se processasse de molde a assegurar a sobrevivência econômica nacional? A verdade é que o dilema é dramático, exportar ou morrer. A alternativa é, nada mais, nada menos, que morrer. E o grave é que a alternativa mortal foi enunciada por, nem mais, nem menos que o presidente da República. No entanto, o dilema presidencial não se encaixa na realidade. Vem a destempo. Mas ainda há coisa talvez mais grave. Não seria o caso de o presidente considerar a hipótese de aliviar a esmagadora carga fiscal e para fiscal? É que o aumento da exportação não depende apenas da vontade do país exportador, mas também e em larga margem do mercado importador. E aqui se chega a um ponto quase constrangedor, o presidente não sabe que a conjuntura internacional é menos boa para que as exportações se ampliem? Ora, não é segredo para ninguém que, depois de um período de expansão econômica, em que sobrava espaço para o tráfico exportador, a economia mundial entrou em ciclo de retração e seu agravamento parece ser a tendência. Não gosto de fazer previsões, nem tenho competência para fazê-las, mas ninguém ignora que previsões não faltam no sentido de que o período de vacas magras leve à mais duradoura das retrações, e quiçá das mais duras. E não são jejunos os que pensam assim. Há mesmo quem opine que a retração recém iniciada seria a mais ampla desde a de 1930 e mais não será preciso dizer. Eu gostaria de dizer que não participo de previsões tão aziagas, mas não posso deixar de admitir que elas são possíveis, ainda que indesejadas. Um dado, no entanto, me parece palpável, a retração já existe, maior ou menor, ela já é visível, suas dimensões podem não vir a ser as mais funestas e que nem remotamente lembrem o cataclismo de 1930, mas negar o fato não me parece prudente. E mais, é inegável que os sintomas não são visíveis apenas em um ou outro pedaço do universo, mas, concomitantemente, vem irrompendo no seio das maiores economias do mundo. Essa sincronia agrava o quadro. De modo que o dilema presidencial não revela critério e sensatez lançado que foi no exato momento em que as condições do comércio internacional pode ter voto decisivo na assembléia dos acontecimentos, como diria o nosso Machado de Assis. Não seria o caso de o presidente considerar a hipótese de aliviar a esmagadora carga fiscal e parafiscal que oprime a empresa nacional, para que ela possa enfrentar os baixos do comércio exterior e exportar mais de molde a evitar se consume a sinistra alternativa do dilema presidencial? Melhor seria a mensagem se ela dissesse ser imperioso que a empresa sobrevivesse para poder exportar e desse modo evitar a morte antevista, na douta especulação oficial. A face oculta da Lua TÚLIO DE OLIVEIRA MARTINS No final dos anos 60, naves espaciais tripuladas começaram a chegar à Lua, entrando em sua órbita e explorando-a com científica minúcia; assim, ficamos sabendo que a face oculta, com sua aura de mistério, era idêntica àquela que víamos da Terra. Lembro de mim menino vendo as imagens e disfarçando meu desapontamento: talvez quisera vulcões, túneis, estradas cheias de mistério, destroços de aventuras intergalácticas e tantas outras coisas que povoavam minha imaginação. Esta experiência me trouxe um certo ceticismo com pessoas, fatos, conspirações e grandes acontecimentos; em verdade poucas coisas eram efetivamente diversas da média e a vida adulta consolidou em mim tal convicção. Ao longo dos últimos dias, assistindo a todos os acontecimentos que envolveram o seqüestro de Patrícia Abravanel e o posterior aprisionamento de seu pai por um dos seqüestradores, revivi o sentimento de vulgaridade e desimportância dos personagens e de seu contexto, pois o que realmente chamou a atenção foi o insólito e o bizarro. Que se comportem à altura da atenção que lhes é dedicada,para que ao menos não sejam um mau exemplo Um dos homens mais ricos, influentes e visados do país tem um sistema de segurança pessoal e familiar que é simplesmente ridículo; sua casa é violada com mais facilidade do que qualquer residência de classe média de São Paulo ou de outra capital. A filha, traumatizada por uma situação cruel, é absurdamente exposta a uma entrevista coletiva onde exacerba sentimentos religiosos confusos, manifesta gratidão para com os criminosos, revela inimaginável preocupação com a distribuição de renda no país e em estado de intensa excitação mental justifica o próprio seqüestro. Mais ainda, os criminosos demonstram uma absoluta primariedade, deixam impressões digitais em um telefone celular, são capturados com facilidade e olham para as câmeras de TV com expressão mortiça e sonolenta. O líder do grupo assassina dois policiais, telefona para Sílvio Santos pedindo ajuda e faz o quê? Ora, faz o óbvio, o anunciado: vai até a casa deste e o aprisiona, entrando pelo portão guarnecido por um vigia que sequer ligara o alarme. Recomeça o drama, interfere a polícia, fica o cenário reduzido a Sílvio Santos e o seqüestrador. Depois o final também previsível, com autoridades, holofotes e a rendição comemorada como uma extraordinária conquista. Podemos aguardar talvez alguns livros na forma de depoimento, auto-ajuda etc. Fantástica banalidade, glorificação do nada, vazio absoluto, comédia de erros e total desacerto em fato que em sua essência foi de extraordinária gravidade; lembrei da face oculta da Lua: não havia nada do lado de lá. Como aqui, em que podemos esperar daqueles que por um ou outro motivo são modelos e inspiração de muitos, que se comportem à altura da atenção que lhes é dedicada, para que ao menos não sejam um mau exemplo. Colunistas JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10 PPB gaúcho se arma contra Maluf Uma posição forte do PPB gaúcho contra a permanência de Paulo Maluf na presidência do diretório nacional do partido deverá ser anunciada nos próximos dias. A nova série de denúncias contra o ex-prefeito de São Paulo já provocou uma reação da juventude do PPB no Estado, que pediu formalmente o afastamento imediato de Maluf do cargo. Reunião da executiva esta semana deverá ser pautada pelo assunto. A tendência é a direção estadual tomar a mesma posição, já que o PPB do Rio Grande do Sul nunca se alinhou com os malufistas. Ao longo dos anos, os integrantes da cúpula do partido têm assumido uma posição muito mais de adversários de Maluf, tanto que o presidente licenciado, Celso Bernardi, disputou com ele a presidência do diretório nacional. No final da semana passada, o deputado federal Júlio Redecker se solidarizou aos jovens do PPB. Enviou uma carta de Washington somando-se ao apelo da Juventude Progressista Gaúcha. Redecker está nos Estados Unidos desde julho, onde ficará até dezembro como professor visitante da Universidade George Washington. Uma campanha entre amigos Os dois pré-candidatos do PPB a governador do Estado adotaram uma prática simpática de fazer campanha. Andam juntos pelo Rio Grande afora mantendo contato direto com os militantes para que eles conheçam suas propostas para disputar o Palácio Piratini. Da forma como fazem campanha para a disputa interna já dá para concluir que o perdedor da prévia será o candidato a vice-governador. No último final de semana, Celso Bernardi e Fetter Júnior estiveram em Vacaria e Soledade. Sempre juntos. Mais um tucano A deputada federal Yeda Crusius abonou a ficha do vice-prefeito de Cidreira, Atelir Antônio de Oliveira, que trocou o PTB de Custódia Sessim pelo PSDB. O ato foi na última sexta-feira. O presidente da executiva municipal, Roberto Porciúncula, também estava no ato de assinatura da ficha. Susto no ar O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), escapou de uma tragédia. O helicóptero em que viajava na semana passada perdeu altitude próximo à região de Itapema, sofrendo uma queda brusca de quase 150 metros. O helicóptero balançou e uma das pastas com documentos bateu num dispositivo da aeronave, deixando-o desgovernado. Amin viajava com o presidente da Celesc, Francisco Küster, e assessores. Novo PPS O advogado Luiz Carlos Mello, o Mellinho, foi eleito presidente do diretório metropolitano do PPS prometendo mudar a cara do partido. Impulsionado pela candidatura de Ciro Gomes à Presidência, o PPS terá lugar de destaque nas eleições do ano que vem. Tarja obrigatória Porto Alegre é a primeira capital brasileira a rotular produtos transgênicos. O prefeito Tarso Genro sancionou a lei, de autoria da vereadora Maristela Maffei (PT), que determina a impressão de uma tarja indicativa nas embalagens. Assim os consumidores poderão optar por consumir ou não o produto contendo a advertência. Imprensa pressiona Depois da matéria publicada em Zero Hora no último sábado, vários veículos tentaram forçar novas declarações bombásticas do vereador José Fortunati, que manteve a informação dada à coluna Página 10. A decisão sobre sua saída ou não do PT se dará somente depois das convenções do partido, marcadas para o dia 16. Bom marketing Ao inaugurar as ciclovias de Porto Alegre, ontem, o prefeito Tarso Genro não perdeu a chance de divulgar sua administração. Colocou parte do primeiro escalão a se exercitar no Parque da Redenção. Como diz Lula, o que é bom nos governos é para ser divulgado. Protesto sem gritaria O protesto dos servidores técnicos-científicos, na Expointer, foi em absoluto silêncio, ao contrário do que foi publicado na coluna no final de semana. Uma das servidoras telefonou para explicar: – Fizemos o contrário da prática petista, protestamos em silêncio. Em campanha O senador Eduardo Suplicy distribuiu autógrafos na festa de ontem na Encruzilhada Natalino. O ato abriu a campanha do PT para as eleições de 2002. Apoio de peso É extremamente qualificada a equipe que passa a dar assessoria técnica à CPI da Segurança da Assembléia Legislativa. O grupo trabalha na análise de documentos relativos à quebra de sigilos fiscal e bancário. Além de evitar trapalhadas, os técnicos ajudam a dar um norte à CPI. Novas denúncias O deputado João Luiz Vargas (PDT), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia, estuda uma farta documentação para o pronunciamento que fará amanhã em plenário. O parlamentar promete denúncias fortes. Vai remeter ao Piratini um extenso pedido de informações com 30 itens. Escrito nas estrelas Aconteceu o que era comentado nas redações dos jornais pelo país afora: só falta o Sílvio Santos virar candidato nas eleições do ano que vem. Pois no final de semana, as agências de notícias começaram a distribuir matérias sobre a possível aproximação do empresário ao PSDB, partido do governador de São Paulo, Geraldo Alckimin, personagem importante na libertação de Sílvio Santos das mãos do seqüestrador na semana passada. Editorial Atentado à saúde Não bastasse a escandalosa fraude que resultou na adulteração de uma série de produtos de consumo básico, comercializados no varejo em todo o país, numa tentativa de multiplicar lucros mediante a redução das quantidades oferecidas, erguem-se agora fortes suspeitas de que tipo similar de transgressão haja sido também adotado no caso de medicamentos. Levantamento conjunto do Conselho de Farmácia do Distrito Federal e do Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos constatou que pelo menos 32 drogas diversas, de 14 laboratórios, apresentam irregularidades que vão da maquiagem das embalagens à alteração do número e da concentração de comprimidos, tudo para aumentar os preços praticados. A denúncia está sendo encaminhada ao Ministério Público, à Agência Nacional de Vigilância Sanitária e à Secretaria de Direito Econômico, organismos dos quais se espera pronta ação para coibir esse gênero de agressão às normas do Código de Defesa do Consumidor e à Lei 10.213, deste ano, que determina que os valores praticados atualmente nesse campo não podem ser modificados até dezembro. Apesar desses e de outros diplomas legais, a área de medicamentos tem-se notabilizado tristemente por atropelar os esforços do governo e da sociedade para a estabilização da economia. A esse respeito, cumpre lembrar que a Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a matéria verificou que, entre 1994 e 1999, período inicial de vigência do Real, ocorreram majorações de remédios de até 551,77%, enquanto a inflação não ultrapassava 85,30%. Isso tem um nome: ganância. Há um aspecto que diferencia os medicamentos: trata-se de sua essencialidade para a população É certamente compreensível que, num segmento industrial dependente de insumos importados e de licenças externas, o impacto da desvalorização da moeda, que voltou a se acentuar com a crise argentina, haja sido considerável, autorizando eventualmente reajustes para compensar perdas cambiais. O que se vem tradicionalmente verificando, no entanto, é um empenho deliberado por altas continuadas, prejudicando especialmente os pacientes sem condições financeiras para seguir os tratamentos prescritos. Consuma-se, na prática, com isso, desrespeito ao preceito constitucional segundo o qual a saúde é direito de todos e dever do Estado. Pois há um aspecto que diferencia os medicamentos de outros bens comercializados livremente: sua essencialidade para a população. Não por outra razão é preciso que a denúncia formalizada no Distrito Federal faça soar o alerta em outros Estados, já que se trata de produtos fabricados por grandes laboratórios e que são distribuídos nacionalmente. É inconcebível que setores da indústria farmacêutica – que não é em absolutamente um segmento fabril comum – se valham de expedientes escusos como os citados, colocando em risco não apenas o bolso do consumidor, mas sua saúde. Outro crime inominável A morte do jovem tenista Thomás Engel durante uma abordagem policial em São Leopoldo, na madrugada de ontem, não pode ser considerada um simples acidente nem ser atribuída apenas ao despreparo do PM que disparou a arma. Há mais responsáveis e eles têm o dever de assumir a parte que lhes toca neste crime inominável que tirou a vida de um adolescente, destruiu um futuro, enlutou uma família, provocou muita dor e muita revolta, e aumentou ainda mais a sensação de insegurança da sociedade rio-grandense. A criminalidade é um problema nacional, mas as soluções têm que ser estaduais – e o modelo gaúcho de organização policial, ainda que inspire algumas lideranças políticas mal-informadas a copiá-lo, mostra-se a cada dia menos apropriado para proteger os cidadãos deste Estado. Quando um policial incompetente dispara contra um garoto indefeso numa ação de rotina, todo o sistema fica comprometido. Esse homem armado e pago pelo contribuinte estava naquela operação porque foi contratado para isso, passou numa seleção, recebeu farda e armamento para ser um agente da lei – e não um agente do infortúnio. Onde falhou o processo? Se o processo está falhando, a responsabilidade não é apenas do desastrado policial, mas também de quem o colocou lá, de quem o comanda, de quem deveria zelar para que as forças de segurança se preocupassem mais com os cidadãos e um pouco menos com a maldisfarçada prioridade de proteção aos chamados movimentos sociais. Se o processo está falhando, a responsabilidade não é apenas do desastrado policial Já não pode mais haver dúvida de que a polícia gaúcha está recebendo uma orientação equivocada. Há três semanas, outra abordagem da Brigada Militar resultou na morte de uma pessoa desarmada – um microempresário de Canoas, com sinais de espancamento e estrangulamento depois de um simples acidente de trânsito. Levado por policiais militares numa viatura da BM, ele chegou ao hospital muito ferido, com parada cardíaca e entrou em coma, vindo a falecer no dia seguinte. Depois de entrar em conflito com as corporações que comanda exatamente por defender uma visão mais humana da polícia, era de se esperar que o secretário estadual de Segurança já tivesse conseguido – em quase três anos de administração – passar aos seus agentes pelo menos algumas noções elementares de respeito à vida. Se tentou e não conseguiu, está devendo explicações aos cidadãos que se sentem acuados entre a violência crescente e a inépcia policial. Topo da página

09/03/2001


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