CÂNDIDO CULPA GOVERNO PELA CRISE E APÓIA CRÍTICA DE BRIZOLA



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) ocupou a tribuna do Senado na manhã desta quinta-feira (dia 24) para responsabilizar o governo federal pela crise econômica e pelo aumento do desemprego e para cumprimentar o presidente do PDT, Leonel Brizola, pelas críticas que este fez ao presidente Fernando Henrique Cardoso em recente pronunciamento transmitido por rádio e televisão. Segundo o senador, "há motivos e razões de sobra para se dar início a um processo por crime de responsabilidade contra o presidente da República e muitos de seus ministros".O senador petista congratulou-se com o ex-governador do estado do Rio de Janeiro e dirigente do PDT, ao "vê-lo, com determinação, acusar frontalmente o presidente da República e expressar sem meias palavras o anseio da maioria dos brasileiros, que é, como já indicado por diversas pesquisas de opinião, o fim deste governo, o qual tantos males vem trazendo a nosso povo".Cândido disse ainda concordar "plenamente quando ele (Brizola) diz: esse homem - assim como seu vice, Marco Maciel - não só levou o Brasil a este desastre como perdeu as condições de nos tirar do atoleiro". O parlamentar considerou que as acusações feitas por Brizola baseiam-se "em fatos notórios e em informações que não foram desmentidas".- Trata-se de bilhões de dólares que os bancos lucraram às expensas do dinheiro público. Trata-se da entrega descarada do patrimônio público e mesmo de parte de nosso próprio território ao controle de empresas estrangeiras. Trata-se da demolição dos serviços públicos. Trata-se da duplicação da dívida externa em quatro anos, isso se for computada em dólares. Trata-se da perda de nossa capacidade produtiva e do maior desemprego de toda nossa história - destacou o senador pelo PT fluminense.Cândido disse concordar com Brizola também na acusação de "traição aos interesses nacionais" feita ao presidente da República. A situação econômica e social do Rio de Janeiro foi igualmente abordada pelo parlamentar, que lamentou o fechamento de postos de trabalho provocado pela crise da indústria da construção naval, a perda de 500 empregos com o fechamento de uma fábrica de sorvetes da Kibon e a iminente dispensa de 6 mil guardas endêmicos que atuam em toda a Baixada Fluminense e não deverão ter seus contratos renovados pela Fundação Nacional de Saúde.Segundo o senador, o Ministério da Saúde não levou em conta o apelo que fez, "a fim de que 6 mil famílias não percam seu sustento já a partir de julho próximo". O governo federal informou que não tinha mais verbas para sustentar esse trabalho e que a responsabilidade deverá passar para o governo estadual e os municípios da região, acrescentou. Cândido previu um agravamento de surtos como dengue e hepatite na área que deixará de ser atendida pelos guardas endêmicos.Em aparte, o senador Artur da Távola (PSDB-RJ) discordou do pronunciamento de Geraldo Cândido e desafiou seu colega a "provar o envolvimento do presidente Fernando Henrique Cardoso em algum escândalo". Ele considerou o discurso "violento" e acusou o PT de considerar-se "dono da moral". A manifestação do parlamentar petista, por outro lado, recebeu o apoio dos senadores Lauro Campos (PT-DF) e Heloísa Helena (PT-AL).

24/06/1999

Agência Senado


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