Carlos Patrocínio culpa governo pela crise energética



A crise energética só tem um culpado: o governo. Esta foi a tônica do discurso do senador Carlos Patrocínio (PFL-TO), que criticou, nesta quinta-feira (dia 24), a equipe econômica do governo Fernando Henrique, que teria impedido investimentos na distribuição e na geração de energia, visando a privatização. Patrocínio eximiu de culpa, na crise, os ministros do PFL, que teriam alertado o governo sobre a necessidade de novos investimentos.

O senador lembrou ainda que a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) lançou, em maio do ano passado, um relatório alertando sobre o risco de racionamento de energia e a necessidade de economia. O relatório foi ignorado pelo governo. O senador mencionou também o alerta da ONG Ilumina, que aponta para prejuízos da ordem de US$ 50 bilhões por ano, caso o racionamento atinja apenas 15%.

Carlos Patrocínio atacou a privatização no setor energético, que, entre outras conseqüências, trouxe um aumento expressivo na tarifa de energia, estagnação nos investimentos e provocou o desemprego de cem mil pessoas. Além disso, os ganhos de produtividade das empresas privatizadas não são repassados ao consumidor, informou o senador, citando dados da Ilumina.

O aumento da demanda de energia e a queda de investimentos no setor, segundo Patrocínio, eram evidentes desde 1997. Ele salientou ainda que apesar de sobrar água no reservatório da Usina de Itaipu, não foram construídas as linhas de transmissão para levar a sobra de energia do Sul para o Sudeste. A crise enérgica, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas, também citados pelo senador, deve provocar a redução de 850 mil empregos, em todos os setores produtivos. As perdas com a arrecadação de impostos devem atingir US$ 3 bilhões.

Há dois anos o senador apresentou projeto, rejeitado pela Câmara dos Deputados, que obrigava o Conselho Nacional de Política Energética a propor políticas alternativas de energia, como a solar e a nuclear, o gás natural, o álcool e o carvão. Patrocínio destacou os benefícios do uso de energia solar e prometeu reapresentar o projeto.

Em apartes, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) parabenizou Patrocínio pelo discurso. O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) disse que o governo não merece toda a culpa. O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) lançou a culpa pela crise sobre a equipe econômica.

24/05/2001

Agência Senado


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