Para Cândido, "tragédia energética" é culpa do governo



Em discurso no Plenário, o senador Geraldo Cândido (PT-RJ) responsabilizou o governo pela "tragédia energética" que o país está vivendo, com a previsão de racionamento de energia, apagões e conseqüente prejuízo ao crescimento da economia. Ao desmobilizar as empresas do setor elétrico, disse Cândido, o governo acabou com o planejamento integrado e impediu novos investimentos.

- Tentar dizer, como vem tentando fazer o governo, que um ano de pouca chuva é o suficiente para gerar o colapso energético em que o país está é mentir descaradamente e duvidar da inteligência de todos - declarou o senador.

Na opinião de Cândido, a falta de investimentos no setor energético foi causada pela "fé fundamentalista do governo no mercado", que esperava o aporte de recursos privados. Mas, afirmou, o capital especulador só se interessou por apropriar-se dos ativos já em operação, com retorno imediato e muito lucrativo.

Como exemplo da responsabilidade do governo na ameaça de falta de energia, o senador citou a situação de Furnas, impedida pela equipe econômica de construir uma linha de transmissão entre o Sul e o Sudeste, que poderia ter sido concluída no ano passado, diminuindo o déficit de energia em grandes centros como São Paulo.

Cândido pediu ainda o afastamento do diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), José Mário Abdo, por acreditar que o dirigente manipulou números, afirmando que houve crescimento na oferta de energia para iludir a população.

- Pode-se responsabilizar o governo por prática dolosa ao assumir o risco de desmontar o setor elétrico, visando a privatização sem procurar dar à população a garantia de continuidade do serviço. O presidente Fernando Henrique Cardoso e os condutores de sua política econômica são os responsáveis pela crise que o país vai atravessar e têm que responder por isso, até mesmo com seus cargos - afirmou.

O senador considera que as conseqüências de blecautes e apagões podem ser trágicas, com o aumento da violência e do desemprego. Ele condenou ainda a privatização de Furnas e da Eletronorte, ressaltando que muitos países estão trilhando o caminho inverso.

Em aparte, o senador Paulo Hartung (PPS-ES) afirmou que não se pode punir o consumidor com multas por um erro que não é dele, mas do governo. Para o senador, o governo está perdido e não sabe como vai fazer o racionamento. Hartung acredita que a crise energética é mais grave que a crise política, pois atinge diretamente a população e ameaça o crescimento da economia.

O senador Roberto Requião (PMDB-PR) destacou que, apesar de o Paraná apresentar superávit na geração de energia, a inexistência de rede de transmissão impede a distribuição da eletricidade para outras regiões do país. Ele também culpou a "desacertada política de privatização do governo" pela ameaça de falta de energia.

10/05/2001

Agência Senado


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