Cândido diz que Petrobras persegue sindicatos
O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) denunciou que sindicatos e associações ligados ao setor petrolífero estão sendo perseguidos pela Petrobras por discordarem das novas regras de previdência impostas pela empresa. A estatal, segundo o parlamentar, suspendeu o desconto em folha da contribuição dos aposentados e pensionistas para as entidades representativas dos trabalhadores.
Geraldo Cândido explicou que essa contribuição sindical tem sido repassada pela Fundação Petros, entidade que gerencia o fundo de pensão dos petroleiros há mais de 30 anos, mas desde que a categoria interrompeu na Justiça a implantação do novo plano de previdência criado pela Petros, a fundação vem ameaçando cortar o repasse. O plano, afirmou, está suspenso desde 23 de novembro de 2001, quando a Federação Única dos Petroleiros (FUP) obteve a primeira liminar cancelando o processo de migração que havia sido imposto pelo gerenciador do fundo de pensão.
Na visão do senador, essa política de intimidação tem o objetivo claro de interromper a campanha que a FUP e os sindicatos vêm fazendo contra a implantação do novo plano de previdência, que transforma o sistema de benefício em contribuição definida. Nessa modalidade, informou Cândido, o valor da contribuição é fixo, mas o benefício que o contribuinte vai receber ao se aposentar depende do desempenho do fundo de pensões. Segundo o senador, além da perda de direitos, o novo plano tem por princípio a retirada ilegal de recursos do plano atual, visando esconder os déficits causados por más administrações do fundo.
O parlamentar disse ainda que, depois de ocupar parte de sede da estatal por aproximadamente 10 horas, mais de 40 dirigentes sindicais da FUP e da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet) receberam dos diretores da Petrobras e da Petros a garantia de que serão feitos os depósitos referentes a março.
- Arbitrariedades como esta são marca registrada do governo de Fernando Henrique Cardoso. Desrespeito, ameaças e retaliações contra sindicatos em vez do diálogo, descaso por decisões judiciais e falta de atenção com os empregados de suas próprias empresas. E mais uma vez o governo quer que os trabalhadores paguem por erros que ele próprio se recusa a assumir - afirmou o parlamentar.
Outra falha apontada pelo senador foi a recusa do presidente da Petrobras, Francisco Gros, em receber, na semana retrasada, as viúvas e os familiares dos 11 petroleiros mortos no afundamento da plataforma P-36, ocorrido no ano passado. Geraldo Cândido salientou que elas estavam acompanhadas de dirigentes sindicais e de parlamentares e ainda assim os portões foram fechados.
- Eu mesmo estive lá acompanhando as reivindicações dessas mulheres que, depois de um ano do ocorrido, além de seus direitos, exigiam que fossem cumpridas as recomendações das comissões que investigariam o acidente para evitar novas tragédias - concluiu o senador.
01/04/2002
Agência Senado
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