Cândido lamenta que Serra não tenha reintegrado os agentes "mata-mosquitos" do Rio



A epidemia de dengue no Rio de Janeiro assumiu a proporção atual graças ao ex-ministro da Saúde, senador José Serra (PSDB-SP), que não reintegrou os agentes da Fundação Nacional de Saúde, conhecidos como mata-mosquitos, demitidos em 1999. A opinião foi manifestada nesta quinta-feira (14) pelo senador Geraldo Cândido (PT-RJ). Ele denunciou ainda que Serra negou-se a recebê-lo em audiência no Ministério da Saúde para tratar do assunto.

- Serra sempre se negou a receber os mata-mosquitos quando ministro em Brasília. Em uma única oportunidade, na saída da Fiocruz (Fundação Instituto Osvaldo Cruz, no Rio de Janeiro), Serra conversou com os trabalhadores, disse que não foi ele quem mandou demiti-los e que iria promover a reintegração que nunca aconteceu - disse Cândido.

Para o senador, essa foi uma atitude "irresponsável" do ministro. Por esse motivo, disse Cândido, Serra é conhecido no Rio de Janeiro como o candidato-paradengue. O senador também reclamou do tratamento que recebeu do ministro.

- Essa é a primeira vez que um senador se nega a receber um colega da Casa. Ele deve achar que está acima de todos neste país; ele se acha o cidadão mais importante do Brasil. É uma falta de respeito com os colegas da instituição da qual faz parte. As pessoas que não demonstram respeito e consideração merecem o mesmo tratamento - afirmou o senador.

Em nome de Serra, o líder do PSDB, senador Geraldo Melo (RN), pediu desculpas a Cândido pelo não atendimento ao pedido de audiência. Segundo Melo, Serra reafirmou o respeito pelo colega senador, manifestou a "mais absoluta surpresa" diante da denúncia e afirmou não ter tomado conhecimento da solicitação de audiência feita por Cândido. "Em nenhuma hipótese o senador José Serra deixaria de receber um colega dentro ou fora do seu gabinete", afirmou Melo.

Cândido explicou que nunca faria uma denúncia se não fosse verdadeira. Ele revelou que sua chefe de gabinete, dona Zuzu, falou ao telefone com uma funcionária de nome Edith, responsável pela agenda de Serra, e solicitou a audiência. Segundo o senador, a funcionária respondeu dois dias depois para dizer que Serra havia viajado para São Paulo.

- Considero isso um absurdo e uma falta de respeito. Lamento, acho estranho e repudio esse tipo de comportamento. Se foi uma falha da assessoria, que o senador a corrija e não deixe o fato ocorrer novamente - acrescentou.

Melo reiterou as desculpas e pediu que Cândido não criticasse Serra pelo que este não fez. O líder do PSDB assegurou a Cândido que Serra o encontrará em seu gabinete ou no dele, no momento em que o senador petista desejar.

- O senador José Serra não tomou conhecimento da solicitação de Vossa Excelência e, se tivesse tomado, o teria recebido. Lamento que um acontecimento deplorável como esse possa formar uma imagem antipática do senador José Serra. Ainda bem que tendo sido líder estudantil, presidente da UNE, exilado político, deputado federal, secretário de estado, senador, ministro do Planejamento e da Saúde, ele não seja chamado de ladrão, corrupto ou incompetente - concluiu Geraldo Melo.



14/03/2002

Agência Senado


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