Carlos Bezerra cobra mais ação do Itamaraty contra o tráfico de mulheres
É necessário rever os procedimentos do Ministério das Relações Exteriores em seu papel de garantir os direitos de brasileiras sujeitas ao mercado do sexo no exterior. A preocupação foi manifestada pelo senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), ao fazer uma análise da evolução desse crime no mundo e da opressão enfrentada por suas vítimas.
Ele afirmou que, em apenas um ano, 5 mil brasileiras, com idade entre 18 e 25 anos, foram atraídas para países europeus. Também disse que a maioria dessas moças foi recrutada em bolsões de miséria de diferentes estados brasileiros, sob a promessa de trabalho honesto, mas encaminhadas para suprir a demanda de prostíbulos e boates no exterior.
No avaliação de Carlos Bezerra, as autoridades diplomáticas brasileiras procuram criar mecanismos que impeçam a ação cada vez mais ousada dos aliciadores e cafetões. "Porém suas iniciativas estão limitadas pelos deveres diplomáticos, restringindo-se ao repasse das queixas às autoridades policiais e à garantia, às vítimas, de abrigo, alimentação, algum dinheiro e passagem de volta ao Brasil", observou o senador.
Referindo-se a pesquisa censitária da ONU, Carlos Bezerra informou que, em todo o mundo, 4 milhões de mulheres são vendidas a cada ano. "Quase todas sustentam o mercado do sexo e muitas são mortas, torturadas, mutiladas ou mantidas em cativeiro, em total submissão ao terror imposto pelas máfias que comandam as redes de prostituição", acrescentou ele.
O parlamentar referiu-se ainda a investigações da Polícia Federal sobre o aliciamento de jovens para trabalhar na Espanha e em Portugal, onde eram coagidas à prática da prostituição e à entrega do dinheiro ganho a seus exploradores. De acordo com Carlos Bezerra, as brasileiras ainda representam o terceiro maior contingente de prostitutas da Europa, superado apenas pelo das refugiadas do Leste Europeu.
14/03/2002
Agência Senado
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