CARLOS BEZERRA DENUNCIA PM PELA MORTE DE SEM -TERRA
O senador Carlos Bezerra (PMDB-MT) denunciou hoje (dia 5) a"participação" de policiais da Polícia Militar de Mato Grosso no município de TerraNova, no assassinato ocorrido ontem à noite (dia 4), do líder sem-terra Teodomiro Ferreira de Souza. Ele afirma que existe uma "teia pública" montada por proprietários de latifúndios, jagunços e policiais militares na região, "que já matou, inclusive, o filho do próprio Teodomiro e outro colega trabalhador rural".
- As mortes são anunciadas - disse o senador, lembrando que por causa da "trama" já solicitara por diversas vezes, em seu nome e do seu partido, ao governador e ao secretário de Segurança, o afastamento do delegado de polícia de Terra Nova e membros do corpo policial local, conhecidos por todos os habitantes como participantes de tais crimes.
- Essa violência atrapalha a reforma agrária, quando Mato Grosso já assentou 40 mil famílias. Existe um segmento da sociedade que quer tratar essa gente como "bestas-feras" - indignou-se Carlos Bezerra.
Bezerra solicitou, em nome da Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Mato Grosso (Fetag-MT), ao ministro da Justiça, Iris Rezende, providências imediatas no sentido de que se dê um fim a essa "lamentável violência".
Ele foi aparteado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), líder do Bloco Oposição, que denunciou escaramuças ocorridas no Rio Grande do Sul, quando "rajadas de tiros" foram ouvidas em agrupamentos dos sem-terra localizados no interior do estado, ontem (dia 4) à noite. Suplicy lembrou ainda a impunidade em relação ao episódio ocorrido em Eldorado dos Carajás, há dois anos.
A senadora Emília Fernandes (PDT-RS), por sua vez, lembrou que os conflitos ocorrem porque o governo federal, com sua proposta neoliberal, não consegueconciliar política fundiária com política agrícola, esquecendo-se do aspecto social do problema.
Os senadores Odacir Soares (PTB-RO) e Ernandes Amorim (PPB-RO) também concordaram em que a política fundiária do governo não tem sido bem executada. Para Odacir, é um erro desapropriar pequenas propriedades, de mil ou dois mil hectares, quando existem muitos latifúndios improdutivos que permitem o assentamento de inúmeras famílias. Amorim informou que o hectare em Rondônia está na faixa de R$ 150: "O governo federal tem a grande oportunidade de realizar, a custo praticamente zero, a grande reforma agrária de que o Brasil tanto precisa".
05/03/1998
Agência Senado
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