Carlos Wilson denuncia quadro de fome e miséria no Brasil e no mundo



Às vésperas da comemoração do Dia Mundial pela Alimentação, no próximo dia 16, o primeiro-secretário do Senado, Carlos Wilson (PTB-PE), denunciou em Plenário, nesta quinta-feira (4), a existência de uma população superior a 830 milhões de famintos no mundo. Os dados são da FAO, organismo das Nações Unidas que trata da questão alimentar, e incluem os 16 milhões de brasileiros que passam fome, cerca de 10% da população do país.

Signatário de acordo junto à Cúpula Mundial de Alimentação, pelo qual as nações se empenhariam em reduzir a fome no mundo pela metade até 2015, o Brasil avançou muito pouco nesse compromisso, firmado em 1996, segundo Carlos Wilson. "Passados cinco anos, podemos afirmar que não há hoje no Brasil uma política de combate à fome", declarou. Na sua opinião, os "poucos" programas do governo federal na área têm "caráter emergencial" e estão "desarticulados" das diretrizes de política agrícola e segurança alimentar.

Mas o senador pernambucano diz que a "irresponsabilidade" governamental em lidar com a fome dos brasileiros não é "privilégio" da gestão de Fernando Henrique. Carlos Wilson lembrou a extinção do programa de distribuição de leite a famílias de baixa renda, criado no governo José Sarney, após irregularidades denunciadas durante o governo Collor. Na administração atual, o parlamentar assinalou o fim do programa de distribuição de cestas básicas à população carente, depois de ter sido considerado "caro e assistencialista".

JORNADA CONTRA A FOME

Invocando dados do relatório Mapa do Fim da Fome, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o primeiro-secretário do Senado informou que a erradicação da miséria e da fome no Brasil seria possível com a transferência anual de R$ 21 bilhões. Se não falta dinheiro para solucionar o problema, que teria um custo de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), falta "foco, objetivo, vontade política", na visão de Carlos Wilson.

- Salta aos olhos o caso específico do Brasil, onde os recursos do Estado são drenados pela corrupção ou para o pagamento de dívidas internacionais - disse. O senador trabalhista também critica a adoção de políticas compensatórias no combate à miséria e à fome, dizendo que o quadro grave observado na região Nordeste, por exemplo, foi acentuado pela burocracia na distribuição de cestas às vítimas da seca e pela extinção da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).

Diante dessa realidade dramática, Carlos Wilson disse que o Senado não pode nem irá omitir-se. E informou que a Casa, por meio de requerimento do senador Osmar Dias (PDT-PR), irá dedicar a sessão do Dia Mundial pela Alimentação ao debate da fome e da miséria no país. "Vamos empreender a Jornada Brasileira contra a Fome", anunciou, propondo que a estrutura de comunicação do Senado, composta por rádio, TV, agência de notícias e jornal, também destine sua cobertura jornalística ao tema.

 



04/10/2001

Agência Senado


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