Governo quer vencer professores pela fome, diz Carlos Wilson



O primeiro-secretário do Senado, Carlos Wilson (PTB-PE), afirmou nesta quarta-feira (14) que o governo federal está sendo arrogante nas negociações com as associações de docentes. O senador ressaltou que, ao enviar ao Congresso Nacional projeto que reajusta em 34% a Gratificação de Estímulo à Docência, o Ministério da Educação estabeleceu um impasse, um caminho sem volta para o movimento grevista. Além disso, acrescentou, o governo suspendeu os salários de outubro e, inconformado, recorreu de decisão do Superior Tribunal de Justiça, que considerou a medida coercitiva e determinou seu pagamento em 24 horas. "Querem vencer os professores pela fome e pela humilhação", criticou.

impôs mais sofrimento às famílias que têm filhos nas universidades ou em idade de prestar exame vestibular ao recusar-se a negociar com os professores e funcionários das universidades federais, em greve desde o último dia 22 de agosto. "Com essa atitude, o governo deixa toda uma geração de estudantes à mercê da incerteza e da insegurança", sentenciou o parlamentar.

Apenas em Pernambuco, segundo dados do senador, há 56 mil vestibulandos que concorreriam a 5.666 vagas distribuídas entre os 79 cursos das duas universidades federais, a Federal e a Federal Rural. Das 42 universidades espalhadas pelo país, 18 adiaram o processo de seleção por conta do movimento grevista, observou.

- E se a suspensão dos vestibulares resulta em transtorno e sofrimento, a perda de praticamente todo um semestre letivo, como está anunciado, representa um desperdício gigantesco para a nação - disse Carlos Wilson.

A pretensão dos funcionários e professores das universidades federais, informou, é a incorporação das gratificações ao salário e um reajuste de 75% correspondente a sete anos sem qualquer aumento salarial.

- Como ocorre com o funcionalismo federal, os professores tiveram dois terços de seus salários corroídos pelo desgaste da moeda. Estão condenados a viver com menos de vinte e cinco por cento do que recebiam por seu trabalho há sete anos - explicou.

O senador disse que o governo endurece com o funcionalismo e com os professores por conta de uma reivindicação que custaria R$ 350 milhões aos cofres públicos, mas é "extremamente generoso no socorro a instituições financeiras como os bancos Marka e FonteCindam". E concluiu: "Educação parece não ser mesmo prioridade no governo do educador Fernando Henrique Cardoso".

O senador Carlos Wilson (PTB-PE) afirmou que o governo federal está impondo ao meio acadêmico um dos períodos mais conturbados de suas história. A greve dos professores e funcionários das universidades federais já dura mais de 80 dias e provocou o adiamento do vestibular e a perda do segundo semestre letivo deste ano. Ainda assim, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, pretende endurecer nas negociações com os professores, de acordo com Carlos Wilson.

Segundo o senador, o governo federal concedeu reajustes a carreiras como procuradores e fiscais, mas rejeita as reivindicações dos professores.- Fico impressionado com o fato de que para o professor Fernando Henrique Cardoso os profissionais de educação e saúde da administração federal não estão incluídos nas carreiras consideradas prioritárias - disse.

Para Carlos Wilson, a postura prepotente do governo federal condena os professores ao extermínio. "As negociações demonstram a arrogância do governo federal. Suspendendo os salários, o governo quer vencer pela fome e humilhação", afirmou. Segundo Wilson, o "limite" do governo seria conceder 34% de reajuste na Gratificação de Estímulo à Docência, estendendo 60% dessa gratificação aos aposentados. Isso envolveria um custo de R$ 250 milhões anuais. "Curioso como os limites do governo nas questões de educação são curtos.

14/11/2001

Agência Senado


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