CAS debate criação de sistema nacional para o atendimento de autistas
"Se tudo correr bem, ao final desse processo teremos uma legislação nacional que proteja a pessoa com autismo em todos os aspectos relacionados à sua vida: dignidade, cidadania e serviços", disse o senador Flávio Arns (PSDB-PR) ao final da audiência pública da Comissão de Assuntos Sociais (CAS) realizada na tarde desta quarta-feira (17) para discutir proposta de criação de um sistema nacional integrado de atendimento aos autistas.
A proposta foi apresentada ao Senado pela Associação em Defesa do Autista (Adefa). A presidente da entidade, Julceli Vianna Antunes, descobriu há seis anos que o seu neto é autista. Depois de uma árdua busca por tratamento, descobriu o quanto é precário no Brasil o atendimento ao portador desse problema. Foi quando resolveu fundar a entidade Adefa.
- Se um autista que tem a felicidade de ter uma família, como o meu neto, enfrenta tantas dificuldades, imaginem os que estão por aí perdidos, jogados em porões, trancados em quartos ou em instituições que não podem oferecer praticamente nada do que eles necessitam. Por isso a necessidade da lei. Precisamos chegar a um resultado urgente, pois o autista tem pressa. Ele não pode esperar - afirmou Julceli Vianna.
A presidente da Associação Brasileira de Autismo (Abra), Marisa Furia Silva, tem um filho autista de 32 anos. Ela constatou que o Brasil não dá a devida atenção aos cidadãos portadores de necessidades especiais. Marisa contou que quando soube que a Adefa tinha elaborado uma proposta de legislação ficou preocupada com a possibilidade de essas regras "engessarem" determinados tipos de serviços dos quais os autistas necessitam.
Mesmo assim, Marisa Furia defendeu a necessidade de uma lei sobre o assunto. Ela destacou necessidades básicas dos autistas e seus familiares, como assistência social, educação, saúde e previdência. Marisa falou sobretudo sobre a necessidade de os médicos receberem uma melhor preparação para lidar com o portador de autismo, que, na maioria dos casos, não fala ou não consegue expressar o que está sentindo.
Marisa Furia contou o caso de uma criança autista que começou a se machucar, a bater com a cabeça na parede. Levada ao hospital, foi atendida por um psiquiatra, que a dopou. Morreu em uma semana porque o profissional da medicina não detectou que ela estava com o apêndice supurado. A presidente da Abra sugeriu que os médicos sejam orientados a, antes de medicar um autista, realizar todos os exames necessários para ter uma visão global do seu estado de saúde.
17/11/2010
Agência Senado
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