Casagrande aponta contradições no depoimento de Renan



O senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos relatores do primeiro processo por quebra de decoro parlamentar que o PSOL move contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética, afirmou, após o depoimento de quase duas horas do presidente do Senado à comissão de investigação do colegiado, na noite desta quinta-feira (23), que há contradições entre as explicações apresentadas pelo parlamentar e as conclusões da perícia realizada pela Polícia Federal para subsidiar o trabalho dos relatores.

Casagrande explicou que a principal dúvida se refere à evolução patrimonial de Renan Calheiros, já que, pelos documentos que foram apresentados, o senador possuiria uma "quantidade imobilizada de recursos muito elevada", o que significa que lhe sobraria muito pouco para custear suas despesas básicas.

De acordo com o relator, o senador teria recorrido a um empréstimo junto à locadora de veículos Costa Dourada Turismo para cobrir essas despesas. No entanto, tal operação não foi informada em suas declarações de Imposto de Renda. A Costa Dourada Turismo tem como sócio um primo de Renan, Tito Uchôa, que, segundo denúncia apresentada pela revista Veja, seria o "laranja" do senador em empresas de comunicação em Alagoas.

- Ele disse que fez o empréstimo para cobrir despesas pequenas no estado de Alagoas, e que não o declarou porque desejava que essas despesas fossem pagas de forma reservada. Um motorista ou assessor sacava esse dinheiro sempre que era necessário -disse o relator.

De acordo com o laudo da Polícia Federal, enviado ao conselho na terça-feira, o empréstimo, no valor de R$ 178.100,00 foi tomado à Costa Dourada em agosto de 2005. Os valores, no entanto, não transitaram em nenhuma das contas bancárias informadas pelo senador no período.

O relator também questionou o presidente do Senado a respeito de detalhes da contabilidade de suas fazendas. Segundo Casagrande, Renan explicou que o livro-caixa de suas propriedades não traduziria o lucro que ele de fato obtém com suas atividades agropecuárias. As despesas com funcionários, por exemplo, só informadas a partir do ano de 2006, seriam financiadas com recursos de um espólio.

Casagrande também informou que Renan Calheiros se queixou do "momento de extrema dificuldade", mas se disse "satisfeito com a perícia" e "confiante". Ainda segundo o relator, o senador não apresentou nenhum documento adicional, mas apenas esclarecimentos verbais.

- Ele respondeu às perguntas da forma como achou que deveria responder. Agora, cabe a nós avaliarmos se essas respostas são suficientes ou não - disse o relator.

Segundo Casagrande, cada um dos relatores elaborará seu próprio texto neste fim-de-semana. Na próxima terça-feira (28), ele se reunirá com Marisa Serrano (PSDB-MS) e Almeida Lima (PMDB-SE), e os três tentarão compatibilizar suas conclusões em um único relatório. O documento deverá ser posto em votação na quinta-feira (30).



23/08/2007

Agência Senado


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