CCJ chega ao consenso e aprova 16 projetos nesta semana



A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) analisou na última quarta-feira (4) um terço de sua pauta de 100 itens nesta semana de esforço concentrado do Senado, votando 31 deles. Foram 16 projetos aprovados, uma proposta de emenda à Constituição rejeitada, mais cinco requerimentos e nove ofícios aprovados.

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De acordo com o presidente da CCJ, senador Demóstenes Torres (DEM-GO) entraram em votação somente as matérias para quais havia consenso.

Segurança pública

Sem acordo entre os senadores, o PLS 249/05, que amplia o tempo de pena antes do livramento condicional de condenados por crimes hediondos, teve sua votação adiada. Também sem consenso, não foram votados os projetos (PLS 457/03 e PLS 59/05) que aumentam o tempo de prisão antes que se possa solicitar o benefício da progressão de regime prisional.

Destino diferente tiveram os projetos votados à reintegração dos presos à sociedade. A CCJ aprovou duas propostas voltadas à educação da população carcerária. A primeira reforça a previsão legal de que os presos têm direito à educação. Pelo projeto (PLS 461/07), a assistência educacional será oferecida tão logo os presos ingressem no estabelecimento penal, incluindo assim os presos provisórios. Terminativo, o projeto segue para a Câmara dos Deputados.

A outra, aprovada como base em três projetos de lei (PLS 265/06, 230/08 e 164/07), permite ao condenado submetido a regime de prisão fechado ou semiaberto reduzir sua pena se decidir estudar, na proporção de um dia remido para cada 12 horas de freqüência escolar. O estudo poderá ser no ensino fundamental, médio - inclusive profissionalizante -, superior ou de requalificação profissional.

Atualmente a Súmula 341 do Superior Tribunal de Justiça (STJ) já reconhece a remição para o preso que estuda, mas a proporção de estudo para cada dia remido depende da decisão do juiz de execuções penais. O texto substitutivo ainda vai a votação suplementar na CCJ, de onde seguirá para a Câmara dos Deputados.

Medidas especiais de proteção às testemunhas que colaborarem com as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) na elucidação de crimes e de atos de improbidade administrativa também foram aprovadas pela CCJ (PLS 243/05). Na legislação em vigor, esse tipo de proteção cabe apenas às testemunhas que depõem perante a Justiça. O texto aprovado segue à Câmara dos Deputados.

Prisão de eleitor

A CCJ também aprovou a possibilidade de prisão de eleitor às vésperas dos pleitos. Isso porque o atual artigo 236 da Lei 4.737/65 proíbe a prisão do eleitor no período de 15 dias antes da eleição a 48 horas depois da eleição, exceto nos casos de flagrante delito, por sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou por desrespeito a salvo-conduto.

Com a nova redação do artigo, dada pelo PLS 338/04, apenas os eleitores que são também candidatos aos cargos eletivos, ou membros da mesa ou os fiscais de partido terão essa prerrogativa de não serem presos nesse intervalo. O projeto foi aprovado em caráter terminativo na CCJ, e modifica a lei eleitoral para evitar o aumento da criminalidade justamente às vésperas das eleições.

Juizados especiais

Outras duas propostas aprovadas na quarta (4) ampliarão o acesso da população aos juizados especiais. O PLS 59/03 cria os juizados especiais itinerantes, que atuarão em áreas rurais ou de menor contingente populacional. Já o PLS 275/03 amplia o valor máximo das ações aceitas pelos Juizados Especiais Cíveis Estaduais de 40 para até 60 salários mínimos, como já fazem os Juizados Especiais Federais. Ambos os projetos vão à Câmara.

Concursos públicos

Duas das matérias aprovadas em Decisão Terminativa mobilizam os concurseiros do país, já que autorizam a criação de novos cargos efetivos no Ministério Público da União (MPU) e na Agência Nacional de Cinema (Ancine).

Para o MPU, o PLS 86/10 prevê 3.749 cargos de nível superior para analista e outros 3.055 para técnico, que, somados às 3.675 vagas autorizadas para funções comissionadas, totalizam 10.479 cargos e funções nos quadros de pessoal dos quatro ramos do MPU: Ministério Público Federal, Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Militar e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios.

Já a Ancine é autorizada pelo PLC 33/10 a realizar concurso para o preenchimento de 100 cargos. Criada há seis anos, a agência tem, atualmente, apenas 20 servidores efetivos.

Garagens

Também foi aprovada a proposta que proíbe proprietários de imóveis residenciais ou comerciais de venderem suas vagas de garagem a pessoas estranhas ao condomínio (PLS 219/03). O aluguel dos espaços, no entanto, poderá ser permitido caso haja autorização nesse sentido na convenção de condomínio.

Endossante

Os senadores da comissão aprovaram projeto (PLS 166/06) que altera o Código Civil para estabelecer que o endossante, salvo cláusula expressa em contrário, responderá pelo cumprimento da prestação constante do título por ele endossado, como devedor sol idário, dividindo, assim, a responsabilidade com o devedor do título. Pela legislação atual, o endossante já responde solidariamente pelo pagamento de notas promissórias, letras de câmbio, duplicatas e cheques. O texto também vai à Câmara.

Agravo de instrumento

O projeto que transforma o agravo de instrumento contra recusa de recurso extraordinário ou especial em agravo nos próprios autos (PLC 192/09) também recebeu aval da CCJ. O objetivo da proposta, que segue à Câmara, é dar maior celeridade ao Poder Judiciário, diminuir custos e tempo de trâmite processual e proporcionar economia de espaço físico, além de acabar com o número excessivo de recursos protelatórios.

Perda de herança

A CCJ também aprovou proposta (PLS 168/06), que torna automática a exclusão de herdeiro ou legatário já condenado pela Justiça como autor, coautor ou participante de crimes contra a pessoa que lhe deixar a herança.

Na prática, esse herdeiro indigno perde imediatamente o direito aos bens, tornando desnecessária ação judicial para esse fim. O texto ainda será votado pelos deputados.

Comissão do Processo Civil

A CCJ instalou a comissão de senadores encarregada de analisar o projeto do novo Código de Processo Civil (PLS 166/10), elaborado por uma comissão especial de juristas. Os senadores Demóstenes Torres e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) serão, respectivamente, presidente e vice-presidente do colegiado, que terá como relator o senador Valter Pereira (PMDB-MS) e demais membros os senadores Antônio Carlos Junior (DEM-BA), Marconi Perillo (PSDB-GO), Papaléo Paes (PSDB-AP), Almeida Lima (PMDB-SE), Romeu Tuma (PTB-SP) e Acir Gurgacz (PDT - RO).

Conselho Nacional de Justiça

A indicação da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon para integrar o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) também foi aprovada pela CCJ nesta semana e, no mesmo dia, referendada pelo Plenário da Casa.

O CNJ controla a atuação administrativa e financeira dos órgãos do Poder Judiciário, além de supervisionar o cumprimento dos deveres funcionais dos magistrados.

A pauta da CCJ desta quarta continha cem itens. Na reunião, o presidente do colegiado, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), esclareceu que estava colocando em votação somente as matérias nas quais havia consenso para votação entre governo e oposição.

PEC rejeitada

A CCJ rejeitou a proposta de emenda à Constituição 43/00, proposta pelo então senador Júlio Eduardo (AC), que transferia dos estados para a União a titularidade dos aquíferos de todo o país. O relator, senador Renato Casagrande (PSB-ES), substituído pela senadora Kátia Abreu (DEM-TO), considerou que a proposta é contrária ao modelo descentralizado de gestão de recursos hídricos.

Valéria Castanho/ Agência Senado


06/08/2010

Agência Senado


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