Chirac quer Brasil como parceiro da França para "globalização harmoniosa"



O presidente da França, Jacques Chirac, disse nesta quinta-feira (25), em discurso no Congresso Nacional, que a França e o Brasil devem unir suas vocações em prol de "um mundo multipolar harmonioso"e contra a "globalização desenfreada".Para Chirac, o Brasil "deverá ser membro ativo" de um organismo político sugerido pela França para regular o processo de integração global.

O chefe de estado francêslembrou que, já em 1964, o general Charles de Gaulle traçou o caminho que vieram a trilhar os dois países para responderem ao que chamou de "chamado da história".

- Sejamos os arquitetos de uma nova sociedade política internacional, os pioneiros de uma nova economia mundial, os militantes da justiça social planetária, bem como artífices de um diálogo de civilizações que recuse o choque das ignorâncias - pregou Chirac.

As raízes peculiares do Brasil (nação multirracial de fortes vínculos com a Europa e África) e da França (herdeira do iluminismo e portadora de mensagem universal) dariam o suporte histórico, cultural e político aos dois países, na implementação dessa luta.

O célebre antropólogo francês Claude Lévi-Strauss foi lembrado por Chirac como outro exemplo do entrecruzar de destinos de Brasil e França, dentro de uma visão alternativa e humanista. Autor do clássico Tristes Trópicos, Lévi-Strauss encontrou no Brasil, segundo o presidente francês, suas "intuições fundamentais". O Brasil seria, ainda de acordo com Chirac, "a metáfora do mundo moderno", por sua diversidade cultural, e "uma fonte constante de inspiração e sonho".

Mas já não mais o cenário idílico encontrado por Lévi-Strauss nos anos 30. O país compartilha com outros países os riscos da atualidade, como o tráfico de drogas, o crime organizado, o terrorismo, a proliferação das armas de destruição em massa e a instabilidade financeira, além da degradação ambiental.

Se, por um lado, defendeu uma abordagem alternativa da globalização, por meio de esforços solidários para diminuir a pobreza e a miséria, Chirac disse não ter ilusões quanto à necessidade de fortes investimentos em ciência, tecnologia e em técnicas comerciais e financeiras como meios de os países enfrentarem uma competição econômica que não cessará. Citou a consolidação da União Européia e a criação do Mercosul como marcos de um novo cenário de relações de comércio.

Lembrou que o Brasil e a França estão unidos em torno de propostas como o imposto sobre passagens aéreas internacionais, com destinação dos recursos para um fundo de ajuda aos pobres, e o aumento do número de membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas, instância na qual o Brasil teria bastante a contribuir.

Embora tenha elogiado a consolidação da democracia, o presidente da França não se referiu especialmente ao papel do Congresso. Na nota conjunta distribuída pelos governos francês e brasileiro, no entanto, o Congresso Nacional é elogiado pela aprovação do Acordo relativo à Construção de uma Ponte Rodoviária sobre o Rio Oiapoque, assinado em 15 de julho de 2005.

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25/05/2006

Agência Senado


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