Ciro e Freire recebem grupo de Britto de braços abertos



Ciro e Freire recebem grupo de Britto de braços abertos As repercussões da filiação do grupo dissidente do PMDB ao PPS, cujo ato solene será realizado amanhã, às 11h, está aproximando cada vez mais o candidato à presidência, Ciro Gomes e o presidente nacional do partido, senador Roberto Freire, do Estado. Ambos desembarcam hoje na capital onde deverão participar de uma série de encontros políticos e prestigiar o evento de ingresso do ex-governador Antônio Britto; do deputado federal Nelson Proença; dos deputados estaduais, Paulo Odone, Cézar Busato, Mario Bernd, Berfran Rosado e Iara Wortman. Iara, que estava no Chile, acompanhando o presidente da Comissão de Educação da Assembléia, realiza, às 14h, encontro com professores e lideranças ligadas à educação para explicar o seu ingresso no PPS. De acordo com o presidente do PPS gaúcho, Bernardo de Souza, o partido pretende realizar um grande ato amanhã, no CTG 35, para recepcionar publicamente os novos filiados que já assinaram as suas fichas na semana passada. De acordo com Souza, o ato mais importante, que considera "inédito na política brasileira" será a entrega de cópias de procurações emitidas pelos novos filiados, para que o PPS possa a qualquer momento quebrar os seus sigilos bancários, patrimonial e fiscal. " Eu mesmo já encaminhei a minha ao partido na semana passada", afirmou o deputado socialista. Sobre o comentado afastamento do PDT de uma aliança com o PPS, caso Britto seja candidato do partido ao governo do Estado, Souza antecipou que o PPS ainda não definiu candidaturas e a discussão de alianças continua aberta. "Isso será decidido pelas instâncias partidárias dentro de prazos já definidos e que não serão alterados", ressaltou. Para ele, o fato de que o ex-governador Britto esteja bem situado nas pesquisas, apenas demonstra que a sua escolha pelo PPS não alterou a sua posição frente a consulta anterior. Disse que o partido deve preparar um bom programa de governo, com propostas "afirmativas e propositivas", deixando de lado qualquer projeto pessoal, voltado ao crescimento do Rio Grande do Sul. Grupo de Odone pretende lançar Britto candidato ao governo O ingresso em uma legenda menor e menos estruturada do que o PMDB não impede o grupo dissidente do partido de sonhar com uma vitória do ex-governador Antônio Britto nas eleições do próximo ano. Para o ex-líder da bancada peemedebista na Assembléia Legislativa, Paulo Odone, que apresenta o sentimento do grupo, “Britto é valioso demais para ser desperdiçado como deputado”. Odone, assim como outros sete companheiros, é um dos mais novos militantes do PPS no Estado. Ele deixou o PMDB na semana passada, após mais de 30 anos de filiação. Qualificando a decisão de difícil, o parlamentar explica seus motivos e analisa as atitudes de ex-correligionários, como Pedro Simon, César Schirmer e Eliseu Padilha no episódio. Jornal do Comércio - O gesto radical de seu grupo deixando o PMDB terá como conseqüência a candidatura de Antônio Britto ao governo do Estado? Paulo Odone - Só faria sentido sair do partido se fosse para integrar um projeto novo. Nosso compromisso, inclusive do Britto, é de nos colocarmos absolutamente à disposição para um projeto novo para o Rio Grande e o Brasil. Queremos Britto liderando nossa participação, seja só com o PPS ou compondo parceria com outro partido. Mas, se não estiver liderando, vai ser participando ativamente como um dos grandes articuladores. JC - Britto é o que tem melhores condições de disputar o segundo turno contra o PT? Odone - Isso quem vai dizer é o povo. Penso que, hoje, sim. Percebemos isso andando na rua e conversando, inclusive, com quem não é militante. JC - A mudança de partido não afeta esse quadro? Odone - Não queremos fazer nada que se caracterize com a visão do anti. Nossa preocupação não é ser anti o atual governo, por mais fracassado que ele seja. Seremos propositivos. Teremos proposta de governo, porque os tempos são outros. O que se fez no passado, e era preciso, se fez. Agora, os tempos mudaram e o que precisamos fazer são outras coisas, como voltar para o lado do cidadão, do social. Para esse projeto, no imaginário do povo gaúcho está o Britto, por sua capacidade de trabalho e extrema compulsão pela realização e execução de tarefas. JC - Britto foi convidado a ser candidato pelo PMDB e não aceitou. Por que o faria em um novo partido? Odone - Britto não pleiteia candidatura. Se o fizesse, permaneceria no PMDB. Ele quer um projeto realizável e coerente, no qual possamos trabalhar, independente de ele ser ou não o candidato. JC - Seu grupo, que construiu carreira política no PMDB, deixou o partido por sentir seu espaço reduzido? Odone - Eu tinha muito espaço político no PMDB, com eleição praticamente garantida a deputado, talvez inclusive federal. Devido à eleição interna para presidente regional, teria uma bela votação no PMDB. Perco alguma coisa disso, a base da militância. Mas ganho mais fora do partido, porque a sociedade entenderá nossa postura de não querer explicar as contradições brutais que, infelizmente, o PMDB tem enfrentado. Não dá mais para explicar o Jáder julgando o Jáder. Isso é entendido pela sociedade. Tive um alívio quando tomei a decisão de sair. JC - O candidato do PPS Ciro Gomes ajudou a criar o Plano Real e agora critica a política econômica do governo federal. Ele é um exemplo de falta de coerência? Odone - O País não quer aceitar o radicalismo que a parte mais à esquerda do PT tem proposto. Consideram o PT uma esquerda não democrática, que não contribui positivamente com a política por seu autoritarismo e aspecto hegemônico, intitulando-se os puros e os donos da verdade. Entre o radicalismo de esquerda do PT e a ortodoxia e submissão do governo Fernando Henrique ao FMI, há um vácuo. Aí estão o Ciro, o Itamar, talvez o próprio Simon. As pessoas estão procurando uma terceira via. JC - O Ciro teria somente se adaptado a essa nova realidade? Odone - O Ciro está fazendo uma crítica da evolução do governo FHC, que não soube se libertar do seu próprio nó no plano da economia. JC - O desgaste provocado pela direção nacional, que tem entre suas lideranças o gaúcho Eliseu Padilha, exerceu papel decisivo no gesto de seu grupo? Odone - Sim, porque o ministro Padilha era articulador do governo FHC e controlava as candidaturas no Congresso Nacional. Os episódios que temos visto, de Jáder e de Renan Calheiros, por exemplo, têm ocorrido com a contribuição e articulação inteligente e bem sucedida do Padilha. É essa a péssima imagem do PMDB e do governo. Ganhou no Congresso com a eleição do Michel Temer, mas perdeu mais um degrau na rua. JC - Que papel o senador Pedro Simon exerceu no desfecho do episódio? Odone - Simon perdeu uma grande oportunidade de ser o patrono do PMDB. Devido à sua trajetória política, podia ficar fora da disputa pela direção regional. Pedi que ele ficasse distante para que, ao final do processo, pudesse intervir para preservar a unidade. Ele não considerou assim. Deixou de ser o patrono e não mediu o que estava fazendo. Quando Simon deu apoio ao Jáder para a presidência do Senado, eu tinha que ir para a televisão explicar que a atitude visava derrubar o ACM. Isso pode ser explicação para dentro do partido, mas não é argumento para a cidadania. Não sou purista, mas também não posso conviver com esse exagero de desafio à opinião pública. JC - O presidente estadual Cezar Schirmer fez alguma tentativa de reversão do conflito? Odone - Conversamos por telefone uns três dias antes da decisão e eu disse a ele que precisávamos manter vivas as nossas relações, com maior respeito e um certo carinho. Ele tem se portado com um belo padrão de presidente. Nós temos que manter isso, embora em partidos diferentes, porque não sabemos se amanhã não vamos estar juntos novamente. JC - Como explica o apoio de seu grupo à candidatura de Michel Temer ao comando nacional do PMDB? Odone - Apoiamos o candidato que defendeu a candidatura própria do PMDB à presidência e o nome de Pedro Simon. O Temer esteve em Porto Alegre e se comprometeu com o que estávamos pedindo. Garantiu apoio ao Simon, que aceitou integrar a chapa, já que o Maguito apoiava o Itamar. Nós, para não sermos contra o Simon, votamos no Temer. Cedi meu nome, inclusive, para o diretório nacional porque o Simon pediu. JC - A saída de seu grupo do PMDB gaúcho inviabilizou a candidatura do senador? Odone - Em todos os estados, comenta-se que a candidatura do Simon não é para valer. Dizem que vai ser traída, que o Simon não passa e que, se passar, não terá bons índices em pesquisas, o que terá como conseqüência a coligação com o PSDB. Na convenção, ninguém falava no nome do Simon. É uma candidatura para travar o Itamar, em função de ele não ter saído. Nossa saída não fará uma grande diferença no País. A candidatura do Simon depende da cúpula nacional. É muito óbvio que ninguém faz a campanha do Simon do Mampituba para cima. JC - Simon considera-se traído porque grupo ingressou em um partido que já tem candidato a presidente, sendo um de seus potenciais concorrentes. Como avalia? Odone - Se for falar em traição, eu fui meio expulso pelo Simon quando ele assinou, em seis de maio, ‘sou PMDB, sou Schirmer’, e o Odone não é. O Simon me disse que achou um horror aquilo ter sido publicado, que se ele soubesse não teria deixado. Fico pensando como é que se publica uma assinatura, num dia de eleição, e depois o autor da assinatura diz que é uma barbaridade o que fizeram e que ele jamais deixaria. Quero respeitar os companheiros que ficaram, mas não dá nem para insinuar que alguém aqui tenha traído o Simon. JC - Haverá defecções na militância peemedebista? Odone - Quem precisa mudar agora, em função dos prazos legais, são os candidatos. Não pedimos para nenhum prefeito, vereadores ou lideranças saírem agora. Façam isso depois, conversem com seus militantes, avaliem e vejam se é o melhor ou não. JC - Schirmer desafiou os deputados a renunciarem aos mandatos porque foram eleitos pelo PMDB. Segundo ele, se os eleitores soubessem da troca, talvez não tivessem votado em vocês. Como responde? Odone - Talvez eles também não tivessem votado no Schirmer, se soubessem que ele seria tão incompetente de deixar os deputados saírem. Talvez preferissem que o Simon e o Schirmer tivessem nos tratado diferente. Schirmer não vai patrocinar essa perversidade nem esse autoritarismo. Será que pensa que farei mal à sociedade como deputado? Schirmer quer cassar mandatos? Faz um AI-6. Ele sofreu tanto com o AI-5. Caçador de mandatos seria a última coisa para quem pertence à geração pós 64. JC - Quais as repercussões de seu encontro com Leonel Brizola para a futura composição com o PPS no Estado, já que o PDT nega apoio a Britto? Odone - Quem tem tolerância política e está preocupado com a situação do País precisa procurar convergências. Se todos estão querendo, construiremos uma opção que não seja o Lula nem o FHC. No Estado, é possível sair desse maniqueísmo. Ninguém quer jogar o terceiro turno entre o Britto e o Olívio. Muito menos repetir o governo anterior, mesmo que ele seja nosso candidato de um só partido. A manifestação de Brizola, pela posição do PDT contra as privatizações e outras ações do governo Britto, só pode surpreender algum ingênuo. Ela é coerente, mas nada impede que sejamos companheiros em algum projeto convergente em pontos fundamentais para o Rio Grande e para o Brasil. JC - Qual a opinião do grupo dissidente sobre o futuro político de Britto? Odone - Achamos que ele deve compor na chapa majoritária. Admite até participar da proporcional, mas é óbvio que ele é valioso, com uma capacidade de administração muito grande para ser desperdiçado com um mandato de deputado. Gostaríamos de vê-lo integrado a um projeto público, pactuado, aberto, até como governador do Estado. JC - Como avalia as críticas de Schirmer ao ex-governador, qualificando-o de personalista e arrogante, entre outros adjetivos? Odone - Essa é uma manifestação muita intolerante do Schirmer. Não fica bem para o presidente de um partido democrático, como pretende ser o PMDB. JC - Sobre os deputados, disse que a saída foi motivada por imaturidade política e espírito de aventura. É verdade? Odone - Despojamento, coragem, paz com nossa consciência. Até confesso que tenho espírito de aventura, afinal largar, como ele mesmo disse, uma eleição garantida por uma eleição de risco é uma aventura. Mas quando ando nas ruas não preciso mais fazer como o Schirmer: explicar o Jáder Barbalho. Antes de atirar pedras em nós, deve olhar para o partido dele e ver o que falhou. JC - Por que a escolha pelo PPS? Odone - O PPS nos oferece conforto, porque não está amarrado e nem radicalizado. Tem um campo bonito para construir e não nos impede de compor alianças com outros partidos, tanto que vamos apoiar o Ciro e o PTB vai estar junto na parceria nacional. Calçadistas gaúchos receberão incentivo A indústria calçadista gaúcha deve ser uma das próximas contempladas com o Fundo Verde Amarelo do Ministério de Ciência e Tecnologia. A afirmação foi feita ontem pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral. O Fundo Verde Amarelo prevê a destinação de recursos do Bndes e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finepe) para desenvolver a cadeia produtiva, integrando produtores e centros tecnológicos. Em reunião ontem com o governador Olívio Dutra, o ministro salientou o interesse do governo federal pelo Estado, uma vez que dos 10 principais produtos eleitos pelo Programa Prioritário de Exportações, lançado na semana passada, cinco são produzidos no RS. “Também 22 dos 61 setores prioritários podem ser encontrados na economia gaúcha”, afirma. Esta semana deverá ser lançado o fórum de competitividade para área de calçados, um grupo de trabalho formado pelo governo federal para discutir e viabilizar a implementação de medidas que beneficiem a produção. Os outros produtos gaúchos para os quais serão direcionados esforços e recursos especiais são carne, móveis, autopeças e máquinas. “Os sistemas locais de produção já estão bastante desenvolvidos nesses setores, o que facilita as exportações”, ressalta o governador Olívio Dutra. Na reunião, da qual também participaram os secretários do Desenvolvimento e Assuntos Internacionais, Zeca Moraes, e da Agricultura, José Hermetto Hoffmann, o governador pediu o acesso direto do Banrisul e do BRDE aos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), o que permitirá uma redução no custo dos financiamentos à produção. Atualmente, o acesso é intermediado pelo Bndes, que cobra uma comissão, e, assim, encarece os empréstimos. A necessidade de fortalecer as relações com os parceiros do Mercosul também foi apontada pelo governador. Amaral concorda com a importância do mercado, e diz que na reunião do dia 8 em Montevidéu, que contará com a presença dos presidentes dos países-membros, a posição do governo brasileiro será de buscar uma definição para a questão das alterações da Tarifa Externa Comum (TEC). Isenção de PIS/Cofins começa hoje A importância de incentivar as exportações de bens com maior valor agregado é destacada pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, como uma das diretrizes da Câmara de Gestão do Comércio Exterior (Gecex), criada na semana passada. Atendendo essa necessidade, entra em vigor hoje a medida provisória que isenta cadeias longas de produção de bens exportáveis do pagamento do PIS/Cofins. Amaral explica que até agora somente duas etapas produtivas eram isentas. “Isso acabava desonerando apenas os exportadores de básicos, já que a produção com maior valor agregado chega a passar por quinze etapas”, afirma. O ministro acredita que, com essa mudança, será possível incentivar as vendas de produtos mais elaborados, o que acaba tendo impacto sobre a renda e o emprego do País. Sergio Amaral estará hoje na sede Federação das Indústrias do Estado onde participará de uma reunião-almoço com industriais gaúchos. Chuva prejudica eleições na Capital Pelo menos 53 mil eleitores participaram ontem da escolha dos 40 delegados do Conselho Tutelar de Porto Alegre. A chuva forte atrapalhou a eleição na Capital. A expectativa da prefeitura era de que cem mil eleitores participassem do processo. O movimento de eleitores nas vilas foi mais intenso. A população escolheu pelo voto direto, entre 434 candidatos, seus representantes para o Conselho Tutelar. São eleitos cinco titulares e dez suplentes em cada uma das oito microregiões de Porto Alegre. O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, e o presidente do Tribunal Regional Eleitoral, desembargador Clarindo Favretto, acompanharam pela manhã a votação do prefeito Tarso Genro e do vice-prefeito João Verle. A lista dos conselheiros titulares eleitos está no site www.jornaldocomercio.com.br Artigos Sombras nas agências reguladoras Guilherme Socias Villela No Brasil, até há pouco tempo, quando se falava em agências reguladoras de serviços públicos delegados, havia indiferença, quando não forte reação e repulsa. Eram vozes de censura, em geral provenientes dos meios administrativos oficiais - onde gravitam a burocracia e a tecnocracia nacionais. Estas duas instituições brasileiras - a burocracia e a tecnocracia (uma espécie da caricatural "nomenclatura") - são antigas. Nasceram com a ocupação territorial do País. Ambas têm semelhantes raízes culturais. São gêmeas. Inseparáveis. Marcaram sua presença no Brasil colonial. Consolidaram-se no Império. Tornaram-se acionistas do poder do Estado republicano - de ontem e de hoje. Ademais, na condução e na resolução dos assuntos públicos nacionais, possuem o precioso e decisivo "voto vestibular de bastidor". De outra parte, a burocracia e a tecnocracia têm se feito presentes tanto nos períodos políticos restritivos quanto nos períodos democráticos. Ao fim e ao cabo, ambas descambam para um sôfrego corporativismo. Tem sido a regra. Por tudo isso, até há pouco, falar em entidades reguladoras era mexer com abelhas e marimbondos. Ferozes. Todavia, como tudo muda, hoje há novas tendências institucionais na administração pública brasileira. Trata-se da criação e da consolidação de novos entes reguladores. Como conseqüência, agora, boa parte da burocracia e da tecnocracia federais passou a adotar a idéia de migrar para essas novas entidades. Afinal, as primeiras organizações reguladoras aí estão: agências de energia elétrica, telecomunicações, petróleo, gás, águas (saneamento); e, em fase de implantação, as de transportes rodoviários, ferroviários, aquaviários e de portos. São organismos destinados ao controle dos serviços públicos essenciais delegados - consoante conceito tradicional do Direito Público. Mas, também surgiram outros órgãos similares - como o de vigilância sanitária. Destinam-se, estes, ao controle de serviços essenciais à população, mas não têm a natureza regulatória convencional. Outras entidades afins também têm sido anunciadas, como, por exemplo, a de controle de monopólios e a de aviação civil. E isso é até preocupante: tomara que não esteja havendo tendência para um certo "encilhamento regulatório" - afinal, até andam cogitando a criação de uma incrível agência para "regular" o cinema nacional! Seja como for, aconteça o que acontecer, a autonomia e a competência de um agência reguladora não pode ficar ao talante de sua incipiente "nomenclatura". Não pode, por isso, permitir que prospere, no seu âmbito, a cupidez de uma pretensiosa tecnocracia de regulação - quase sempre mais interessada na busca de vantagens pessoais. É preciso espantar sombras nas agências reguladoras. Colunistas Cenário Político - Carlos Bastos Ciro Gomes investe na adesão de Britto O presidenciável Ciro Gomes investe no Rio Grande do Sul na adesão do ex-governador Antônio Britto ao PPS. Hoje, ele estará chegando a Porto Alegre no meio da tarde, para uma visita à Câmara de Vereadores da capital, onde a vereadora Clênia Maranhão acaba de ingressar no partido, e à noite participa do encontro regional do PTB em Garibaldi, onde estará com o presidente da Assembléia, Sérgio Zambiasi. Amanhã, ele participa juntamente com o presidente nacional do PPS, senador Roberto Freire, da solenidade de filiação ao partido de todo o grupo liderado por Antônio Britto, cinco deputados estaduais e um federal. Participa da convenção nacional do CDL, à tarde, em Porto Alegre, e à noite faz palestra na Associação Comercial de Lajeado. Quarta-feira irá a Novo Hamburgo, Guaiba e Cachoeira do Sul, onde faz pronunciamento na União dos Vereadores do Rio Grande do Sul. Diversas O ex-governador Britto, o deputado federal Nelson Proença e os deputados estaduais Paulo Odone Ribeiro, Cézar Busatto, Berfran Rosado, Mário Bernd, Iara Wortmann, e a vereadora Clênia Maranhão, no ato de filiação entregam uma autorização para a quebra de sigilo fiscal, bancário e patriominal à direção do PPS. Senador José Fogaça deve decidir nas próximas horas se permanece em seu partido, o PMDB, e desiste de concorrer à reeleição em 2002, ou se acompanha Antônio Britto e seus companheiros de grupo e ingressa no PPS. Há quem sustente uma hipótese remota de Fogaça ingressar no PSDB do presidente Fernando Henrique. Quem deve definir hoje sua nova opção partidária é o ex-vice-governador Vicente Bogo, que está deixando o PSDB. Deve ingressar no PMDB para fazer dobradinha com o deputado federal Osmar Terra na região de Santa Rosa. Bogo se elegeu vice-prefeito daquele município, quando da eleição de Osmar Terra para a Prefeitura. Estão no Estado os diretores do Instituto Nacional Democrata, órgão de estudos políticos do Partido Democrata dos Estados Unidos, Justin Bender e Francisco Herrero. Segundo informação do presidente Jerônimo Goergen, vieram conhecer o trabalho desenvolvido pela Juventude Progressista gaúcha. As previsões entre os petistas é de que será sensacional a disputa entre os dois candidatos à presidência do Metropolitano, Adroaldo Corrêa, da Articulação de Esquerda, e Valdir Bohn Gass, da Democracia Socialista, no próximo domingo. A reacomodação de forças no segundo turno deixou a disputa parelhíssima. E no âmbito estadual para tentar reverter o quadro do primeiro turno, o candidato do PT Amplo, Paulo Ferreira, terá que aumentar a participação de militantes identificados com as tendências que o apóiam. Ferreira é o candidato do prefeito Tarso Genro. David Stival, da Articulação, que venceu o primeiro turno, aumentou de forma significativa o arco de apoios com a adesão da Ação Democrática, além das tendências que já o apoiavam no primeiro turno. Stival é o candidato do governador Olívio Dutra e de seus principais auxiliares no Palácio Piratini. Última A participação do presidenciável Ciro Gomes no ato de filiação do ex-governador Antônio Britto e seu grupo no PPS, amanhã, poderá distanciar ainda mais Leonel Brizola de sua candidatura à Presidência da República. O ex-governador do Rio de Janeiro só aceita uma aliança com o PPS no Rio Grande do Sul na hipótese de Britto não disputar nenhum cargo da chapa majoritária na aliança que se formar. Começo de Conversa - Fernando Albrecht O cartão do museu O Museu Júlio de Castilhos, que está se aproximando da comemoração dos 100 anos, acaba de lançar uma série de cartões postais para seus visitantes. A iniciativa foi da Associação dos Amigos do Museu Júlio de Castilhos, presidida pelo jornalista Danilo Ucha. Os cartões reproduzem uma das mais importantes peças do acervo do museu, uma imagem de São Francisco Xavier que data do século XVIII. A visitação é aberta ao público de terças a domingos. Um dos visitantes assíduos é o governador Olívio Dutra. Problemas de engenharia I O vereador Fernando Záchia (PMDB), presidente da Câmara Municipal, está às voltas com um problema. Cada vez que um edil sai de um e entra em outro partido sem representatividade, precisa-se criar nova bancada. Significa mais CCs, novas salas com computadores, impressoras, fax, mesas, cadeiras, etc. Só em uma semana foram criadas a bancada do PHS (Partido Humanista Brasileiro) ou Partido do Haroldo de Souza, ex-PTB, e o PPS (Partido Popular Socialista), de Clênia Maranhão, ex-PMDB. Problemas de engenharia II O problema já havia surgido com a criação da bancada do Partido Liberal do pastor Valdir Caetano, ex-PTB, quando já foi uma bronca arrumar sala e infra. "O problema dobrou e pode até triplicar" , explicou o presidente, ressaltando se o pastor Almerindo, ex-PFL e atualmente sem partido, criar mais uma nova bancada nanica. "Acho que terei que mandar construir um mezanino ou um anexo para acomodar tanta gente", finalizou Záchia. Ou seja, o problema de político passou a ser de engenharia. A lista da água A Agergs tem uma lista de tarifas cobradas pelas diversas empresas de saneamento do Brasil e nela a Corsan figura bem. Bem cara. Cada 10 m3 de água da Corsan custam R$ 36,27, contra R$ 3,77 da Deac (Acre) ou R$ 9,00 da Embasa (Bahia), ou R$ 17,82 da Casan (Santa Catarina). Mesmo a paulista Sabesp fica bem abaixo, entre R$ 11,92 e R$ 13,24. A segunda mais cara das 18 empresas estatais para 10 m3 é a paranaense Sanepar, com apenas metade da tarifa da Corsan. Nas diferentes faixas de consumo ( 10, 15, e 20m3) a Corsan tem o valor mais alto; só quando o consumo é de 30 ou 50m3 que ela não é a mais cara, embora fique perto. E o Estatuto? A eleição dos novos conselheiros tutelares levanta de novo a questão do uso de menores para fins ideológicos. O vereador Pedro Américo Leal (PPB) disse que o MST e o Estatuto são irreconciliáveis. "O movimento utiliza a exploração de crianças em seu trabalho profissional de ocupação de terras, o que é proibido pelo artigo 5º do ECA", afirmou. O parlamentar classificou o governo federal de "pateta" e as invasões de terra e prédios públicos de "farra". E foi fundo: "Eles mataram um cidadão em Jóia, invadiram o terreno do TRE em Porto Alegre e fica tudo por isso mesmo". Bom desempenho Na próxima quarta-feira o executivo Helmo Dias, diretor da Safe Administração de Recursos de Segurança, vai dar coletiva na Federasul para explicar como o seu cliente Santander conseguiu a proeza de ter apenas uma ocorrência de assalto no Estado neste 2001, com um prejuízo de apenas R$ 9 mil. É um desempenho excepcional diante do aumento de assaltos da ordem de 50% nos bancos gaúchos. Kurotel O Kurotel, de Gramado, foi considerado um dos 10 melhores Spas do mundo segundo a revista americana "W" e o mais requintado da América do Sul, com luxoso Spa e excelente clínica médica. O Kur é também o único sul-americano a fazer parte do guia dos 100 melhores do mundo. Ano que vem o Kurotel completa 20 anos. Milagre! A moda agora é o tal suco de clorofila, outro milagre natureba que cura de câncer a unha encravada. Já tivemos a febre da acerola, que tinha não sei quantas toneladas de vitamina C, da raiz de gengibre, suco de açaí, guaraná natural e por aí vai. Ainda vão descobrir que bolinha de cinamomo também é milagrosa. O apê do presidente O presidente argentino Fernando de La Rúa, teve que vender seu apartamento no elegante bairro da Recoleta por US$ 340 mil. A imprensa disse que o valor obtido condiz com o de um apartamento "médio". Em reais dá mais de R$ 800 mil, que em Porto Alegre seria o preço de um apartamento da alta classe média. Mas isso com o dólar a 2,73. Há um ano significaria o valor de um bom apartamento de Porto Alegre, mas não top de linha. Quer dizer, é sempre uma questão de câmbio. Problemas da cidade Leitor chama atenção para uma alteração no trânsito, a instalação de redutores de velocidade e faixa de segurança na avenida Diário de Notícias, na realidade uma estrada. Por quê? Pelo simples motivo de que nunca foi colocado qualquer tipo de calçada ou proteção aos pedestres, que tem de um lado uma pequena vila e de outro o Guaíba. Vai daí que os engarrafamentos se sucedem. Miúdas: Claro Digital anuncia amanhã às 10h30min a nova campanha promocional da empresa. Nova diretoria da Associação Brasileira de Telemarketing tem como presidente Pedro Renato Eckersdorf. Terceir@Terça de empresários de informática na Dado Bier tem mais uma adesão, a Federasul. Sindesergs empossa hoje a nova diretoria, às 19h30min no Deville, com Miguel Junqueira Pereira na presidência. Será dia 4 a entrega do Troféu Homens e Mulheres do Vale, do jornalista Chico Pereira. Unesul entra no segmento de Cursos no Exterior e cria o departamento Unejovem. Sofia Cavedon (PT) promove jantar para o reitor da Uergs, José Clóvis de Azevedo, dia 4 no Grelha do Porto. É amanhã às 9h30min no União o Leilão Dartis de Artes para o Hospital Espírita de Porto Alegre. Amanhã às 19h30min o consultor Jean Pierre Veiga fará palestra no prédio 8 da Puc sobre mercado de trabalho. Office Press do Brasil foi a agência de comunicação escolhida pela norte-americana Diveo Broadband Networks. Conexão Brasília - Adão Oliveira O candidato A saída de Antônio Britto do PMDB acabou com a amizade de muitos anos que unia Britto a Pedro Simon. Os dois não mais subirão no mesmo palanque. O senador, que foi um dos impulsionadores da carreira política do jornalista não está irritado. Pior, está magoado. A mágoa é um sentimento muito mais forte do que a zanga. Mas, passados os primeiros momentos do cisma, Simon já não esboça qualquer contrariedade. Está conformado. Ele parou de acusar seu ex-pupilo. Do jeito que vai, daqui a alguns dias, Simon já não sentirá saudade dele. A imagem de Britto será deletada. Bola pra frente. É a vida que segue! Mas, dizia uma velha raposa da política: "Eu esqueço os meus inimigos, mas não lhes esqueço os nomes". Com esse sentimento dá para prever que se o senador Pedro Simon não for o escolhido para ser o candidato do PMDB à Presidência da República, nas prévias de janeiro de 2002, e Antônio Britto concorrer pelo PPS à sucessão de Olívio Dutra, Pedro Simon assumirá a candidatura ao governo do Estado. Só para ter o prazer de disputar uma eleição contra ele. Simon está louco para mostrar para Britto que ele ainda é o maior líder do PMDB gaúcho. É um dos maiores do Brasil. Para isso, Simon nem precisa voltar ao passado, quando o Brasil estava mergulhado numa forte ditadura e ele era, no Estado, pelo velho MDB, um dos "heróis da resistência democrática". Britto sempre diz que quem gosta de passado é retrovisor. Simon não vive do passado. Ele é atuante, combativo e promete, ainda que seja candidato à Presidência da República, palmilhar o Rio Grande para rejuvenecer o partido, oxigená-lo. Seus amigos dizem que é agora que o Britto vai conhecer o Turco. Para Simon, a saída de Britto provocou as bases: "está todo mundo mordido, parece até o velho PMDB. E toda essa força será usada contra ele", alfinetou. Parece até que os seus amigos têm razão... Mas o senador não está mais preocupado com isso. Virou a página. Ele se mostra muito empolgado com a sua possível candidatura à Presidência da República. Reconhece que pode vencer as prévias de 20 de janeiro próximo, pelo apoio que tem recebido das bases. Desde 1950, quando Getúlio Vargas concorreu, que o Rio Grande não tem um candidato à presidência da República pelo voto direto. Isso o estimula. Pensando nisso, com mais de 70 anos e com uma saúde de ferro, o senador tem tido uma vida atribulada. Talvez o fim-de-semana que passou tenha sido o último em que o senador não tenha cumprido um compromisso oficial. Sábado, ele foi um dos conferencistas de um encontro da comunidade cristã que reuniu cerca de 300 mil pessoas, aqui em Brasília. Depois disso, o senador compareceu a um ambulatório onde realizou uma pequena cirurgia no olho. O domingo foi de papo para o ar. Não deu nem para ler. Só ouvir. Mas hoje Simon já estará trabalhando em seu gabinete no Senado. A semana vai ser dura. Além das obrigações como senador, Pedro Simon se reúne com a equipe que está montando seu programa de governo que será apresentado às bases do PMDB, com vistas às prévias de janeiro próximo. Dia 7 de outubro, o senador estará no Rio Grande do Sul. Nesse dia o PMDB lançará aí no Estado as prévias nacionais. Será a primeira aparição pública de Simon depois do cisma. Enganam-se os que pensam que ele vá criticar a decisão de Britto. O senador, com elegância, fará um discurso conclamando a união do PMDB. Editorial Os ataques suicidas de Cavallo contra o Mercosul Os seguidos ataques do kamikase Domingo Cavallo estão fazendo oscilar as duas torres econômicas do Mercosul, Brasil e Argentina. Sempre reclamando e passados seis meses após o retorno ao poder como salvador da pátria, Cavallo não conseguiu implementar suas teorias como o desejado, embora algum sucesso no reordenamento econômico argentino, começando pelo plano déficit zero. O inimigo do momento, segundo Cavallo e ao melhor estilo latino-americano, é o Brasil. Nem os US$ 10 bilhões de superávit que a Argentina acumulou, de 1995 a 2000, nas trocas comerciais com seus parceiros, especialmente o Brasil, sendo que neste ano de 2001 o saldo positivo bate nos US$ 600 milhões a favor dos portenhos, fazem o irriquieto ministro pensar. Absorvemos 26,5% das exportações argentinas, especialnmente trigo, petróleo, laticínios e automóveis, enquanto a UE compra 17% e os EUA apenas 11%. Timidamente, Fernando De la Rúa chama a atenção do seu autêntico primeiro-ministro. É que o presidente está enfraquecido pela oposição dos governadores e não consegue refrear a contestação sindical crescente. Somente o chanceler Adalberto Rodríguez Giavarini defende a TEC, o Mercosul e a aliança com o Brasil, para acertar-se com a UE e os EUA, trazendo esta posição ao encontro de São Paulo, sabe que seu país tem mais a perder do que nós, comercialmente. No entanto, Cavallo quer se atirar nos braços dos Estados Unidos, reatando as relações carnais que seu antigo chefe, Carlos Menem, assumiu um dia. Para o mundo, ficará outro exemplo da indisciplina e desorganização, características das nações abaixo do Rio Grande. A atenuante para as reclamações diárias de Domingo Cavallo é a desvalorização abrupta do real, que chegou a 40% neste ano, mas que vem recuando, graças às alquimias de Armínio Fraga, a raposa das finanças no galinheiro bancário. Como um peso vale um dólar, é evidente que é muito mais fácil vender do que comprar dos argentinos, mas não por culpa do Brasil. A sensação que fica é a de que o Itamaraty está entregando os pontos, não suporta mais tantas insinuações, a pior delas a de que a queda do real é política deliberada do governo de Brasília, grosso engano. Igual a uma moeda desvalorizada é estar sobrevalorizada, como aconteceu ao início do Plano Real. Flutuante, o real reflete as incertezas econômicas, as fragilidades das contas públicas, o déficit na conta corrente externa, o pequeno superávit da balança comercial e um grande percentual de especulação, agora travestida de "hedge", ou proteção, seguro contra o que pode acontecer no futuro. O Mercado Comum do Sul treme e Cavallo não respeitou sequer os quatro ministros das Relações Exteriores que estavam em Washington, tratando da proposta simplificada, feita pelos EUA, do acordo "Quatro Mais Um". Através dele, a Área de Livre Comércio das Américas, Alca, teria avanço. Via Cavallo, o Mercosul implode, de fato, quando o planeta está coberto de maus presságios econômicos. O PIB mundial crescerá não mais que 2,5% em 2002, os Estados Unidos ficarão abaixo disso, os países em desenvolvimento sofrerão. Como propôs Cavallo, também o Brasil terá de "se virar" sozinho. O sonho da integração pode durar somente uma década, é difícil acertar os ponteiros de um relógio que bate apenas os minutos seguintes, esquecendo as horas que virão, demoradamente, para as nações. Cavallo e De la Rúa sabem que a oposição tem tudo para ganhar as eleições agora em outubro, por isso escolheram um inimigo taliban. Se Pedro Malan e Celso Lafer estão distantes do fundamentalismo de Osama bin Laden, nem por isso deixam de ser xiitas na defesa dos interesses nacionais, o mínimo que deles se espera Topo da página

10/01/2001


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