Ciro Gomes descarta renúncia
Ciro Gomes descarta renúncia
Presidenciável do PPS reage à sugestão lançada por Leonel Brizola (PDT) de desistência da candidatura em favor da vitória de Lula (PT) no 1º turno
RIO - O candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes (PPS), mandou ontem o recado de que não admite a hipótese de renúncia. “O programa do PT não dá conta de desativar essa bomba relógio”, disse, referindo-se às dificuldades econômicas do País. Pouco antes, o ex-governador do Rio e presidente do PDT, Leonel Brizola, havia dito que a Frente estaria em “um momento de reflexão” sobre uma possível renúncia de Ciro em favor de uma vitória do candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno.
Ciro preferiu não confrontar diretamente as afirmações de Brizola, mas rechaçou a possibilidade de renúncia. “Tenho a missão de levar essa campanha até a vitória, no primeiro turno, para debater no segundo turno qual o melhor projeto para mudança do Brasil. Vão levantar contra nós todo tipo de pressão, chantagem e boatos, mas fui criado no meio da seca, de uma raça que entra na luta pra vencer ou morrer”, disse.
Brizola, que abraçou Ciro antes do início da caminhada, foi embora antes dele. Ao sair, disse que espera uma sinalização do PT. “Se o Lula, o José Dirceu e o PT vierem explicar que precisam de nós para vencer no primeiro turno, essa reflexão adquire um outro peso de responsabilidade. Vamos pensar não uma vez, mas duas vezes, sobre o que fazer.” No sábado, antes de um showmício em Petrópolis, Brizola havia dito que, apesar de o PDT manter seu apoio a Ciro, ele, pessoalmente, gostaria de dar um “impulsozinho” na candidatura do PT. Mas ressalvou que não tomará nenhuma atitude sozinho. “Nós somos partidos, não somos pessoas. Nós vamos decidir juntos e vamos unidos juntos para onde for.”
Ontem, a divisão na Frente ficou evidente com a afirmação do líder da bancada federal do PTB, Roberto Jefferson, de que é “radicalmente contra” uma possível renúncia de Ciro para viabilizar uma vitória de Lula. “A renúncia é pessoal e não existe essa chance. E ninguém pode falar nisso sem que o Ciro autorize, é um absurdo”, concluiu.
GAROTINHO ASSEDIA ELEITORES DE CIRO
O presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, fez um apelo ontem, no Rio, para que os eleitores de Ciro Gomes (PPS) votem nele no 1º turno. Apesar de dizer que não acredita na possibilidade de Ciro desistir, Garotinho acha que o candidato do PPS não tem mais chances de ir para o 2º turno. “Ele agora não tem mais possibilidade. Faltam poucos dias. Então peço que os eleitores de Ciro reflitam e ajudem a consolidar a minha presença no 2º turno”, afirmou, durante passeata na orla de Copacabana, ao lado da mulher, Rosinha, candidata ao Governo do Estado.
Questionado sobre o fato de uma possível renúncia de Ciro significar a vitória de Lula (PT) já no 1º turno, Garotinho disse não acreditar nessa hipótese.
FMI descarta risco de moratória no Brasil
WASHINGTON – O diretor-gerente e principal autoridade do Fundo Monetário Internacional (FMI), Horst Köhler, disse que a crise brasileira não deve levar o País à moratória (interrupção e renegociação do pagamento da dívida pública). “O Brasil sairá dessa situação sem a necessidade de moratória”, disse Köhler durante a reunião anual do FMI e do Banco Mundial, que acabou ontem.
O Brasil tornou-se um dos principais temas de conversas no encontro que reuniu as principais autoridades financeiras do planeta. O País é um dos mais atingidos pela instabilidade financeira global, que se tornou mais aguda a partir de março, provocada pelo baixo crescimento mundial, por fraudes nos balanços das empresas norte-americanas, pelo calote argentino e pelo aumento da inadimplência das empresas dos países ricos.
A crise é intensificada no Brasil devido ao baixo crescimento da economia, ao alto grau de endividamento do setor público e à incerteza a respeito do futuro da política econômica, provocada pela eleição presidencial deste ano.
Na sexta-feira passada, o dólar chegou a R$ 3,88 e pode ir a mais de R$ 4 hoje, devido ao vencimento de mais uma parcela da dívida pública em dólares e ao resultado da pesquisa Datafolha, com a possibilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencer no primeiro turno – um indicativo de mudança na política econômica. Como hoje será definido o valor do dólar pelo qual o Governo deve pagar uma parcela de sua dívida, o mercado deve especular de modo a elevar a taxa de câmbio.
Colunistas
PINGA FOGO - Inaldo Sampaio
Quem estaria eleito?
Conhecido e respeitado nos meios políticos pelo acerto de suas previsões, o vereador Liberato Costa Júnior acaba de fechar sua contabilidade para o pleito do próximo domingo. Em Pernambuco, segundo ele, venceriam Lula, Jarbas e os dois senadores da aliança - Marco Maciel e Sérgio Guerra. O “alianção” elegeria também 16 deputados federais, além de um 17º do PPS (Clementino Coelho), que não faz parte oficialmente da coligação. Já estariam eleitos:
Armando Monteiro Neto, Carlos Eduardo Cadoca, José Chaves, Luiz Piauhylino, José Múcio, Roberto Magalhães, Osvaldo Coelho, André de Paula, Joaquim Francisco, José Mendonça, Inocêncio Oliveira, Severino Cavalcanti, Salatiel Carvalho e Ricardo Fiúza.
Disputando as duas últimas vagas estariam: Pedro Corrêa Neto, Carlos Batata, Otto Glasner, Joel de Holanda e Raul Jungman.
Para a Assembléia Legislativa, pelo menos 16 do “alianção”, que elegeria entre 20 e 21, já poderiam encomendar o terno da posse, a saber: João Negromonte, Lula Cabral, Claudiano Martins, Raul Henry, Ricardo Teobaldo, Jacilda Urquisa, Bruno Araújo, Antonio Moraes, Lupa, Romário Dias, Geraldo Coelho, Ciro Coelho, Sebastião Rufino, Augusto Coutinho, Bruno Rodrigues e Henrique Queiroz.
Briga de foice
Ainda pelas previsões de Liberato, as duas ou três vagas restantes seriam disputadas por 16 deputados e quatro candidatos. Deputados: Antonio de Pádua (Toquinha), Diniz Cavalcanti, Garibaldi Gurgel, Geraldo Melo, Afonso Ferraz, Augusto César, Pedro Eurico, Israel Guerra, Geraldo Barbosa, Roberto Liberato, Elias Lira, Eudo Magalhães e Manoel Ferreira. Candidatos: Nena Cabral, Marco Aurélio Medeiros, Maviael Cavalcanti e Aurora Cristina.
Chapa de Arraes 1
Liberato Costa Júnior acha também que a coligação de Miguel Arraes, encabeçada pelo PSB, fará no mínimo quatro federais e no máximo cinco. Estariam eleitos: Arraes, Eduardo Campos e Carlos Lapa. E, disputando uma ou duas vagas: Gonzaga Patriota, Jorge Gomes, Djalma Paes, Clóvis Corrêa, pastor Francisco Olímpio e Nílson Gibson.
Chapa de Arraes 2
Para a Assembléia Legislativa, de acordo com Liberato, o PSB elegeria entre quatro e cinco. Estariam eleitos: Izaías Régis, José Aglaílson Júnior, Francismar Pontes e Carla Lapa. E, disputando a última vaga: José Augusto Farias, Totonho Valadares, Marcone Borba, Efigênia Oliveira, Ayrinho, Djalma Seixas e João Fernando Coutinho.
Partido de Ciro elegeria apenas um
Na opinião de Liberato, o PPS de Ciro Gomes - por absoluta falta de candidatos - terá apenas um representante na Câmara Federal, que seria Clementino Coelho.
Consequentemente, o senador Roberto Freire não seria eleito.
Partidos nanicos teriam apenas uma cadeira
Para a Assembléia Legislativa - garante o decano da Câmara Municipal - o PAN e o PST elegeriam apenas um representante, caso atinjam o quociente eleitoral. PAN: vereador José Alves. PST: ex-prefeito Newton Carneiro.
Chapa de Lula 1
Liberato diz também que a coligação PT-PL-PCdoB elegeria entre seis e sete para a Assembléia Legislativa. Quatro estaria m eleitos: Isaltino Nascimento, Sérgio Leite, Nélson Pereira e Dilma Lins. E, disputando as últimas vagas: Luciana Azevedo, Teresa Leitão, soldado Moisés e Roberto Leandro.
Chapa de Lula 2
Para a Câmara Federal, a coligação que apóia Lula elegeria entre quatro e cinco. Já poderiam comprar a roupa da posse: Maurício Rands e o pastor Marcos de Jesus.
Disputando as outras duas ou três vagas estariam: Fernando Ferro, Pedro Eugênio, Ana Paula, Paulo Rubem, Alberto Feitosa e Renildo Calheiros.
A coligação PV-PSD elegeria quatro estaduais. Estariam eleitos: Sebastião Oliveira Júnior e Lourival Simões. E, concorrendo às duas últimas vagas: João Braga, Toinho do Pará, Sílvio Costa, Ricardo Costa, Eduardo Melo, Fred Oliveira, Murilo Mendonça, Nadegi Queiroz e Aguinaldo Fenelon.
A coligação “Frente Trabalhista” elegeria entre quatro e cinco representantes para a Assembléia Legislativa. Estariam eleitos: Guilherme Uchoa, José Queiroz, Beto Gadelha e André Campos. Disputando a última vaga, se houver: Ulisses Tenório, Ettore Labanca, Rogério de Lucca, Vicente André, Cláudio Russell, Alf e Gilson Muniz.
O PSC do prefeito Fernando Rodovalho (Jaboatão) elegeria entre dois e três.
Virtualmente eleitos estariam: Ana Rodovalho e Ana Cavalcanti. Se emplacar o terceiro seria um desses três: Válter Souza, Jorge Chacrinha ou Eduardo Rodovalho. Liberato espera que não o “crucifiquem” por causa de suas previsões.
A coligação PPS-PSDC elegeria entre dois e três. Prováveis eleitos: Ranílson Ramos e Betinho Gomes. Se conseguir emplacar o terceiro, ele seria um desses candidatos: Augustinho Rufino, Adelmo Duarte, Demóstenes Veras, Luiz Vidal ou Vera Letícia. O PTN do deputado Gilvan Costa ficaria sem representante por não atingir o quociente.
Editorial
GUERRA E PAZ
Causa inquietação no mundo inteiro a belicosidade exibida sistematicamente pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em suas falas ao povo americano e para o resto do planeta Terra. Não está em discussão, nem se rejeita, o direito desse povo e do seu Governo de indignar-se com o terrorismo que se abateu de um modo tão feroz sobre seu grande país, e de tomar providências drásticas para quebrar o braço insidioso dos fanáticos. O que se discute é aquilo que os romanos chamavam de modus in rebus (a maneira de fazer as coisas). A invasão do Afeganistão pode ter tido o bom resultado de afastar do poder o fanatismo mortal e maluco dos talibans; mas não atingiu o objetivo de capturar Osama bin Laden nem de desbaratar sua central de terrorismo, a Al Qaeda. A conjuntura ali é instável e os talibans ainda ditam regras longe de Cabul. Tumultuar o frágil e precário equilíbrio (se é que se pode chamar assim) da situação no Oriente Médio também não ajuda em nada a vitória contra o terrorismo.
E é o que Bush e seu Governo estão fazendo, mesmo antes de suas tropas entrarem, como ele ameaça, no Iraque. Deteriora-se o conflito palestino-israelense. O preço do petróleo sobe, causando sérios problemas aos países que não o produzem, conseqüentemente à economia mundial. Os países árabes rejeitam a guerra contra Saddam Hussein; ao contrário do que aconteceu quando da Guerra do Golfo. Os tradicionais aliados europeus dos EUA, com raras exceções, não apóiam uma nova guerra contra o Iraque. Mesmo dentro dos EUA, há resistências crescentes. E dentro do próprio Governo, o secretário de Estado, Colin Powell (que, como militar, comandou a Guerra do Golfo), procura diplomaticamente conter a belicosidade de Bush. Para desgraça geral, há uma combinação explosiva dessa determinação de ir à guerra com a divulgação de novos escândalos financeiros nos EUA. E há quem diga que Bush aposta na guerra para livrar-se do envolvimento, seu e de membros do seu Governo, em fraudes fiscais e outros pecados.
Como se sabe, os EUA são os atuais herdeiros do Império Romano, onde se aplicava o princípio Si vis pacem, para bellum (se queres a paz, prepara a guerra), um princípio nitidamente imperialista: a única paz aceitável para Roma era a que ficou conhecida como pax romana. Será que o mundo atual só poderá ter uma pax americana, uma paz ditada e controlada pelos EUA, após tantas guerras quantas Bush julgar necessárias? Parece ser essa a sua posição, pois ele criou recentemente uma doutrina Bush; como houve, no passado, uma doutrina Monroe, fonte de muito atraso para a América Latina. É ponto pacífico que uma guerra como a que Bush propõe não põe fim ao terrorismo. Poria, se se conseguisse acabar com todos os terroristas, suas famílias e casas, como o Governo de Ariel Sharon está tentando fazer com os palestinos. Só se acaba com o terrorismo eliminando suas causas.
A doutrina Bush pretende fazer tábula rasa de todos os tratados de não-proliferação de armas nucleares assinados pelos EUA e arquivar as estratégias de contenção, vigentes desde os anos 40, que os EUA aplicaram em relação à União Soviética. E ainda: os EUA vão utilizar seu poderio militar e econômico para encorajar “sociedades livres e abertas”. Ótimo. Só que há um problema, nesse caso: é que os conceitos de sociedade livre e de ditadura, do establishment americano, variam de acordo com seus eventuais interesses. O presidente dos EUA deveria se lembrar de que um grande estadista, seu antecessor na Casa Branca, Franklin Delano Roosevelt, foi à guerra (e que guerra!), mas para defender valores universais, uma paz sem adjetivos; e não para expandir a pax americana, herdeira da pax romana de um império que já ruiu.
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09/30/2002
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