Serra e Ciro Gomes empatam em 17%
Serra e Ciro Gomes empatam em 17%
Ibope mostra que Lula ganharia no segundo turno de qualquer adversário
RIO - Pela terceira semana consecutiva, o candidato da Frente Trabalhista (PPS-PTB-PDT), Ciro Gomes, perdeu votos e, com 17%, está empatado em segundo lugar com o candidato do Partido Social da Democracia Brasileiros (PSDB), José Serra, de acordo com a mais recente pesquisa do Ibope, divulgada, ontem, pelo Jornal Nacional, da Rede Globo. A consulta mostra que o candidato tucano, José Serra manteve o mesmo desempenho da semana passada e não se beneficiou da queda da queda de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista que caiu quatro pontos. O número de indecisos subiu na mesma proporção e passou de 10% para 14%.
O candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, permanece estabilizado em primeiro lugar, com 35%, mais do que as intenções de voto somadas de Ciro e Serra. Anthony Garotinho, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), também repetiu o desempenho da pesquisa anterior e mantém o quarto lugar, com 11%.
A pesquisa mostra que, desde o início do horário eleitoral, cresceu o número de indecisos em segmentos que nas últimas eleições foram os últimos a decidir seu voto.
Entre as mulheres, por exemplo, os indecisos subiram de 13% para 18%.
Nessa faixa do eleitorado, Ciro caiu de 21% para 16%. Entre os eleitores de 35 a 49 anos, os indecisos passaram de 10% para 15% e o índice de intenção de votos de Ciro caiu sete pontos, de 23% para 16%. No eleitorado com mais de 50 anos os indecisos aumentaram de 17% para 21% e o índice do candidato da Frente Trabalhista encolheu de 21% para 16%.
O Ibope entrevistou 3 mil eleitores de 31 de agosto a 2 de setembro, em 202 municípios. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos.
Nas simulações para o segundo turno, Lula continua ganhando de seus adversários. No confronto com Ciro, a diferença aumentou de seis pontos (47% a 41%) para dez pontos (48% a 38%), em relação à pesquisa anterior. Contra Serra (48% a 39%) e Garotinho (51% a 33%) não houve alteração nos resultados. Em outra simulação, Serra derrotaria Ciro por 41% a 38%.
O índice de rejeição de Ciro também vem aumentando nas últimas três semanas. Nesse período, o número de eleitores dispostos a não votar de jeito nenhum no candidato da Frente Trabalhista passou de 13% para 20%. No mesmo período, a rejeição de Lula caiu de 31% para 29%, a de Serra passou de 24% para 20%, e a de Garotinho, de 26% para 22%.
O número de eleitores que já assistiram pelo menos um dia ao programa eleitoral subiu nove pontos e agora é de 67%. Entre os eleitores que estão indecisos, 15% dizem que Lula está fazendo a melhor campanha na televisão. Serra vem em seguida, com 11%, e Ciro tem 7%.
Lula e Maluf levam susto em aviões
SÃO PAULO - Ontem, o candidato do PT à Presidência, Luís Inácio Lula da Silva, enfrentou problemas durante um vôo. Ele seguia para Passo Fundo, no Rio Grande do Sul quando houve um problema hidráulico no jato executivo da TAM que levava a equipe petista. O defeito foi percebido durante o sobrevôo no Paraná. A aeronave retornou a São Paulo por volta das 11 horas e Lula embarcou em outro avião para Passo Fundo. Apesar do susto, Lula manteve sua agenda de campanha no RS. O petista fez comícios e teve atividades políticas em três municípios: Passo Fundo, Caxias e Porto Alegre.
O comandante Edgar Perez e o co-piloto José Roberto França perceberam no painel a luz indicativa de baixa pressão no sistema hidráulico. "Por medida de segurança e observando o manual do fabricante, o comandante da aeronave desceu o trem de pouso, avisou os passageiros e comunicou a torre que estava regressando a Congonhas", diz a empresa, em nota. O avião - um Cessna - foi recolhido ao hangar para exame dos componentes. Lula e sua comitiva seguiram viagem em outro Cessna Citation da TAM, por volta das 11h50.
MALUF - O candidato a governador Paulo Maluf (PPB-PL) teve dois sustos no início da tarde de ontem, dia em que completou 71 anos, quando seguia para dois compromissos na região de Ribeirão Preto. Dois jatos da Líder Táxi Aéreo, tiveram falhas ainda em São Paulo e a viagem foi cancelada, pois um terceiro aparelho não estava disponível. O 1º jato decolou, ficou cinco minutos no ar e fez um pouso de emergência no Aeroporto de Congonhas e o segundo teve a decolagem abortada na pista do aeroporto.
No primeiro vôo, houve uma explosão grande. Por causa de um defeito na válvula de pressurização, o ar ficou quente na cabine e o piloto foi obrigado a fazer um pouso de emergência, retornando a Congonhas. Pouco depois, em outro jato, o piloto parou quando o painel apontou que uma das turbinas estava perdendo a força. Como o terceiro avião da empresa particular demoraria para ficar à disposição, a viagem foi cancelada.
Maluf passaria rapidamente, por Ribeirão Preto, onde seria recepcionado com um bolo de aniversário por políticos e candidatos a deputado da região. Depois, ele iria para São Joaquim da Barra, onde, num evento, mais de 25 prefeitos da região manifestariam o apoio a ele.
Ciro Gomes é notificado criminalmente
BRASÍLIA - O ministro da Saúde, Barjas Negri, anunciou que entrou nesta tarde com uma notificação criminal contra o candidato à Presidência pela Frente Trabalhista, Ciro Gomes, para que ele confirme as declarações que deu ontem, durante o debate na TV Record. No debate, Ciro disse que a corrupção no Ministério da Saúde era generalizada.
Caso Ciro confirme as declarações, a Advocacia Geral da União vai processá-lo por crime de calúnia.
"O Governo não aceita que haja denúncia sem apuração. No Ministério da Saúde não tem corrupção, não tem desvios de recursos. O que não pode é nenhum candidato desrespeitar o serviço de saúde. Se ele tem denúncias, ele tem que encaminhar para as instâncias cabíveis", afirmou.
Barjas Negri rebateu, ainda, declarações do candidato do PSB, Anthony Garotinho, mas disse que ele não será processado porque as críticas que ele fez no debate são meramente administrativas. "O prejuízo à população do Estado em função da irresponsabilidade do Governo estadual foi muito grande", disse oministro, referindo-se ao fato de Garotinho não ter gasto o dinheiro repassado pelo ministério no combate à dengue.
Segundo o ministro, foram repassados R$ 11 milhões e os recursos ficaram 18 meses parados na conta do Estado sem ser gasto. Ao invés de aplicar no combate à dengue, segundo o ministro, o dinheiro foi aplicado no mercado financeiro.
INSS tem esforço concentrado
Com um orçamento enxuto de apenas R$ 1 milhão/ano, o Programa de Desburocratização do Governo Federal implantou nos últimos dois anos 700 medidas nos órgãos públicos federais para eliminar a burocracia.
O esforço concentrado foi feito no Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), para facilitar o atendimento aos 40 milhões de segurados da Previdência Social. Já estão em funcionamento, o auto-atendimento nas agências do INSS, os serviços on-line de concessão de benefícios e o atendimento móvel, através do Prev Móvel. São quatro barcos com 68 funcionários públicos que percorrem a região da Amazônia para levar os benefícios do INSS à população ribeirinha.
Mesmo assim, os segurados ainda penam com o atendimento lento nas agências do INSS. A gerente Nacional do Programa de Desburocratização, Elisa Martins, reconhece que os serviços da Previdência Social têm ainda que melhorar. Segundo ela, não depende somente do servidor, mas do cidadão que deve se informar para cobrar seus direitos. Elisa participou, ontem, aqui no Recife do Seminário Multiplicadores da Desburocratização, promovido pelo Governo estadual. Segundo ela, o Governo prioriza o INSS porque é o único órgão que presta serviço direto ao cidadão.
Durante o seminário, Elisa fez um balanço das medidas adotadas em conjunto com os Estados e municípios para desburocratizar o acesso do cidadão aos serviços públicos. Ela citou alguns resultados obtidos pelo Programa de Desburocratização do Governo de Pernambuco. Entre eles, a descentralização do atendimento ao usuário do DETRAN-PE. Segundo ela, o Governo federal cortou cerca de 15 resoluções para agilizar o acesso da população aos serviços dos órgãos gestores do trânsito.
Há algumas normas burocráticas no Brasil, como o reconhecimento de firma nos documentos, que ainda são exigidas da população. O procedimento foi extinto desde 1968, mas não foi eliminado. Elisa explicou que existem vários projetos de lei em tramitação no Congresso Nacional tratando sobre o assunto. Segundo ela, os lobbies impedem a aprovação da medida. "A cultura burocrática existe no Executivo, no Judiciário e na elaboração das leis", disse. Em Pernambuco, há um decreto estadual eliminando essa exigência dos documentos.
Artigos
Serra, Lula e a governabilidade
Abelardo Baltar da Rocha
As candidaturas de Lula e Serra são as que devem ir para o segundo turno. Essa é a melhor solução para o Brasil conturbado dos dias de hoje, pois tratam-se das duas candidaturas mais consistentes. O País livra-se, assim, do que poderia ser muito pior. O importante é que o vencedor garanta a governabilidade, nesse momento difícil porque passa o Brasil, o que só poderá ocorrer se exercer o mandato com base em uma ampla e heterogênea frente política. A vitória de Lula pode se constituir numa saída relativamente satisfatória para o enfrentamento da crise atual, mesmo considerando os empecilhos que representam para seu desempenho a sua inexperiência administrativa. Mas se Lula não quiser governar sozinho, juntando-se a outros partidos que disponham de quadros experientes, acho que há condições de que consiga realizar uma gestão razoável.
Evidentemente, a dobradinha PTPL, contando com o prestígio eleitoral de Lula, pode até ganhar a disputa presidencial, entretanto precisa de um suporte político muito mais amplo se quiser, realmente, governar com eficiência. Por isso, Lula necessitaria ter no seu governo vários setores do PSDB, PMDB, PPS, PDT, PSB e, também, segmentos à direita que se comprometam, verdadeiramente, com a governabilidade. As dificuldades do petista para implantar uma frente tão ampla serão os estreitos xiitas de seu próprio partido. Se Serra, o mais experiente, vencer o raciocínio poderia ser análogo. Partiria do centro para a esquerda. Governaria tendo como uma das principais bases de apoio a centro-esquerda. Isso fica claro quando diz que sua gestão não será mera repetição da de FHC. As restrições que sofrerá por parte dos aliados, frentistas históricos, serão muito pequenas.
Assim, tanto vencendo Serra como Lula, estariam juntos amanhã muitos dos adversários eleitorais de hoje, o que é essencial para se poder tentar, de fato, enfrentar os gravíssimos problemas que se colocam, no presente momento, para a sociedade brasileira. O acordo com o FMI, por exemplo, necessário ao Brasil devido às circunstancias a que se chegou, e que deve ser cumprido na integra, pois as autoridades governamentais não podem sair "rasgando" por aí os compromissos assumidos internacionalmente, "engessa" em demasia as ações do futuro Governo. Obriga-o quase a seguir linhas predeterminadas. A administração de problemas complexo, como esse, sobretudo quando se leva em consideração a gravíssima situação social em que se encontra o País, requer que os que venham a governá-lo disponham de uma base de sustentação política muito ampla, em que estejam representados os mais variados segmentos da sociedade, pois todos esses segmentos terão de contribuir nos "acertos" que tornem a economia brasileira menos vulnerável às pressões externas. Não há como fazer diferente.
O próximo período presidencial será muito difícil. Se iniciará num contexto bastante adverso devido ao clima recessivo que vem prevalecendo, ultimamente, no sistema econômico mundial. Uma economia vulnerável,como a brasileira, dependente em muito de financiamentos externos para fechar suas contas e, conseqüentemente, para poder se expandir, deverá, portanto, continuar passando por "maus momentos". Só terá condições de "sobreviver" com dignidade se o País for governado por uma frente politicamente muito ampla, uma frente que tenha a sensibilidade social necessária para conciliar o rigorismo fiscal, exigido, sobretudo, pelos compromissos internacionais assumidos, com as imensas demandas materiais advindas das populações pobres. Essa é a principal contradição a ser enfrentada pelo futuro Governo. Contradição que poderá ser melhor administrada por um Governo em que tenham representatividade as forças de centro-esquerda, pois as mesmas possuem melhores condições de negociar com a sociedade as dificuldades que vai necessariamente ter que passar. O que não há espaço são para as soluções tradicionais pela direita, pois a gravidade da situação social não mais permite que quase todos os esforços da Nação continuem sendo dirigidos, tão somente, para se alcançar o equilíbrio formal da economia.
Colunistas
DIARIO Político - Divane Carvalho
Apesar de ter ficado 12 minutos fora do vídeo, enquanto durou o bate-boca entre Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB), quem se beneficiou do debate promovido pela TV Record, segunda-feira, foi sem dúvida Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Poupado pelos adversários ele retribuiu a gentileza e também não atacou ninguém, bem no estilo Lulinha amor e paz, como ele se denomina, agora. Nem quando reclamou a Bóris Casoy do tempo extra concedido aos dois candidatos que disputam o segundo lugar na corrida presidencial. E que por pouco não foram às tapas, cada um mais agressivo que o outro, para delírio dos petistas. Com a experiência de quem tenta se eleger presidente da República pela quarta vez, Lula também não esbravejou em nenhum momento, como nas outras campanhas, e ainda fez uma dobradinha com Anthony Garotinho (PSB) delegando ao candidato socialista a tarefa de instigar Serra sobre a dengue. O que ele cumpriu com competência, vale ressaltar, como se a jogada tivesse sido bastante ensaiada. Os dois fizeram uma tabelinha tão perfeita no primeiro bloco do programa, um perguntando ao outro sobre questões administrativas, que escantearam Ciro e Serra sem nenhuma dificuldade. Como no primeiro debate, na TV Bandeirantes, os candidatos ficaram devendo aos eleitores explicações mais detalhadas de como pretendem reduzir os índices da violência e gerar os milhões de empregos que prometem, para citar só os dois temas mais debatidos desta vez. Ou eles vão continuar pensando que os candidatos só sabem prometer, nada mais.
Os deputados fazem sessão solene na Assembléia, hoje, para comemorar os 23 anos da anistia política. Além de 150 anistiados políticos pernambucanos, estarão presentes representantes do Gajop, Tortura Nunca Mais e Cendhec
Encontro
Egidio Ferreira Lima, um dos fundadores do PSDB, vai participar do Encontro com Serra, hoje, na Blue Angel da Ilha do Retiro, às 16h. O evento que reunirá empresários, artistas, políticos e militantes do presidenciável tucano.
Serviço
A partir de sexta-feira começa a funcionar o Disque TRE, um serviço criado pelo Tribunal Regional Eleitoral especialmente para tirar dúvidas dos eleitores 24 horas por dia. Através do telefone 3412-0123.
Campanha 1
Roberto Magalhães, do PSDB (foto), ficou muito irritado, ontem, quando foi barrado por um segurança do Banco do Brasil, na avenida Rio Branco, que o impediu de entrar na agência antes do início do expediente, às 10h.
Campanha 2
O ex-prefeito e candidato a federal estava tão indignado que ameaçou até tirar o dinheiro do banco quando apareceu um paciente funcionário e contornou a situação permitindo que ele entrasse. Campanha tensa, essa.
Debate
Será transmitido pela TV Universitária, amanhã, às 18h, o debate com os candidatos ao Senado promovido pelo Diretório Demócrito de Souza Filho, da Faculdade de Direito da UFPE. Marco Maciel já avisou que não vai.
Turismo
José Serra (PSDB) amanhece em Porto de Galinhas, hoje, onde grava para seu guia eleitoral sobre turismo. A praia mais badalada de Pernambuco será destaque no programa de TV do presidenciável tucano.
Alca 1
Para evitar desgastes eleitorais, o PT desembarcou do Plebiscito Nacional sobre a Alca ( Área de Livre Comércio das Américas) que começou dia 1 e vai até o dia 7. Mas o partido está bem ativo na campanha, informalmente.
Alca 2
A legenda de Luiz Inácio Lula da Silva mandou fazer 100 mil exemplares de um jornal para esclarecer sua posição sobre a Alca, nem contra nem a favor, muito pelo contrário, uma tentativa de não se desgastar junto aos militantes.
Psicologia
Os 40 anos da regulamentação da psicologia no Brasil serão lembrados, hoje, em sessão solene na Câmara do Recife, a partir das 16h. Por iniciativa do presidente do legislativo municipal, Dilson Peixoto (PT).
Reunião
Roberto Freire (foto) e Nelson Borges, do PPS, fazem campanha juntos, hoje, no Clube da Chesf, no Bongi, a partir das 20h. O objetivo do encontro é impulsionar as campanhas de Freire a federal e de Borges ao Senado.
Editorial
ESPERANÇAS FRUSTRADAS
Dez anos atrás, o Brasil foi o anfitrião do histórico encontro mundial batizado de Rio-92. O Mundo emergiu mais esperançoso daquela maratona de negociações: nações ricas e nações pobres, países pequenos e grandes potências tinham finalmente reconhecido que a Humanidade habita uma casa comum; que essa casa, a Terra, estava ameaçada pelo desenvolvimento predador, desigual e irresponsável; e que havia, afinal, uma tarefa comum a ser empreendida, com o objetivo de proteger o meio ambiente e garantir uma vida digna às grandes populações miseráveis do planeta.
Que enorme diferença para o sentimento de fracasso que toma conta do Mundo ao fim da Cúpula Mundial para o Desenvolvimento Sustentável de Joanesburgo! Apelidada de Rio+10, para sublinhar a continuidade e o progresso em relação ao encontro do Rio de Janeiro, a reunião recém-encerrada na África do Sul mostrou que as belas palavras e grandes propósitos de dez anos atrás encontram poderosos obstáculos nos interesses políticos e econômicos estabelecidos.
Tratam-se de interesses tão poderosos que juntaram de um mesmo lado da mesa de negociações os Estados Unidos e países árabes tratados como inimigos pelo governo de Washington. Inimigos políticos, por certo, mas parceiros na economia do petróleo - portanto, igualmente interessados em esvaziar a proposta sustentada pelo Brasil e pela União Européia de fixar metas concretas e mensuráveis para a substituição dos combustíveis fósseis por novas fontes de energia limpa e renovável.
É irônico, para dizer o mínimo, que o governo dos Estados Unidos, no mês do aniversário dos atentados de 11 de setembro, faça frente comum com países que há pouco o presidente George W. Bush acusava de integrarem um "eixo do mal". Mas a tanto alcança o poder do lobby petrolífero. O texto finalmente negociado omite qualquer referência a metas e prazos, limitando-se a uma exortação genérica aos países para que façam esforços voluntários no sentido de aumentar a participação das fontes renováveis na sua matriz energética.
Alguns avanços resultaram da Cúpula de Joanesburgo, particularmente o compromisso de reduzir pela metade, até 2015, o número de habitantes do planeta sem acesso ao saneamento básico. Mas a sensação geral, sintetizada com felicidade pelo ministro do Meio Ambiente do Brasil, José Carlos Carvalho, é a de que se comemora a vitória mínima de não ter andado para trás. É resultado muito modesto para tão grande esforço.
Há dez anos, o então presidente dos Estados Unidos, George Bush, fixou os limites das concessões que estava disposto a fazer na Rio 92: o american way of life não está em negociação, disse ele. Seu filho o repete de forma ainda mais taxativa: George W. Bush nem sequer compareceu ao encontro de Joanesburgo (ao contrário do pai, que passou algumas horas no Rio de Janeiro em 1992).
O presidente francês Jacques Chirac usou uma imagem eloqüente na África do Sul: se o nível de consumo de recursos naturais dos países ricos fosse ampliado para o Mundo inteiro, precisaríamos de mais dois planetas para sustentá-lo. Essa é a questão fundamental a ser enfrentada. São os países ricos os maiores predadores do meio ambiente, para manter seu altíssimo nível de consumo e bem-estar material. A eles cabe a maior mudança se quisermos que as esperanças da Rio/92 não se transformem em frustração irreversível.
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09/04/2002
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