Ciro Gomes nega ser o ‘plano B’ do Governo









Ciro Gomes nega ser o ‘plano B’ do Governo
Candidato da Frente Trabalhista rebate críticas de que há semelhanças entre o seu projeto econômico e o de José Serra. Ciro se esquiva sobre um eventual apoio de FHC à sua candidatura, num segundo turno

FORTALEZA – O candidato da Frente Trabalhista à Presidência da República, Ciro Gomes, rebateu ontem, em Fortaleza, críticas de adversários, que o apontam como o ‘plano B’ do Governo Federal. Até amigos como o ex-governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), já afirmaram que há 99% de semelhanças entre o projeto econômico dele com o do tucano, senador José Serra. Na sexta-feira (19), Tasso declarou, inclusive, acreditar no apoio do presidente Fernando Henrique à candidatura de Ciro, na hipótese de ele ir para o segundo turno contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre o apoio de FHC, Ciro preferiu se esquivar: “Estou com os pés no chão.

Quero ver se consigo pelo menos ir para o segundo turno”.

Sobre a comparação entre as propostas econômicas, Ciro classificou de equívoco, e acusou Serra de não ter programa nessa área. “Faltando o que dizer comigo, tentam me intrigar. O que o Tasso quis dizer não foi em relação ao programa econômico.

Porque ele sabe que o meu programa é completamente distinto do atual Governo. E o
candidato do Governo não tem programa. Eu simplesmente desafio qualquer pessoa que me diga aonde é que está o programa do candidato oficial”, atacou.

Sobre eventuais apoios à sua candidatura por parte do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL), da ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PFL) e do pai dela, senador José Sarney (PMDB), Ciro afirmou que eram especulações da imprensa. Admitiu somente conversas com ACM. “Com ele eu estou conversando normalmente.”

Ele confirmou que vai conversar com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga. E falou sobre a carta de intenções que seria assinada com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Disse que governar “é papel do governo”, mas que cabe à oposição “examinar criticamente o que está errado e oferecer alternativas”.

Ciro esteve ontem pela manhã em Fortaleza, pedindo voto no 5º Encontro de Mulheres Clientes Pague Menos, promovido por uma rede de farmácias do Ceará, que colabora com a campanha dele à Presidência. Desta vez, não levou a atriz Patrícia Pillar. Sob a insistência de populares que queriam saber onde ela estava, o candidato respondia: “Patrícia está repousando”.

Diante de uma platéia de cerca de cinco mil mulheres, Ciro fez campanha para a ex-esposa, Patrícia Gomes, além de citar o amigo e padrinho político Tasso Jereissati, ex-governador do Ceará.


Garotinho mistura política e religião em busca de votos
BRASÍLIA – Em baixa nas pesquisas de intenção de voto, o presidenciável Anthony Garotinho (PSB) usou de sua condição de evangélico para pedir votos anteontem à noite em um evento de líderes da Igreja Sara Nossa Terra, onde se misturou política com religião e críticas ao Governo. Bíblicas, Garotinho pediu engajamento em sua campanha e votos “no presidente que vai discutir valores e se preocupar com a família”.

O candidato lançou um slogan para ser usado pelos evangélicos na hora de pedir votos. “Ele é meu irmão, ele é crente, mas eu voto nele porque ele é competente.”

Na onda dos presidenciáveis de aproveitar a presença da família nas campanhas, Garotinho subiu no palco com a filha Clarissa, 21, que havia passado o dia em Brasília fazendo panfletagem. Em uma fusão de religião e política, o presidenciável se ajoelhou no palco do Ginásio Nilson Nelson, o maior do Distrito Federal, para ouvir a oração do bispo Robson Rodovalho, o líder da Igreja Sara Nossa Terra, na qual classificou a pretensão de Garotinho à Presidência da República de “projeto divino e não um projeto humano”.

“Deus, o Brasil não merece o que está passando. Somos um país maravilhoso, com riquezas e com um povo maravilhoso. Coloque políticos hábeis e honestos. Coloque nosso irmão Anthony Garotinho na Presidência do Brasil em nome do Senhor Jesus Cristo.”

Ontem, entusiasmado com o público estimado em 10 mil pessoas que o esperava em uma igreja evangélica de Sorocaba, São Paulo, Garotinho, previu uma virada nas pesquisas de intenções de voto que o colocam em quarto lugar entre os presidenciáveis. “Em mais algumas semanas vou ser o segundo”, avaliou.


LULA DÁ COMO CERTO O APOIO DE ITAMAR
O presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem que “já é certa e definitiva” a presença do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), em seu palanque. “Conosco para outros Estados, isso já está consolidado”, afirmou Lula, na posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O possível apoio de Itamar é disputado entre Lula e o tucano, José Serra. A reaproximação de Itamar com o FHC e seu apoio ao presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB), na disputa pelo Governo de Minas, geraram dúvidas sobre a possível adesão do governador à campanha petista. Lula, no entanto, disse que “o apoio é certo”. Na quarta-feira, o petista disse que se encontrará com Itamar em Minas para acertar a participação na campanha.


Wilson ignora Ilo e pede voto para Humberto Costa
Candidato a senador pela Frente Trabalhista, que tem Ilo Jorge na disputa pelo Governo, Carlos Wilson faz campanha casada com o petista Dilson Peixoto e defende voto em Humberto

Os candidatos ao Senado da Frente de Esquerda, petista Dilson Peixoto, e da Frente Trabalhista (PTB/PDT), Carlos Wilson, decidiram “casar”, definitivamente, suas candidaturas na campanha eleitoral, pedindo o voto fechado em um e outro e no candidato ao Governo estadual, Humberto Costa. Ontem, em comício no centro comercial de Camaragibe, do qual participou o prefeito do Recife, João Paulo, dois recorreram ao mecanismo do voto casado.

O senador Carlos Wilson, embora a Frente Trabalhista tenha candidato ao Governo, Ilo Jorge (PDT), e usando da discrição, pediu voto para Humberto Costa, repetindo o que fez no sábado em Vitória de Santo Antão e Ferreiros, quando acompanhou a chapa. O senador faz citações ao histórico político de Humberto e recomenda o voto no petista.

“Por que não eleger um governador que venha para as ruas?”, discursou em Camaragibe.

O petebista – que é o segundo senador da Frente de Esquerda, em coligação branca – confirmou que ele e Dilson decidiram vincular as candidaturas, reforçando-se para enfrentar a dobradinha Marco Maciel/Sérgio Guerra. “Estou pedindo voto para Dilson no interior, onde ele é menos conhecido”, resumiu Wilson. “Temos que eleger um outro senador que tenha compromisso com Pernambuco, que defenda os interesses do Brasil. Quem vota em Carlos Wilson, vota em Dilson, quem vota em Dilson, vota em mim”, discursou para o público.

“Peço voto para Carlos Wilson porque ele honra o mandato que Pernambuco lhe deu”, retribuiu Dilson, pedindo, também, que o povo eleja o primeiro senador pernambucano do PT, no caso, ele. “Tentamos em 1998, com Humberto Costa, mas, infelizmente, Pernambuco mandou outro omisso, o José Jorge (PFL), que nada faz, que obrigou FHC a escolher outro ministro (Pedro Parente) para enfrentar a crise de energia”, disparou Dilson.

Apesar da aproximação cada vez maior, Carlos Wilson e a chapa de Humberto têm tido uma preocupação comum: evitar aparecer juntos nas filmagens para o guia eleitoral.

As duas equipes de TV estão orientadas a filmar sem incluírem um e outro. Quando Wilson discursa, Humberto e Dilson ficam mais afastados, e vice-versa.

O candidato da Frente Trabalhista ao Governo, Ilo Jorge, por sua vez, disse ontem que “não sabe até que ponto” a multiplicidade de palanques irá ajudar a candidatura à reeleição de Wilson, o candidato oficial ao Senado de sua coligação. Ilo disse que “o correto” seria o senador pedir voto para ele (Ilo), “por dever de sentimento ético”, mas que compreende a dificuldade de Wilson de conciliar tantos apoios.


Encontro de Fraga com FMI vai agitar o mercado
SÃO PAULO – O dia de hoje promete turbulências no mercado, onde as atenções se voltam para a possibilidade de um novo acordo entre o Brasil e Fundo Monetário Internacional (FMI). A vice-diretora gerente do FMI, Anne Krueger, reúne-se, às 15h de hoje, com o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que na última semana negou já estar negociando um novo empréstimo com o fundo.

Foi justamente Fraga que acabou dando margem aos rumores de negociações, quando embarcou para os EUA, há duas semanas, com o objetivo de melhorar a imagem do Brasil junto aos investidores dos EUA e resgatar a confiança no país.

Na bagagem, o presidente do BC trouxe o apoio do triunvirato da economia global – Horst Köhler, diretor-gerente do FMI, Paul O´Neill, secretário do Tesouro dos EUA, e Alan Greenspan, diretor-presidente do Fed, banco central norte-americano.

As manifestações favoráveis foram imediatamente interpretadas pelo mercado como a iminência de uma nova linha de crédito, que suavizaria possíveis solavancos na transição presidencial.

Só que Fraga negou, o FMI negou e o mercado levantou então mais uma possibilidade: a de que o Fundo e o governo estariam então costurando um acordo de transição com os principais candidatos à Presidência – Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PPS), José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) – para garantir que o país continue a cumprir metas fiscais.

Para tentar conter uma possível alta do dólar, o BC fará leilões de contratos que garantem ao investidor a variação da taxa de câmbio.


ANS autoriza dois tipos de reajuste para plano de saúde
SÃO PAULO – Pela primeira vez a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) decidiu autorizar, neste ano, dois tipos de aumento de preços para os planos de saúde individuais: um, de 7,69% – para as empresas que não reajustarão os honorários das consultas médicas em 20%. E outro, de 9,39%, para aquelas que darão esse reajuste aos médicos.

No entanto, o novo critério criou uma polêmica no setor. Apenas 84 empresas solicitaram reajustes de preços com aumento para os médicos. Outras 163 – entre elas, todas as seguradoras – pediram o reajuste menor.

Com isso, a crise entre as partes foi gerada. “A reação das operadoras é clara: elas estão querendo forçar um litígio com a área médica e jogar a responsabilidade sobre a ANS”, afirma o presidente da Associação Médica Brasileira, Eleuses Vieira de Paiva.

Na sua opinião, as empresas querem, dessa forma, forçar um reajuste maior de preços ao consumidor para atender à categoria.

O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abrange), Arlindo Almeida, diz que a maioria das operadoras e das seguradoras não solicitou o reajuste maior, que embute o aumento de preços das consultas.

Isso para não serem obrigadas a reajustar em 20% o procedimento médico. “O percentual adicional definido pela ANS, de 1,7%, é insuficiente para operadoras darem o aumento”, diz Almeida.


Colunistas

PINGA FOGO - Inaldo Sampaio

O “chapão” de Jarbas
O “chapão” que apóia Jarbas Vasconcelos - reunindo PFL, PMDB, PSDB, PPB e PPS - elegerá, seguramente, a maioria dos deputados federais e pelo menos 50% da Assembléia Legislativa. À exceção de Sérgio Guerra, que será candidato a senador, todos os deputados federais são candidatos à reeleição, a saber: Severino Cavalcanti, Ricardo Fiúza, Carlos Eduardo Cadoca, Armando Monteiro Neto, José Chaves, Salatiel Carvalho, Joca Colaço, André de Paula, Inocêncio Oliveira, Joel de Holanda, José Mendonça, Osvaldo Coelho, Joaquim Francisco, José Múcio, Luiz Piauhylino, Carlos Batata e Clementino Coelho.

Dos novos, com chance, destacam-se apenas quatro: Pedro Corrêa, Raul Jungman,
Roberto Magalhães e Otto Glasner, de onde se conclui que para a Câmara Federal a renovação será pequeníssima. Para a Assembléia Legislativa o “chapão” do governo apresentou mais candidatos, do que se deduz também que muita gente boa irá sobrar.

Entre os novos, com chance,incluindo o PPS-PSDC, figuram apenas Severino Cavalcanti Júnior (João Alfredo), Aurora Cristina (Garanhuns), Claudiano Martins (Itaíba), Jacilda Urquisa (Olinda), Raul Henry (Recife), Ricardo Teobaldo (Limoeiro), Maviael Cavalcanti (Macaparana) e Herberte Gomes (Cabo). Fora desse time é zebra.

A briga dos verdes
O Partido Verde, de João Braga, coligou-se com o PSD, de Sílvio Costa, formando uma chapa competitiva para a Assembléia Legislativa. Hoje, o único representante da coligação, com mandato, é o próprio Braga. Mas estão brigando com chance de chegar: Sílvio Costa (Recife), Eduardo Melo (Triunfo), Murilo Mendonça (Recife), Fred Oliveira (Recife), Ricardo Costa (Olinda), Sebastião Júnior (Serra Talhada), Aguinaldo Fenelon (Paulista) e Lourival Simões (Petrolândia).

Trabalhismo 1
A entrada do PSL na Frente Trabalhista (PDT-PTB) deverá salvar o mandato de André Campos, Ulisses Tenório, Guilherme Uchoa e José Queiroz. Mas também estão na dança André Luiz Farias (Olinda), Vicente André Gomes (Recife), Carlos Gueiros (Recife), Ettore Labanca (São Lourenço), Cel. Siqueira (Recife) e Rogério de Lucca (Recife).

Trabalhismo 2
O PSL (presidido nacionalmente por Luciano Bivar) levou para a Frente Trabalhista alguns candidatos a estadual eleitoralmente expressivos: Cláudio Russel (Paulista), Gílson Muniz (Timbaúba), Homero Lacerda (Recife), Raimundo Pimentel (Araripina) e Vital Novaes (Floresta). Hoje, seu único representante na AL é Roberto Gadelha (Goiana).

Nílton tenta retornar pela legenda do PST
Nílton Carneiro, ex-prefeito de Jaboatão e ex-deputado estadual, é candidato à AL pelo PST. Além dele, há apenas dois candidatos nesse partido com expressão eleitoral: Bartolomeu Rodrigues (Jaboatão) e Edvaldo Bione (Vitória).

Chapa do PCdoB está restrita a quatro candidatos
Além de Paulo Dantas, que é candidato a vice de Humberto Costa, o PCdoB vai tentar emplacar nessas eleições um deputado federal (Renildo Calheiros) e dois estaduais (João Lemos e Nélson Pereira de Carvalho).

Frente Humanista 1
Para não ficarem longe de Ciro Gomes, que já é o segundo em todas as pesquisas, os estrategistas do Palácio arranjaram às pressas mais três partidos para, em coligação com o PPS, tentar salvar o mandato de Clementino Coelho e garantir a eleição de Roberto Freire para a Câmara Federal. São eles: PSC, PSDC e PHC.

Frente Humanista 2
Salvo os próprios Clementino e Roberto Freire, não há mais ninguém nas quatro legendas com um mínimo de expressão eleitoral. Para estadual, sim: Herberte Ramos (Cabo), Givaldo Calado (Garanhuns), Aluízio Lorena (Gravatá), Adelmo Duarte (Lajedo) e Demóstenes Veras Filho (Caruaru). E ponto final.

O PSC armou uma “chapinha” para garantir a eleição, para a Assembléia Legislativa, da primeira dama de Jaboatão, Ana Rodovalho, e seguramente conseguirá. Se conquistar mais uma cadeira, ela ficará entre Cleurinaldo Lima (vereador no Recife), Jorge Chacrinha (vereador no Recife), e Válter Souza (vice-prefeito de Caruaru).

Por falta de candidatos competitivos, ficarão sem representantes na Assembléia Legislativa os seguintes partidos políticos: PHS, PSTU, PTC, PCO, PRTB, PRP, PTdoB, PGT, PMN e PTN. Dos chamados “nanicos”, apenas o PAN tem condições de emplacar um: o vereador (e coronel reformado do Exército) Jos é Alves.

Se não houver acidente de percurso, os quatro deputados federais mais votados de Pernambuco serão Roberto Magalhães (PSDB), Inocêncio Oliveira (PFL), Miguel Arraes (PSB) e Carlos Eduardo Cadoca (PMDB). Para a Assembléia Legislativa, o campeão de votos no Estado deverá será alguém do PT ou Raul Henry (PMDB).

Em coligação com o PT, PCB, PCdoB e PMN, o PL pernambucano deverá repetir a mesma performance de 98, elegendo um deputado federal e um deputado estadual. O federal será o “pastor” Marcos de Jesus e o estadual a “missionária” Dilma Lins. Ambos têm o apoio da Igreja Universal do Reino de Deus.


Editorial

RELIGIOSOS EDUCADORES

As congregações Marista e Salesiana completam 100 anos no Recife educando a juventude de acordo com os princípios de seus fundadores, o padre francês Marcelino Champagnat, que criou a primeira, e o padre italiano João Bosco, fundador dos salesianos, ambos canonizados pela Igreja Católica Romana. Das comemorações constam congressos sobre educação promovidos por ambas as congregações. Os maristas, inicialmente, fundaram e desenvolveram o Colégio Marista da então Rua Conde da Boa Vista, formando gerações de crianças e adolescentes. Consolidado esse, criaram mais um educandário, o Colégio Marista São Luís, na Avenida Rui Barbosa, que mostra os mesmos bons resultados da escola mais antiga. Os salesianos fundaram seu colégio na Rua Dom Bosco e depois expandiram suas atividades educativas no Estado.

Vale a pena lembrar a trajetória e desempenho das escolas religiosas em Pernambuco e no Brasil todo. Os jesuítas são pioneiros, com os colégios de Salvador, Olinda e São Paulo, já no primeiro século da colonização. Mais tarde, do final do século 19 para o início do século passado, foram se estabelecendo, no Recife e pelo País, escolas e colégios de outras ordens e congregações católicas e também protestantes.

No Recife e Olinda, os principais e mais antigos colégios religiosos são os já referidos Marista e Salesiano, o Nóbrega, Agnes Erskine, Americano Batista, Damas, São José, Vera Cruz e Santa Gertrudes. Inicialmente, tinham um objetivo mais de educação religiosa: manter os católicos numa Igreja ainda hegemônica, mas com grande número de fiéis que não praticavam mais a religião de seus pais e avós; ou confirmar na fé os cada vez mais numerosos adeptos das confissões que nasceram da Reforma de Martinho Lutero. Essa preocupação religiosa sobrevive, embora, com o correr do tempo, as escolas confessionais vão se identificando com as escolas particulares em geral, participando de suas associações e praticando idêntica política na cobrança pelo ensino que dão aos alunos.

É evidente que ensino, educação, formação, custam caro e alguém tem que financiá-los. A Revolução Francesa instituiu a escola pública, gratuita e para todos. A maioria dos países adotou, a seguir, esse princípio, que muito contribuiu para um desenvolvimento ainda maior dos países dominantes. Gratuita significa que os pais não pagam pela educação de seus filhos. Mas alguém paga: o poder público, com o dinheiro de toda a sociedade. Já no caso das escolas privadas, os responsáveis pelas crianças e adolescentes pagam diretamente aos seus donos. O caráter da educação privada muda de país para país. Na Grã-Bretanha, por exemplo, as escolas confessionais cobram módicas mensalidades, mas são subsidiadas pelo Governo, a quem cabe dar educação a todos e que recolhe impostos de todos. Nos Estados Unidos, há alguns anos, diante da falta de vagas nas escolas públicas, a Igreja Católica ofereceu suas escolas ao Estado de Nova York, para aliviar a conjuntura. O que importa é não fazer da escola privada, confessional ou laica, um negócio.

Os irmãos maristas se dedicam exclusivamente ao ensino, ao contrário de outras congregações católicas que diversificam suas atividades junto aos fiéis. É também sua característica o fato de não se ordenarem sacerdotes. São somente o que a Igreja chama de irmãos leigos, dedicando-se a objetivos didático-pedagógicos. Os padres salesianos, também centenários entre nós, além do ensino em colégios, dedicam-se à assistência social a menores. No Recife, têm, além do Colégio Salesiano, a Escola Dom Bosco de Artes e Ofícios, uma escola de filosofia e um seminário para a formação de novos padres. De parabéns os religiosos das duas congregações.


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07/22/2002


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