Ciro une mais o PFL no 2º turno do que Serra, avalia José Jorge
Ciro une mais o PFL no 2º turno do que Serra, avalia José Jorge
O senador pernambucano José Jorge (PFL) admitiu ontem que o candidato do PPS, Ciro Gomes, “une mais o PFL”, num 2º turno da sucessão presidencial, do que o candidato do PSDB, José Serra. O pefelista assumirá a presidência nacional do partido, no dia seguinte ao 1º turno das eleições, e estará no comando das articulações para manter o PFL unido no palanque anti-Lula. O presidente da legenda, senador Jorge Bornhausen, estará se licenciando do cargo. Os Estados da Bahia, de Antônio Carlos Magalhães, e do Maranhão, da ex-governadora Roseana Sarney, são as dissidências declaradas a Serra.
“Com Ciro Gomes é mais fácil unir o partido do que com José Serra. Mas nós vamos trabalhar para que o PFL também fique unido com Serra no segundo turno. Agora, vai dar trabalho”, reconheceu José Jorge. O senador participou ontem, no Arcádia, do evento em favor da eleição dos senadores da União.
O pefelista corroborou com os apelos do governador-candidato Jarbas Vasconcelos para que os palanques de Serra e Ciro moderem nos ataques, de forma a viabilizar uma unidade no segundo turno. “Isso é importante. Da parte do PFL está tranqüilo”, assegurou. (A.L.A.)
Serra ataca proposta de emprego de Lula
BRASÍLIA – O debate sobre o emprego ocupou, definitivamente, o centro do duelo eleitoral entre os candidatos do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e do PSDB, José Serra.
Ambos têm acenado com metas ousadas para a criação de postos de trabalho nos próximos quatro anos, e agora o assunto promete dominar a polarização entre os dois.
Até mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso entrou ontem em cena para
contestar os números da oposição e explicar o aumento do desemprego durante o Plano Real.
O debate foi desencadeado pelo candidato tucano, que elegeu como eixo da campanha o Projeto Segunda-Feira, prometendo criar oito milhões de empregos. Acusado pelos presidenciáveis do PPS, Ciro Gomes, e do PSB, Anthony Garotinho, de “não ter autoridade para assumir tamanho compromisso por fazer parte de um Governo no qual o desemprego aumentou”, Serra adotou a tática de dizer que sabe como fazer e passou a desafiar Lula, agora principal adversário, a explicar como pretende gerar dez milhões de empregos.
Em resposta à ofensiva, o comando de campanha petista usou o programa eleitoral de ontem para apresentar o Projeto Carteira Profissional de Primeiro Emprego, acenando com isenção fiscal de R$ 200 mensais por jovem empregado na indústria. Em Minas Gerais, porém, Lula disse que nunca prometeu criar dez milhões de empregos, alegando que o programa apenas fala na necessidade de criar tal número de vagas.
O documento intitulado Compromisso com a Soberania, o Emprego e a Segurança do Povo Brasileiro afirma que o País precisa criar dez milhões de empregos. No debate da TV Record, Lula também falou que é necessário criar dez milhões de postos de trabalho, mas em outro texto entregue à Central Única dos Trabalhadores (CUT) diz que tal número pode parecer exagerado, mas não é.
Promessa ou meta, a criação de oito a dez milhões de empregos não depende só da vontade dos candidatos. Economistas consultados sobre o assunto têm dito que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil precisaria crescer a uma taxa média de pelo menos 5% ao ano para atingir tal objetivo, o que não acontece desde a década de 70.
Outra forma de estimular a criação de novos empregos é incentivar setores da economia mais intensivos em mão-de-obra, como a agricultura e a construção civil – o que faz parte do programa de quase todos os candidatos. O problema a saber é se o próximo Governo terá condições financeiras para apoiar esses setores como promete.
A reforma tributária é outro aspecto importante levantado pelos especialistas para não só estimular o emprego como reduzir a informalidade. O candidato Ciro Gomes, por exemplo, tem se oposto à chamada flexibilização da legislação trabalhista, mas seu programa propõe a transferência das contribuições que incidem sobre a folha de pagamento para o faturamento líquido das empresas.
Presidenciáveis tiram proveito do centenário de Juscelino
DIAMANTINA, MG – A cerimônia de entrega de medalhas do centenário de Juscelino Kubitschek, comemorado ontem, se transformou em comício do candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, na cidade mineira de Diamantina. O candidato fez discurso e o deputado Aécio Neves, candidato ao Governo de Minas, cometeu ato falho, ao se referir a Lula como presidente. Em seguida, corrigiu afirmando estar se referindo ao presidente de honra do PT. Já o governador de Minas, Itamar Franco, disse que caberá a Lula e Aécio “devolver a esperança ao Brasil”.
Na tentativa de pegar uma carona no centenário de JK, o presidenciável Ciro Gomes
(PPS) cumpriu agenda ontem em três cidades mineiras e fez elogios ao ex-presidente como “o maior de todos os brasileiros na política e o meu modelo de fazer política”.
“Ele tirou o Brasil do nada para nos transformar como pioneiros na 15ª economia industrial do mundo. Vou ser presidente do Brasil para tentar imitar o que foi Juscelino para nosso País”, disse.
O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, contestou a declaração do presidenciável do PSDB, José Serra, que disse ontem que se Juscelino estivesse vivo, “seria tucano”, numa referência ao seu partido. “Juscelino era um desenvolvimentista, provavelmente não seria do partido que está provocando uma taxa de crescimento tão baixa no Brasil, que é o PSDB”, afirmou Garotinho, antes de ser agraciado com o diploma Sociedade dos Amigos do JK, homenagem oferecida a ele pela Câmara Municipal de Belo Horizonte.
Renda do brasileiro cai 10,3%
Em cinco anos, o rendimento médio do brasileiro caiu de R$ 663, em 1996, para R$ 595, em 2001, segundo a Pnad, realizada pelo IBGE
SÃO PAULO – O rendimento médio do trabalhador brasileiro teve uma queda de 10,3% em cinco anos, passando de R$ 663, em 1996, para R$ 595, em 2001. Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios (Pnad) 2001, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados da PNAD mostram ainda que 13,1% das famílias brasileiras têm ganho mensal inferior a dois salários mínimos, enquanto as famílias que ganham mais de 20 salários mensais representam 4,5% do total. O real acumula uma queda de 26,4% desde o início do ano.
A pesquisa também revelou que o ano passado foi o ano de maior salário mínimo entre 1990 e 2001 e superou em 15,3% o de 1999, pois a fatia da população que recebe esta faixa de rendimento (salário mínimo), apresentou elevada alta.
O confronto regional mostrou que no ano passado o grau de concentração dos rendimentos manteve-se mais elevado nas Regiões Nordeste e Centro-oeste, de 0,576 e 0,572, respectivamente.
A Pnad mediu a taxa de desemprego aberto no País em 2001, que ficou em 9,4%, uma ligeira queda em relação a 1999, quando o desemprego foi de 9,6%. A pesquisa encontrou, na última semana de setembro do ano passado, 7,7 milhões de pessoas desempregadas e procurando trabalho em todo o País (com exceção da área rural do Norte, não pesquisada).
Apontada pelo IBGE como importante indicador para avaliar se o mercado de trabalho está ou não em expansão, a taxa de ocupação caiu nos últimos 10 anos. O índice refere-se ao porcentual de pessoas com idade de 10 anos ou mais que estão trabalhando. Em 1992, 57,5% desse universo estavam ocupadas. Em 2001, eram 54,8%.
O presidente Fernando Henrique Cardoso usou dados preliminares da Pnad para defender seu Governo e o Plano Real do que chamou de três “mitos”. Ele disse que não é verdade que a estabilização econômica e o Real teriam concentrado renda, destruído emprego e sacrificado a área social.
Colunistas
PINGA FOGO – Inaldo Sampaio
Tá tudo dominado
Jarbas reuniu ontem no Buffet Arcádia 136 dos 164 prefeitos que o apóiam. Fez com relativo atraso o que ACM fez em Salvador 30 dias atrás: mobilizou sua tropa de choque para cobrar mais empenho nas campanhas dos seus candidatos a presidente e ao Senado. Segundo ele, não é porque as pesquisas lhe são favoráveis que se deve subestimar os adversários (Lula, Humberto e Carlos Wilson) É preciso, pois, suar a camisa porque a “onda Lula” está crescendo e é imprevisível.
Na história recente de Pernambuco, nunca houve um candidato a governador com tantos prefeitos ao seu lado (cerca de 90%). O último de que se tem notícia foi Jarbas Maranhão, em 1958, então apoiado pelo PSD. Ele tinha o apoio do governador Cordeiro de Farias e de 95% dos prefeitos. Mesmo assim perdeu a eleição para Cid Sampaio, da UDN, então apoiado por apenas seis prefeitos.
Jarbas, na verdade, não está preocupado com sua eleição (tem 2/3 das intenções de voto, segundo o Ibope). O que o preocupa mesmo são as eleições de Serra para presidente e de Sérgio Guerra para senador. Tanto que, precavidamente, não está dizendo no rádio e na televisão com esses dois candidatos o que disse dois anos atrás, na eleição municipal: que a derrota deles será também a sua derrota.
Distância regulamentar
Roberto Freire, que é um dos três coordenadores políticos da campanha de Ciro, obteve uma meia vitória durante reunião no apartamento de Brizola (RJ), anteontem à noite. Conseguiu convencer o candidato a retirar das mãos do cunhado Einhart Jácome a formulação do guia da TV. Contudo, não se rendeu às pressões dos companheiros para se aproximar do PFL. “Querem que eu tenha um tipo de relacionamento com o PFL que eu não quero ter”, disse o senador.
Com vara curta
Os formuladores do “guia” de Jarbas devem estar profundamente arrependidos por terem cutucado Luciano Bivar (1º suplente de Carlos Wilson). A única reação do deputado até agora foi cobrar de público os R$ 300 mil que teria emprestado em 98 para a chapa majoritária da “União”. Mas, se for atacado novamente, tem como revidar.
Hino oficial
Aumentou a procura nas lojas do Recife do CD de Zezé di Camargo e Luciano com o hino oficial da campanha de Lula: “Meu país”. A música foi gravada há mais de dois anos e agora escolhida por Duda Mendonça para ser o “carro-chefe” da campanha do PT. Quando foi cantada, terça, na Praça do Carmo, a multidão foi ao delírio.
Varejão nega candidatura em Jaboatão
Paulo Varejão, secretário de finanças de Jaboatão, pede que se esclareça a quem interessar possa: nunca foi, não é e jamais será candidato à sucessão do prefeito Rodovalho. Porque já tem com que se ocupar: o “caixa” da prefeitura.
Deputado reúne correligionários no Atlético Clube
Embora o seu principal reduto seja Santa Cruz do Capibaribe, o deputado Augustinho Rufino (PSDC) promoverá hoje, a partir das 19h, no Atlético Clube de Amadores, um “encontro de amigos” em busca da reeleição.
Troca de comando
A partir de 7 de outubro, o comando nacional do PFL será exercido por José Jorge (PE).
O presidente Jorge Bornhausen (SC) irá licenciar-se para que o senador pernambucano, que é o 1º vice, dedique-se de corpo e alma a uma missão quase impossível: levar ACM (BA) e Roseana (MA) para o palanque de Serra.
Te anima, Pedro!
O deputado Pedro Eugênio (PT) tenta movimentar hoje o seu comitê, na Avenida João de Barros, que vice permanentemente sem ninguém. A partir ds 20h, promoverá a “Noite da Seresta” com uma dupla de muito valor: Expedito Baracho e o contador de “causos” Aldemar Paiva. Entrada franca.
O cardeal Lopez Trujillo, presidente do Pontifício Conselho para a Família (Vaticano), celebrará hoje na catedral de Brasília uma missa em sufrágio das almas do ex-candidato a deputado Severino Cavalcanti Júnior e de sua mulher, Surama, mortos em acidente de carro em 17/08. É uma homenagem ao pai do morto, que é muito ligado à CNBB.
O ex-prefeito de Belo Jardim e candidato a deputado estadual, Cintra Galvão (PTB), anunciou ontem a sua chapa: Lula, Humberto, Carlos Wilson, Dílson Peixoto e Armando Monteiro Neto (PMDB). Amanhã, a partir das 20h, em companhia do seu federal, ele fará uma caminhada (do centro até a Cohab I).
O prefeito de Camaragibe, Paulo Santana (PT), nega ter retaliado sua vice, Nadagi Queiroz, interrompendo o convênio que ela, como médica, tinha com a prefeitura, por estar apoiando Jarbas. Garante que a clínica onde ela trabalha solicitou mudança de endereço, passando a funcionar em um hospital descredenciado pelo SUS. E só.
Como candidato ao Senado, Brizola (PDT) ocupa a 4ª colocação na eleição do RJ.
Perde para Sérgio Cabral Filho (PMDB), Bispo Marcelo Crivella (PL) e Artur da Távola (PSDB). Arraes, que é mais esperto, escolheu a Câmara Federal para encerrar sua vida pública porque o risco de não se eleger é zero.
Editorial
VITÓRIAS DO PODER PARALELO
O espetáculo se repete e com certeza se repetirá mais vezes, até que as autoridades decidam tomar providências drásticas e definitivas. Mais uma vez, a sociedade e o Estado (que a representa por delegação) são submetidos a encenações sangrentas e chantagens de marginais; e, o que é pior, com a conivência de agentes do poder público. O que está ocorrendo rotineiramente na penitenciária de Bangu, no Rio de Janeiro, dita de segurança máxima, é um insulto ao bom senso e à cidadania; não pode (pelo menos não deve) acontecer num país que se pretende civilizado. Bandidos perigosos, alguns condenados a mais anos de prisão do que poderão viver, têm bombas e outras armas, e podem continuar exercendo seu poder paralelo, comandando o crime organizado, através de telefones celulares e mensageiros (até advogados fazem a mediação entre a cúpula que está em prisão e os funcionários e soldados do poder marginal). Seu raio de ação é tão amplo que podem até lavrar
sentença de morte e acompanhar a execução por telefone.
A mais recente exibição do poder paralelo, que manda de fato em muitos bairros do Rio e de outras cidades, foi uma rebelião no presídio de Bangu-1. O bandido conhecido por Fernandinho Beira-Mar (chefão do Comando Vermelho), com a ajuda de comparsas, dominou durante quase 24 horas aquela prisão, fez reféns e matou, ou mandou matar, quatro traficantes de drogas ali presos, da facção rival Terceiro Comando, inclusive o que é conhecido como Uê. Depois de negociações entre o poder paralelo e o poder oficial, encerrou-se a rebelião, felizmente sem invasão, sem uma nova tragédia como a do Carandiru. O poder paralelo obteve duas vitórias: um começo de unificação de comando, com a eliminação de rivais de Beira-Mar, e a transferência dos rebelados para outro presídio. E ficou provado que a segurança máxima de Bangu, Igarassu e outras penitenciárias é mais um engodo: numa prisão de segurança máxima, os presos ficam isolados dos agentes; portões, abertura e fechamento de celas, são comandados por controles automáticos à distância.
Nessa sensível área da segurança, estaríamos, aqui em Pernambuco, em melhor situação? O desenrolar dos acontecimentos na penitenciária, também dita de segurança máxima, de Igarassu, responde que não. A prisão foi inaugurada sem estar completamente acabada, sem condições de segurança, seja mínima ou máxima (quem sabe, pela proximidade das eleições). Houve uma primeira fuga, supostamente facilitada por agentes, já afastados e sob investigação. A Justiça ameaçou interditar a prisão. O Governo do Estado prometeu resolver o problema. Alguns dias depois, um policial manda um prisioneiro deixar o lixo lá fora. Claro que o preso foge. Outra anomalia: o lixo, conforme fotos divulgadas, não é recolhido para o devido tratamento; é jogado num barranco contíguo ao presídio, por onde o preso escafedeu-se. Já se comenta que Igarassu rima com Bangu e que é um presídio de insegurança máxima, sobretudo para a população vizinha.
Os centros ditos de recuperação e ressocialização da Fundac também freqüentam assiduamente as páginas da crônica policial. Adolescentes são torturados e se revoltam como podem. Ao que tudo indica, os agentes escolhidos para lidar com os menores delinqüentes não têm a mínima condição para fazê-lo, seja pedagógica, psicológica, seja simplesmente humana. Esses centros se tornam assim escolas do crime, preparando os Fernandinhos Beira-Mar e Uês de um futuro próximo. A insegurança domina o nosso quotidiano. É urgente que o Governo deixe de lado o discurso e tome providências para que não cheguemos brevemente a importar a ‘instituição’ do poder paralelo.
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09/13/2002
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