Pesquisa: Lula lidera. José Serra mantém e Ciro cai








Pesquisa: Lula lidera. José Serra mantém e Ciro cai
A nova pesquisa divulgada ontem pelo instituto Vox Populi indica um empate técnico entre os presidenciáveis Ciro Gomes (PPS) e José Serra (PSDB). Assim como foi observado nos levantamentos feitos pelo Ibope e Datafolha, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Anthony Garotinho (PSB) subiram nas intenções de votos do eleitorado.

Realizada terça e quarta-feira para o jornal Correio Braziliense, a pesquisa do Vox Populi ouviu 2.491 eleitores em 155 cidades de todo o país. Lula, que cresceu três pontos percentuais, lidera a disputa ao Palácio do Planalto com 39% das intenções de voto.

Empatados- Serra manteve os 19% apresentados na pesquisa realizada nos dois primeiros dias do mês. Ciro caiu três pontos e está com 17,7%. Embora apresentam uma diferença numérica, o candidato da Frente Trabalhista (PPS, PDT e PTB) e o tucano aparecem tecnicamente empatados, considerando a margem de erro da pesquisa que é de dois pontos percentuais.


O candidato do PSB também cresceu na preferência dos eleitores. Anthony Garotinho, que tinha 9% aparece agora com 12%.

A exemplo do que apontaram as pesquisas do Datafolha e do Ibope, o petista venceria os adversários numa simulação para o segundo turno. Serra teria 34% contra 51% de Lula. Se a disputa fosse com Ciro, o candidato do PT venceria por 53% contra 29% de Garotinho.


Ciro: Serra é “clone monstruoso” de FHC
O presidenciável do PPS, Ciro Gomes, negou que pretenda renunciar à candidatura e atribuiu os boatos a mais uma estratégia do adversário tucano, José Serra, a quem chamou de "clone monstruoso de FHC". "O presidente Fernando Henrique, com todos os seus defeitos, não é capaz de usar os expedientes fascistas que o Senhor José Serra está abusado de usar em destruição de reputações, como escutas telefônicas, calúnia e agressões", atacou.

Pesquisas - Ciro também desqualificou as pesquisas de intenção de votos, dizendo que elas têm baixíssimo nível de credibilidade. "São bilhões de reais que estão circulando por debaixo dos panos para tentar induzir votos", afirmou.

Ele fez questão de destacar que nunca deu tanta importância para os levantamentos, mesmo quando estava em melhor posição. Segundo Ciro, as movimentações reveladas pelas pesquisas fazem parte de uma grande armação. Eu dizia isso quando os números eram outros, porque sabia que aquilo era feito como está sendo feito agora", disse. "Estão colocando Lula lá em cima para depois abaixar na semana que vem, no máximo em dez dias."

Segundo Ciro, "todo o sistema do Brasil, grana, poder econômico, a plutocracia, o governo dos barões, o poder político e a corrupção, está tudo entranhado no mesmo saco de gatos para provocar uma falsa escolha entre a continuidade piorada (Serra) e um homem bem-intencionado, mas que não tem experiência nenhuma (o petista Luiz Inácio Lula da Silva) para governar o país.”

Ciro voltou ainda a cobrar uma posição do PT, que, segundo ele, o deixou sozinho na missão de combater o candidato governista. E disse que essa é “a segunda decepção” que tem com os petistas, pois defendeu o presidente nacional do partido, José Dirceu, quando o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, recomendou abertura de inquérito para apurar a ligação do deputado com supostas irregularidades na prefeitura de Santo André.


Britto promete resposta ao PT
O candidato da Coligação O Rio Grande em 1º Lugar, Antônio Britto, disse ontem que “o jogo será como o PT quiser", ao falar do aumento da agressividade da campanha eleitoral nos últimos dias. Britto disse que sempre fez um debate "com firmeza e sem baixarias" e segundo ele, "a recíproca não tem sido verdadeira".

“Eu já sofri aquele famoso episódio, quando era ministro da Previdência, que acabou na condenação dos meus acusadores”, relembrou.

Sobre as denúncias do PT contra o ex-secretário, Assis Roberto de Souza, Britto afirma que “o que foi dito se refere a uma empresa privada e não a ato de governo” e que não comenta “assuntos de empresas privadas”.

PDT- O presidente regional do PDT, Pedro Ruas, entregou ao candidato Antônio Britto as propostas do PDT ao programa de governo da coligação. “São as metas que apoiamos e Britto aceitou como suas”, diz Ruas.


Munição para “desconstruir” Lula
Os primeiros ataques ainda estão sendo leves, mas o PSDB tem uma gama de assuntos para lembrar na tarefa de "desconstruir" a candidatura Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antes do dia 27 de outubro, data do segundo turno das eleições. Das denúncias contra a prefeitura de Santo André aos elogios de Lula aos militares, sobra munição para os tucanos.

Por enquanto, os ataques estão sendo ligeiros. Os Programas e inserções da candidatura Serra na TV vêm batendo na tecla da comparação entre a experiência, o currículo e as propostas dos dois candidatos, sempre deixando no ar que Lula não tem experiência administrativa.

Se os primeiros ataques não surtirem efeito, o PSDB deve avançar nas críticas aos governos petistas. Segundo o presidente do PSDB, José Aníbal, os alvos serão as administrações do PT em São Paulo, com Marta Suplicy, e no Rio Grande do Sul, com Olívio Dutra, entre outras. "O PT fala que elas são as vitrines do partido. Na verdade, são as vidraças”, diz Aníbal.

Mas atarefa deve ser mais complicada que a série de ataques que resultaram na queda dos índices de Ciro Gomes nas pesquisas. E a tática obrigatoriamente será diferente. Não há como caracterizar Lula como mentiroso ou inconseqüente, como foi feito com Ciro. A idéia é mostrar Lula como inexperiente e “cercado de maus exemplos de administrações problemáticas”. O que também será um problema para os tucanos.


Bernardi cobra verbas da saúde
O candidato do PPB ao Palácio Piratini, Celso Bernardi, criticou ontem o governo do Estado por não estar repassando aos municípios, na sua integralidade, os recursos constitucionais obrigatórios para a área da saúde.

Bernardi afirmou que , ao invés de destinar 10% da receita corrente líquida como prevê a lei, o que daria em média R$ 35 milhões por mês, o Executivo só destina 7%. “Quem sofre com esse procedimento é a população que deixa de receber um atendimento médico-hospitalar adequado às suas necessidades”, acusou o candidato. O problema da saúde no Rio Grande não é só falta de recurso, mas gerenciamento.


Rigotto critica o nível da campanha
Em visita a Santo Ângelo, ontem, o candidato ao governo do Estado Germano Rigotto (PMDB) criticou o baixo nível que os candidatos Antônio Britto (PPS) e Tarso Genro (PT) estão imprimindo à campanha. “O Rio Grande nunca assistiu a uma campanha em que ataques pessoais ou partidários entre dois candidatos tivesse suplantado a discussão política do futuro do nosso Estado”, afirmou.

Para Rigotto, o caminho da apresentação de propostas deve nortear as discussões. “Eles estão mostrando que representam projetos que não agregam e que acabam prejudicando o andamento da campanha, olhando apenas para o passado.”

Acompanhado da candidata a vice-presidente Rita Camata, o peemedebista iniciou roteiro pela região das Missões, Fronteira-Oeste, Campanha e Serra. Para Rita Camata, é importante que esse pleito sirva para mostrar a garra de um povo que se espalhou pelo Brasil levando o desenvolvimento para todas as regiões. “A figura que melhor representa esse avanço no Rio Grande é, com certeza, Germano Rigotto”, disse a deputada federal.

Em Santa Rosa, Rigotto recebeu da associação dos municípios da região propostas para a implantação de um programa regional de desenvolvimento.


Colunistas

< B> COISAS DA POLÍTICA

Heloísa
Na quarta-feira, a plenária de avaliação e mobilização da campanha de Raul Pont, o deputado estadual terá a presença da senadora alagoana Heloísa Helena. Será na Igreja Pompéia, às 19h.

Plebiscito
O vereador do PT da capital Marcelo Danéris apresentou projeto de emenda à Lei Orgânica de Porto Alegre determinando a abertura de plebiscito para a venda de entidades do município.

FGTS
Candidato a uma vaga na Assembléia pelo PPS, Valter Nagelstein lembra que hoje um conhecido dos trabalhadores brasileiros faz aniversário: o FGTS, que foi criado em 1966. “Um dos direitos mais importantes de quem trabalha”, defende.

Reflexos
Para o deputado federal do PMDB Mendes Ribeiro Filho, a permanência da Ford em Guaíba forçaria o governo federal a olhar de outra maneira para a Metade Sul do RS. “Não estaríamos brigando pela duplicação da BR-116, e o porto de Guaíba, que não saiu, e do Rio Grande estariam em outras condições”, argumenta.

Estrelas
O PT espera receber mais de 150 pessoas no Almoço das Estrelas hoje, no Mercado Público. Organizado pelas mulheres do partido, terá a presença da senadora Emília Fernandes, mas também receberá candidatos homens.

Posição
Da tribuna, o senador do PPS José Fogaça disse que o governo e a diplomacia devem deixar claro que o Brasil é contra a qualquer confronto armado no Oriente Médio. Argumenta que trata-se de uma conduta unilaterista, de viés absolutamente particular de Bush.


Editorial

UM APROCHEGO

Para quem ainda não percebeu, o namoro de Lula com os militares já virou um noivado. E ainda pode dar em casamento, de acordo com o resultado das eleições. Quem diria? Lula, logo ele, que já foi preso e processado pela ditadura militar, agora se aprochega elogia e até acaricia o sistema.

Hoje em dia, Lula e os militares de 1964 parecem ter afinidades eleitorais que fazem parecer pequenos os desentendimentos daquela época.

Há um ano, em visita a Furnas, o petista comentou: "Por mais que tenhamos sofrido na mão deles [os militares], eles criaram o pólo petroquímico e as empresas de energia." No final do mês passado, em jantar com empresários no Rio de janeiro, o candidato repetiu que os militares, "com todos os defeitos que tiveram, pensaram o Brasil estrategicamente", referindo-se aos anos de chumbo da ditadura.

No mesmo dia, o petista elogiou o período conhecido como "milagre econômico", no governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-74) em entrevista à imprensa. "Muitos de nós aqui foram presos, mas a verdade é que do ponto de vista do pensamento estratégico os militares pensaram o Brasil", falou.

O "milagre econômico" de Médici explodiu justamente quando a repressão atingiu sua maior força. Com ele, a economia do país entrou em período de forte expansão. Entre 1969 e 1973, a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nunca era inferior a 9% ao ano chegando a 13,97% em 1973. Foi um período marcado pela construção de grandes obras, como a Ponte Rio-Niterói e a Rodovia Transamazônica.

Com a expansão econômica, cresceu a adesão popular ao regime, que intensificou o combate a grupos guerrilheiros e organizações civis. O governo de Médici reprimiu uma guerrilha urbana em 1972 e a tentativa de uma guerrilha rural no Araguaia, em 1974.

Se Lula se mostra simpático aos militares, eles também dão sinais de aproximação. Hoje pela manhã, o candidato petista viajará para o Rio de Janeiro onde, a partir das llh, tem reunião e almoço com representantes da Escola Superior de Guerra, no hotel Glória. Em seguida, às 15h, Lula participa de um evento no Clube dos Militares. Ele foi convidado pelos militares para falar sobre seus planos de governo para o setor. A realidade é que a esquerda e a direita, nos extremos, sempre se encontraram. Não só no Brasil, mas em todo o mundo. Esses dois lados têm em comum o pânico à insegurança e o pavor do imprevisto. Detestam, enfim, perder o
Controle.


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09/13/2002


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