Collor pede a Lula que dê mais atenção à política externa do governo
"Creio que a consolidação do Mercosul, esforços de promoção comercial nos principais mercados e negociações comerciais bilaterais seriam a melhor forma de o Itamaraty contribuir para a aceleração do crescimento". A sugestão foi feita pelo senador Fernando Collor (PTB-AL) logo após analisar o fracasso, até o momento, da última reunião da chamada Rodada de Doha. Ele pediu ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que dê mais atenção à política externa do seu governo.
Na avaliação do senador, o Brasil entrou nas negociações da Rodada de Doha baseado em uma "deformação ideológica" de ver a rodada como uma luta entre o Sul pobre e o Norte rico. Outro equivoco que teria sido cometido pelo Itamaraty foi o de eleger aquele fórum da Organização Mundial do Comércio (OMC) como única alternativa de política comercial. A última reunião da rodada foi realizada em Potsdam (Alemanha), na semana passada.
- O viés ideológico fez com que passássemos a procurar liderar os países pobres e em desenvolvimento contra os industrializados, em atitude confrontacionista que não enxergava a falta de homogeneidade de interesses entre os países do Sul. A Índia, por exemplo, que tem graves problemas na produção de alimentos, a qual procura incentivar, não compartilha idéias de reduções importantes nas tarifas sobre produtos agrícolas - afirmou Fernando Collor, observando que o caso da Índia é o mesmo do Paquistão.
Outro equívoco que teria sido cometido pelo Brasil foi não considerar o fato de que os governos dos países industrializados enfrentam dificuldades para fazer concessões comerciais. Como as decisões da OMC são consensuais, comentou Fernando Collor, não faz sentido o Brasil concentrar seus esforços apenas nas negociações multilaterais sem prever outras alternativas.
O fato de o Brasil ter assumido publicamente, ao final da Rodada de Doha, que não cogita implantar a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e que se dedicará ao acordo União Européia / Mercosul foi considerado por Collor falha estratégica. Ele disse que descartar uma opção comercial enfraquece a posição do negociador e também questionou se os europeus estariam interessados em negociar seriamente com o Mercosul enquanto a Venezuela e a Bolívia assumem posições contra o mercado.
27/06/2007
Agência Senado
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