Combate ao desmatamento



O combate ao desmatamento ilegal está no centro da estratégia brasileira de enfrentamento das mudanças do clima. Para isso, o País já pôs em prática planos específicos para a proteção da floresta e o incentivo às atividades sustentáveis na Amazônia e no Cerrado, incluindo metas para a redução da perda de cobertura vegetal nos dois biomas.  De acordo com dados Ministério de Ciência e Tecnologia, cerca de 60% das emissões nacionais são resultantes de ações de desmatamento e mudança de uso do solo.

O principal instrumento do governo brasileiro para combater o problema é o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM), lançado em 2004. Em 2009, o desmatamento na região chegou aos níveis mais baixos das duas últimas décadas, representando uma redução de 75% em relação às taxas registradas em 2004.

A redução no desmatamento na Amazônia só foi possível graças às ações integradas entre 13 ministérios, que compreendem cerca de 150 atividades de ordenamento territorial e fundiário, monitoramento e controle ambiental, fomento a atividades produtivas sustentáveis. Além disso, o plano estimula parcerias entre órgãos federais, governos estaduais, prefeituras, entidades da sociedade civil e o setor privado.

Evolução da taxa de desmatamento anual na Amazônia, por estado (em quilômetros quadrados

Estado
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Acre
547
419
883
1,078
728  592 398
184
254
Amazonas
612 634
885 1,558
1,232
775
788
610
604
Amapá
- 7
0
25
46
33
30
39
100
Maranhão
1,065 958
1,014
993
755
922
651
613
1,272
Mato Grosso
 6,369 7,703 7,892
10,405
11,814
7,145
4,333
2,678
3,258
Pará
6,671
5,237
7,324
6,996
8,521
5,731
5,505
5,425
5,606
Rondônia
2,465 2,673
3,099
3,597
3,858
3,244
2,049
1,611
1,136
Roraima
253
345
84
439
311
133
231
309
574
Tocantins
244
189
212
156
158
271
124
63
107
Amazônia
18,226 18,165
21,651
25,396
27,772
19,014
14,286
11,651
12,911

Monitoramento

Um dos pilares do PPCDAM é um arrojado sistema de monitoramento por satélite, que subsidia as operações de fiscalização na Amazônia. O INPE utiliza vários mecanismos, entre eles o PRODES (Programa de Cálculo de Desflorestamento da Amazônia), um dos mais avançados do mundo para identificação e quantificação de processos de desmatamento em áreas florestais e o DETER, um levantamento rápido feito quinzenalmente pelo INPE.

O PRODES fornece as imagens para a comparação entre um ano e outro. Só registra áreas onde ocorreu o corte raso na floresta. O DETER opera durante todo o ano e tem a função de alertar sobre novos focos de desmatamento, permitindo a ação imediata do governo contra os desmatadores. Além da Amazônia, o governo pretende implementar sistema semelhante para outros biomas, a começar pelo Cerrado. Nessa direção, o governo desenvolve projetos-piloto com dados preliminares do desmatamento no Cerrado, Caatinga, Pantanal e Mata Atlântica de 2002 a 2008.

Plano para o Cerrado

Em setembro de 2010, o governo anunciou a criação de uma estratégia similar para a conservação do Cerrado, um dos bioma mais ameaçados do País. O Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das Queimadas no Cerrado (PPCerrado) prevê 151 ações para reduzir a perda da cobertura vegetal e criar alternativas de proteção e uso sustentável dos recursos naturais do bioma.

O PPCerrado vai ajudar o Brasil a atingir a meta de reduzir em 40% o desmatamento no Cerrado, até 2020. A previsão é que o ritmo de devastação caia em cerca de 8,7 mil km² por ano em dez anos.

Entre as metas do plano está o aumento do consumo de carvão de florestas plantadas pela indústria de ferro gusa e o aumento de recursos para recuperação de áreas degradadas. Até 2011 o governo planeja investir R$ 339 milhões. O dinheiro será usado em ações de fomento às atividades produtivas sustentáveis, monitoramento e controle, ordenamento territorial, educação ambiental e criação de 2,5 milhões de hectares em áreas protegidas.

O monitoramento do Cerrado por satélite pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) será permanente. Também será desenvolvido um sistema de detecção em tempo real, como o que funciona para a Amazônia Legal, que gerará informações capazes de agilizar as ações de comando e controle e reduzir o desmatamento na região. Agricultores familiares terão assistência técnica e capacitação para acabar com o uso de queimadas para a produção.

Áreas protegidas

A exemplo do que foi feito na Amazônia, o PPCerrado prevê ações prioritários nos 20 municípios que mais desmataram no período de 2002 a 2008. Junto com as ações de repressão, o plano vai levar alternativas sustentáveis para o desenvolvimento dos municípios.

O plano projeta para 2020 o aumento do número de áreas protegidas e a implementação do Macrozoneamento Ecológico Econômico do Cerrado.  Nos próximos dez anos, deverão ser criadas áreas protegidas equivalentes a 2,5 milhões de hectares e demarcados 5,5 milhões de hectares em terras indígenas. O governo também espera recuperar de 8 milhões de hectares em pastos degradados.



01/05/2012 17:45


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