Comissão do Mercosul discute crise do transporte na fronteira Brasil-Paraguai



A crise do transporte internacional na fronteira Brasil-Paraguai foi debatida na manhã desta quinta-feira (24) na Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Senadores e deputados ouviram representantes do setor de transportes em Foz do Iguaçu, que apresentaram as conseqüências sociais e econômicas do problema. O senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) presidiu a audiência, no lugar do deputado Dr. Rosinha (PT-RR), ausente por motivo de doença. O autor do requerimento para a o debate, senador Pedro Simon (PMDB-RS), também não estava presente, por participar do funeral de Leonel Brizola em São Borja (RS).

O primeiro palestrante foi o delegado do Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos do Paraná (Sindicam), Jeová Pereira. O representante explicou a crise causada pela tributação, por parte do Brasil, de 25% sobre o valor do frete dos caminhões vindos do Paraguai. Isso, de acordo com o delegado, gerou uma retaliação do Paraguai, que começou cobrar dos caminhões brasileiros o valor de R$ 207 para entrar no país. Jeová cobrou dos parlamentares uma solução para o problema da tributação.

O presidente da Associação das Transportadoras Internacionais de Foz do Iguaçu (Atifi), Gilberto Blum, falou sobre os problemas sociais causados pelo que ele chamou de -crise diplomática- entre os Brasil e Paraguai e pediu às autoridades um tratamento igualitário entre os dois países. Por sua vez, o presidente da Associação dos Caminhoneiros Autônomos de Alto Paraná, Ricardo Ruiz Baumann, afirmou que o maior prejuízo econômico é do Brasil, na medida que o comércio de auto-peças, borracharia, restaurantes e outros são sustentados também por caminhoneiros paraguaios.

Para levar aos parlamentares uma visão dos problemas de transporte ocorridos em Foz do Iguaçu, esteve presente o presidente da Câmara Setorial de Comércio Exterior da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), Mário Alberto Chise. Ele falou que todos os problemas ocorridos em algum dos lados sempre causa uma retaliação na Ponte da Amizade e quem sofre com isso são os caminhoneiros. Chise afirmou que, embora o Mercosul esteja bem colocado no papel, o restante do Brasil ainda não sabe de fato o que acontece. -Ali [ em Foz] nós vivemos realmente os reflexos do Mercosul-, destacou.O assessor da Superintendência da Receita Federal na 10ª Região Fiscal, Mauro de Brito, tratou da importância do transporte internacional ao contar sua experiência como ex-delegado do órgão na região. Para ele, é preciso que haja um acordo entre os caminhoneiros autônomos e as empresas de transporte para que sejam evitados futuros problemas internacionais.

Ao final das exposições, o senador Jefferson Peres (PDT-AM) abordou a questão do contrabando em Foz do Iguaçu e indagou a Mauro de Brito se a Receita Federal não o coíbe com eficácia por falta de recursos humanos e materiais ou por forças políticas que temem afetar as relações entre Brasil e Paraguai. Para o ex-delegado, apesar do grande esforço feito pela Receita para acabar com o contrabando, faltam estrutura, recursos para repressão e aparato policial.



24/06/2004

Agência Senado


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