Comissão do Senado discute medidas para conter assoreamento no Pantanal
"O pantanal está morrendo". O alerta é do presidente da Associação de Pequenos Produtores do Rio Taquari, no Mato Grosso do Sul, Ruivaldo Neri de Andrade, e sintetiza preocupação de todos os participantes de audiência promovida nesta quarta-feira (15) pela Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR).
O debate reuniu senadores e representantes dos produtores rurais, da Embrapa, da prefeitura e da câmara municipal de Corumbá, para discutir os problemas decorrentes do assoreamento do Rio Taquari e da inundação permanente de pelo menos três milhões de hectares no Pantanal.
Conforme Emiko Kawakami de Resende, chefe da Embrapa Pantanal, o problema foi causado pela ocupação desordenada da parte alta da bacia, o que gerou erosão e carreamento de terra, formando bancos de areia no leito do rio.
Conforme explicou, os estímulos governamentais da década de 1970 promoveram a implantação de grandes áreas de lavoura e de pecuária, sem que fossem seguidas práticas de conservação de solo ou de preservação de matas ciliares. Isso resultou em erosão, com acentuada perda de solo, carreado para dentro do rio Taquari.
Com o excesso de areia no leito, o rio procura espaço para as águas e acaba por “arrombar” as margens, inundando a área. O problema hoje é que o volume de sedimentos impede o recuo das águas na seca.
– Se antes entrava [o equivalente a] seis caminhões de areia, passou a entrar 600, estimando por baixo. Não há leito do rio que consiga suportar, fica tudo entupido, a água não acha seu caminho, a margem deixa de existir, pois é arrombada, e forma áreas inundadas o ano inteiro.
Ruptura
Como a região está adaptada a sistemas de inundações temporárias, o alagamento permanente da área tem inviabilizado atividades produtivas, como a criação de gado, e mesmo a sobrevivência de animais silvestres.
– Hoje, eu ando nos campos e meu filho não conhece uma ema, não conhece um tatu – relatou Ruivaldo Andrade, ao lembrar que esses e outros animais eram abundantes na região durante sua infância.
O assoreamento também afeta a capacidade de navegação do rio, impedindo o transporte do gado e o abastecimento das fazendas. Além disso, Cristina Lanza, vereadora da cidade de Corumbá, incluiu o êxodo rural e a desagregação das famílias entre as consequências da destruição do Pantanal.
Sem conseguir manter a produção rural, disse, muitas famílias foram obrigadas a migrar para a cidade, onde acabam desempregadas pela falta de qualificação, uma vez que a única experiência de que dispõem está relacionada à “lida do pantanal”.
Conforme relatou, a falta de trabalho e renda tem feito crescer nas famílias o temor de os filhos serem atraídos para a criminalidade e as filhas para a prostituição, problemas já verificados na cidade.
Ações imediatas
Como forma de recuperação do pantanal, Emiko Kawakami apontou a necessidade de manutenção imediata das barrancas do rio, para evitar novos arrombamentos, a dragagem da areia acumulada e a recomposição das margens. Mas a pesquisadora também ressalta que, sem a adoção de práticas conservacionistas na parte alta da bacia, o problema de assoreamento pode voltar.
15/05/2013
Agência Senado
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