Confissões de um capitão que não viu guerrilheiros
Confissões de um capitão que não viu guerrilheiros
Dia 31, março de 1964. Nada estava marcado para aquele dia nos quartéis do Exército Brasileiro. Pelas caladas, o principal exercício militar nas casernas, entretanto, era a conspiração. O regime de prontidão favorecia a trama para a deposição do presidente da República, João Goulart, e a circulação de boatos. O boato dominante era o de que Jango articulava um golpe de estado para se manter no poder, concedendo a si maiores poderes e implantando uma República Socialista Sindicalista.
Desde os primeiros dias daquele mês, era voz corrente nos quartéis do IV Exército, que correspondia à Região Nordeste: as tropas formadas e organizadas pelo governador Miguel Arraes (PE) contavam com a adesão da Polícia Militar e com as milícias das Ligas Camponesas, armadas com equipamentos soviéticos e cubanos modernos. Informações secretas davam conta, ainda, da presença de guerrilheiros entre os camponeses, treinados para vencer todo o contingente do Exército na Região. No dia 1º de abril, Arraes é deposto e preso, e o 2º tenente Carlito Lima se perguntaria: cadê os guerrilheiros?
Não havia, nem havia armamento, mas o grande temor dos militares era a área rural. “As Ligas Camponesas e os sindicatos rurais estavam organizados. Se não houve reação armada, foi simplesmente por falta de armas”, acredita o então 2º tenente, hoje capitão reformado do Exército e engenheiro civil, Carlos Roberto Peixoto Lima, o Carlito Lima. Carcereiro de Arraes, Gregório Bezerra, Francisco Julião, Paulo Freire e Pelópidas Silveira, na 2ª Companhia de Guardas, situada na Avenida Visconde de Suassuna, Santo Amaro, o militar alagoano Carlito Lima faz essas e outras revelações no livro “Confissões de um Capitão”, a ser lançado na próxima quinta-feira, às 19h, no Espaço Nossa Livraria, na Boa Vista.
A rápida prisão dos líderes Francisco Julião, Zezé da Galiléia e Gregório Bezerra desmantelou a organização dos trabalhadores rurais, facilitando a repressão. “Ficaram sem um líder, não tinham armas e eram alvos da caçada dos usineiros e canavieiros”, narra o capitão. O oportunismo e a falta de escrúpulos acabaram encontrando espaço na caça aos acusados de subversão. “A perseguição, no Interior, era comandada pelos coronéis, não os do Exército, mas os de engenho, que se aproveitaram para incriminar e prender desafetos pessoais”.
Os jornais da época ajudavam a confundir e assustar o 2º tenente, divulgando a prisão de mais de dois mil subversivos, no Estado, inclusive “guerrilheiros cubanos e chineses”, e a descoberta de depósitos de armas e munições, planos de invasões de quartéis etc. “Nas minhas andanças por quartéis e delegacias, jamais vi alguma coisa amedrontável”.
Um PT cada vez mais light
Perto de completar 22 anos, o partido flexibiliza o discurso e a política de alianças. O resultado é uma maior penetração na classe média
O PT realiza, nos dias 14, 15 e 16, no Recife, seu 12º Encontro Nacional. Entre outros temas, o partido fará, como sempre, um balanço da sua atuação. Às vésperas de completar 22 anos de fundação, o PT de hoje é bem diferente daquele fundado em fevereiro de 1980. Apesar de manter a fama de radical e brigão, há muito o partido vem flexibilizando sua postura diante de vários temas. Um deles, na pauta do congresso desta semana, é a ampliação da política de alianças da legenda.
À época da fundação, acordos eleitorais eram tabu, palavras proibidas aos petistas, que não admitiam a coligação com outros partidos, mesmo os mais próximos da sua linha ideológica. Mas há outras questões importantes que ganharam novas visões no PT atual. A polêmica privatização versus estatização, por exemplo, hoje é tratada de forma mais ponderada. No início, discutir a venda de empresas públicas era algo simplesmente inconcebível.
Alguns dos fundadores do PT em Pernambuco reconhecem as diferenças de comportamento ao longo de mais de duas décadas de forte atuação política. E nem sempre saem em defesa das mudanças. Para esses petistas, há muitos aspectos contraditórios na evolução do discurso partidário que, se por um lado deixou no passado teses importantes do chamado “socialismo moderno”, por outro assegurou ao PT uma presença mais forte nas urnas e mais penetração no setor formador de opinião, principalmente na classe média.
Um dos críticos das mudanças, o deputado Paulo Rubem Santiago – fundador do PT no Estado – analisa, sem papas na língua, que a real possibilidade de vir a ser Governo “domesticou” o PT. “Deixamos de lado a discussão política sobre conteúdo e passamos a discutir a questão eleitoral, mas vamos morrer na praia se apostarmos somente nas eleições e esquecermos nossos fundamentos”, alerta o petista, que em 1990 disputou o Governo do Estado, depois que o PT, mesmo dividido, rejeitou a aliança com Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Os fundamentos a que se refere Paulo Rubem são, na verdade, as profundas ligações do PT com os movimentos sociais. Nascido do sindicalismo paulista – com o apoio da igreja progressista e dos intelectuais da “esquerda crítica” – o partido sempre empunhou a bandeira da luta social. Mas no entendimento de especialistas da área, afastou-se um pouco dessa briga para cuidar de interesses eleitorais.
Para Michel Zaidan, professor do Mestrado em Ciência Política da UFPE e um estudioso das esquerdas, pouco a pouco o PT ocupou uma posição de centro na política. Um lugar que, segundo ele, deveria pertencer ao PSDB, mas os tucanos se “direitizaram”. Hoje, Zaidan classifica o PT como de linha social-democrata. E justifica sua teoria lembrando as políticas compensatórias – amplamente utilizadas pelo Governo FHC – que o PT tem defendido. “Esses programas não mudam em nada os fundamentos da política econômica, como queriam antes os petistas. E mais: passam ao largo dos Estados e municípios, hoje constitucionalmente enfraquecidos”, afirma.
Segundo o cientista político, o PT esmoreceu na defesa de um novo projeto de Federação que fortalecesse a autonomia administrativa e a capacidade financeira dos Estados e municípios. “O PT, hoje, é uma legenda sem nenhuma veleidade revolucionária. Quer a reforma das instituições, mas não quer questionar a ordem vigente”, sentencia Zaidan, observando que essas mudanças, de certa forma, deram força ao partido. “Jamais o PT chegaria à classe média com um discurso revolucionário. Tinha que moderar o tom. Sem o sectarismo de antes, caminha para se tornar um grande partido de massas no País”, acrescenta.
A quebra do discurso revolucionário só veio depois de mais de dez anos de lutas. O ano de 1993 ficou marcado pelo expurgo da tendência considerada mais radical do PT, a Convergência Socialista (CS). Seus integrantes estavam incomodados com a política de alianças e o discurso light dos dirigentes petistas. Fora do PT, a CS uniu-se ao recém-fundado Movimento Socialista Revolucionário (MSR) para fundar o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), que abraçou as antigas teses, mais sectárias, que basearam a criação do PT.
Presidente do PSTU e crítico incansável dos petistas, o químico Joaquim Magalhães diz que as mudanças no PT aproximaram o partido também do empresariado, antes tido como a personificação do bicho-papão. Mas isso, segundo ele, não significa que o PT se enquadrou na institucionalização. “O PT ainda mantém um pé nos antigos programas, só não tem mais aquela vontade de lutar. Quem mantém os fundamentos do socialismo é o PSTU”, defende.
“Aliança com o PL é ruim para o PT”
O líder camponês Manoel da Conceição foi o primeiro candidato do PT a disputar uma eleição. Concorreu ao Governo do Estado, em 1982, tendo Bruno Maranhão (PT) na vaga de se nador. Enfrentou dois caciques: Roberto Magalhães (PDS) e Marcos Freire (PMDB). Obteve 4.027 votos – menos de 1% dos votos válidos. Manoel voltou, em 85, ao seu Estado natal, o Maranhão. Radicado em Imperatriz, ele hoje trabalha com o que gosta: a organização de cooperativas agroextrativistas. Mas continua no PT, que ajudou a fundar, e se prepara para disputar novamente a Câmara Federal, à qual concorreu em 98, depois de tentar, sem sucesso, chegar ao Senado em 94. Ligado aos setores mais à esquerda do partido, ele condena a “abertura” à qual o PT se submeteu nos últimos anos, e critica a ampliação da política de alianças. Nesta entrevista ao repórter Sérgio Montenegro Filho, por telefone, Manoel fala sobre as diferenças entre o PT de 1980 e o atual, e admite que a flexibilização do discurso pode levar, enfim, à vitória de Lula na disputa presidencial.
JORNAL DO COMMERCIO – Como o sr. analisa as mudanças pelas quais o PT passou, tanto no discurso como na prática política, ao longo desses 22 anos de atividade?
MANOEL DA CONCEIÇÃO – O PT teve mudanças de orientação, de conteúdo. Hoje é um partido muito mais amplo, mais aberto. No início, era voltado apenas para o operariado, camponeses e núcleos de bairro. Hoje está forte também junto aos setores médios da sociedade. Antes, o partido sequer aceitava fazer alianças, queria ir sozinho para as disputas.
JC – Essas mudanças foram positivas para o PT?
MANOEL – Para mim não foram boas. Eu achava mais certo manter a bandeira firme do início. Fazer alianças apenas com partidos do mesmo perfil, ou mais próximos, como o PSB, setores do PDT e dos partidos comunistas. Agora, não é bom fazer alianças com esses partidos da direita, como o PL. Isso confunde o eleitorado. O problema é que, às vezes, a vontade de chegar ao poder é maior que a ideologia de um partido.
JC – Como o senhor se posiciona hoje no PT? Pertence a alguma tendência no Maranhão?
MANOEL – Não estou vinculado a nenhuma tendência. Estou tentando reorganizar um grupo que se chama “A estrela é o PT: socialista e revolucionário”, mais à esquerda. Mas o PT é democrático e quem quiser se organizar em tendências pode fazer isso. Há grupos de operários, da Igreja, dos ateus e de setores médios. O importante é ser do PT.
JC – O PT hoje, que elegeu João Paulo prefeito do Recife, está muito distante daquele que o senhor representou na eleição de 1982 em Pernambuco?
MANOEL – Naquela época, o PT era realmente muito mais um partido de trabalhadores e camponeses, não tinha tanta penetração nas cidades como tem hoje. Isso não quer dizer que a vitória de João Paulo não tenha sido um passo importante para o PT de Pernambuco e do Brasil.
JC – Em 22 anos o partido cresceu significativamente, mas, para isso, parece ter sido forçado a abrir mão de algumas de suas teses. O PT não corre o risco de se tornar uma legenda semelhante às que criticava no começo?
MANOEL – O crescimento trouxe problemas, mas mesmo assim, a maioria dos partidos do País usa o PT como modelo, adota uma linguagem mais próxima à nossa para tentar atrair os eleitores, embora fiquem apenas nos discursos e não cumpram as promessas de palanque. Hoje, quem pensa em ter votos dos trabalhadores, vai na linha do PT.
JC – O senhor concorda que essa “abertura” aproximou mais o partido do eleitor comum, menos politizado, e pode favorecer, por exemplo, a eleição de Lula?
MANOEL – Sem dúvida, acho que dessa vez o Lula tem grandes chances de ganhar a eleição. Há um descontentamento muito grande, em nível nacional, com os partidos e os políticos, e ele pode preencher essas lacunas. Eu estou disposto a ajudar na campanha.
JC – O senhor vive em Imperatriz, a segunda maior cidade do Maranhão, cujo prefeito é do PT. Como está analisando a pré-candidatura da governadora Roseana Sarney (PFL), que está em segundo lugar nas pesquisas, exatamente atrás de Lula?
MANOEL – Não sei de onde apareceu tanto voto para a Roseana Sarney de um momento para outro. O Maranhão, no Governo dela, ficou mais pobre ainda. São mais de 60% das pessoas abaixo da linha de pobreza. Às vezes eu penso até se essas pesquisas de opinião não foram forjadas. É difícil crer que ela esteja em segundo lugar.
Visual dos filiados acompanha as mudanças
Se o conteúdo do discurso e das teses do PT evoluiu, a imagem dos dirigentes e militantes também passou por visíveis modificações ao longo desses 22 anos. A modernização do visual petista, segundo alguns marqueteiros, deve-se, em parte, à adaptação às normas políticas vigentes e à necessidade de maior identificação com setores formadores de opinião, bastante críticos quanto à postura e à apresentação dos seus candidatos.
Mas há quem afirme que essa transformação no visual teria sido provocada, em parte, pelos próprios ditames da moda. O fato é que as barbas longas e descuidadas – que também se tornaram símbolo da revolução cubana de 1959 – foram substituídas, ao longo dos anos, por elegantes cavanhaques ou apenas bigodes bem aparados. Os cabelos longos cederam sob o jugo das tesouras e as academias de ginástica e pistas de cooper deixaram de ser uma exclusividade da “burguesia”.
No vestuário, a evolução também é visível. As tradicionais camisetas Hering de então – lisas ou com mensagens revolucionárias – deram lugar a ternos bem cortados. Uma exigência para quem ocupa cargos importantes no Executivo e Legislativo. O partido, inclusive, cuidou de produzir alguns broches com a estrela, símbolo do PT, estilizada, que são ostensivamente carregados nas lapelas dos paletós petistas.
As transformações visuais incluem eleitos e assessores, que podem até discordar da institucionalização do partido, mas ainda assim têm, hoje, que dividir espaço nas lojas de roupa com tradicionais adversários políticos.
Coronéis contestam Edgar Moury
Em uma dura nota, quatro coronéis rebatem as críticas feitas pelo secretário e cobram explicação sobre as “várias versões” para o projeto sobre as promoções na PM
Quatro coronéis militares – integrantes do grupo que reagiu à iniciativa do Governo de reformular os critérios de promoções e aposentadorias da corporação – rebateram, por meio de uma carta enviada à redação, a entrevista concedida pelo secretário Extraordinário de Coordenação do Estado, Edgar Moury Fernandes, ao Jornal do Commercio. O documento – assinado pelos coronéis Lucinaldo Guimarães Pimentel, José Quintino Guimarães, Sidrailton Sálvio Alves e Roberto Carvalho Moura – contesta ponto por ponto a entrevista do secretário publicada no último domingo (02).
Os militares renovaram a acusação contra o Governo de suprimir do projeto – agora lei – o artigo que assegurava o critério da alternância, entre antigüidade e merecimento, para as promoções dos postos de primeiro e segundo tenentes e capitão e de manter a regra para os oficiais da administração, com a finalidade de beneficiar militares “ligados” ao Palácio das Princesas.
Os coronéis pedem explicação ao secretário Moury Fernandes sobre as várias versões do projeto publicadas no Diário Oficial, que, segundo relatam, trazem redações diferentes para os critérios dos benefícios.
“A corporação, seja qual for o governante, sempre reagirá a medidas casuístas, travestidas de melhorias institucionais. Nós conhecemos bem a legislação e não nos prestamos ao papel de tolos”, destaca o documento.
SEM DISCRIMINAÇÃO – A tese do secretário ao movimento que se ergueu na PM contra o comandante da corporação, coronel Iran Pereira – de que a PM “discrimina” Iran por ser ele um “homem de cor” –, foi definida pelos militares como “uma apelação sem sentido”. “Essa descrição (da cor negra) corresponde a 80% dos policiais militares”, acrescentara m.
Os militares também questionaram a negativa de Moury Fernandes de que ele teria forte interferência na Polícia Militar, com poderes, inclusive, para manter Iran Pereira no comando da corporação. Os coronéis ilustram no documento o que entendem como “ingerência” do secretário na PM: o remanejamento da confecção da folha salarial e a exoneração do ex-comandante-geral da PM, coronel Roberto Carvalho Moura.
Por fim, os militares refutam a acusação de Moury Fernandes de que os militares estão com “as cabeças voltadas para a ditadura de 1964”. Eles definem como “mais uma falácia” do secretário e o acusam de “saudosista da ditadura de 64”.
Colunistas
Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio
Político intutelável
Primeiro secretário da Câmara Federal, o deputado Severino Cavalcanti desagradou meio mundo de gente quando atacou da tribuna da Câmara o vice-presidente Marco Maciel e o ministro José Jorge por causa de suas supostas indiferenças ante o problema da equalização dos custos de produção da cana-de-açúcar, sem o que os empresários nordestinos não têm condições de competir em pé de igualdade com os empresários de São Paulo.
O deputado foi ao presidente da República no dia 19 do mês passado para tratar dessa questão, porém, tudo continua na estaca zero. Inconformado, ele ocupou outra vez a tribuna da Câmara de cujo discurso destacam-se esses trechos: “ Faço parte da bancada que apóia o Governo, mas não costumo tergiversar em questões de interesse do povo que represento. Nunca aceitei ser tutelado ou ter os meus passos e minhas ações guiadas pelos caciques da política”.
Adiante: “Não tenho interesse particular nessa questão, não sou usineiro, nunca plantei um pé de cana e não sou dono de terras. Mas sou majoritário em Ribeirão e tenho consciência de que, naquela região, se falta dinheiro para os produtores de cana o trabalhador deixa de receber o seu salário e sua família passa fome”.
Solução intermediária
Pivô de uma briga política entre o líder Carlos Lapa (PSB) e o capitão PM José Pires, candidato a deputado estadual pelo PPB, o Centro Social Urbano de Carpina não será mais entregue à prefeitura. Para não fazer os gostos do líder do PSB e nem os do militar que o combate, o secretário José Arlindo (foto) buscou uma solução intermediária. O CSU, que tem na sua direção a mulher do capitão, será transformado em “Centro Integrado de Segurança”.
Como testemunha
A pedido do ministro José Serra, o deputado Carlos Batata (PSDB) subscreveu como testemunha a minuta do acordo celebrado em Brasília na última sexta-feira entre o Ministério da Saúde e o Comando Nacional Unificado de Greve da Seguridade Social. A outra testemunha foi o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
A hora é essa
Se o Governo de Pernambuco tiver algum pleito relevante perante a Petrobras a hora de conseguir é esta. É que o novo presidente da empresa, Francisco Gros, é amigo pessoal de Sérgio Guerra, em cuja casa jantou dois meses atrás. O substituto de Gros na presidência do BNDES, Eleazar de Carvalho, também é amigo do secretário.
Bivar começa a emplacar mais um projeto
Passou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara projeto de lei de autoria de Bivar (PSL) que garante complemento de aposentadoria aos funcionários da ECT, admitidos até 76, independente do regime jurídico da admissão.
Braga não vota a favor de mais impostos
Braga (PV) tem uma enorme boa vontade com o Governo de Jarbas, mas já comunicou à líder Teresa Duere (PFL) que votará contra o “pacotaço” do governador propondo aumento do ICMS de energia de 25% para 28%.
Parlamentar 1
No perfil parlamentar de Carlos de Lima Cavalcanti, que será lançado depois de amanhã, na Assembléia Legislativa, Ayrton Maciel resgatou um panfleto redigido por opositores do ex-interventor intitulado: “Aí vem o sombra”. O autor, Antonio Monteiro, diz ter sido preso seis vezes por ordem do interventor.
Parlamentar 2
O prefácio do “Perfil Parlamentar” de Walfredo Siqueira, escrito pelo jornalista Ivanildo Sampaio, é do ex-deputado Francisco Perazzo. Ele conta que testemunhou a “tumultuada sessão” da Assembléia Legislativa (01.04.64), da qual Walfredo era presidente, em que se declarou “vago” o cargo de governador.
O ex-prefeito (três vezes) de Salgueiro e eleitor juramentado de Ricardo Fiúza (PPB), Cornelito Parente Muniz, está “exilado” em Serra Talhada como delegado regional. Diz que depois de sua chegada àquele município, que é um dos mais violentos de Pernambuco, o índice de criminalidade caiu mais de 50%. A conferir.
Joaquim Francisco (PFL) tem se negado a receber ligações do secretário da Receita Everardo Maciel. Como é a favor da correção da tabela do imposto de renda em 20% e o Governo acena com 17,5%, mandou comunicar ao secretário que não arreda o pé desta posição nem que FHC lhe peça de joelhos.
Já que o Brasil é o País do futebol e estamos às vésperas da Copa do Mundo, a Câmara de Limoeiro aprovou um projeto de autoria do prefeito Luiz Heráclio (PSDB) autorizando a prefeitura a fazer a distribuição gratuita de “prêmios, condecorações, medalhas, troféus, placas, ternos de camisas para times de futebol e bolas”.
Por essa Marco Maciel não esperava: junto com FHC e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Alberto Cardoso, foi condenado por uma juíza de Brasília a ressarcir a União das despesas com o deslocamento de tropas do Exército em 1999 para a fazenda do presidente, em Buritis (MG).
Editorial
Estatal que deu certo
Ao inaugurar oficialmente sua nova fábrica de medicamentos líquidos, no início deste mês, o Laboratório Farmacêutico do Estado de Pernambuco deu um passo importante para consolidar sua posição de segundo maior produtor oficial de medicamentos do País. Vem logo depois da Fundação do Remédio Popular, de São Paulo. Convivendo com o processo de privatização das estatais, comandado pelo Governo FHC, o Lafepe contraria, segundo o depoimento do ministro da Saúde, presente à ampliação, a opinião radical de que o Estado é necessariamente incapaz de bem administrar qualquer atividade econômica.
Atuando na área de saúde, que é estratégica para o bem-estar da população e para o próprio crescimento autônomo do País, o Lafepe precisou vencer muitas resistências e incompreensões. No ano de 1998, na terceira administração Arraes, com o mesmo ministro José Serra no cargo, a pasta da Saúde chegou a suspender uma grande quantidade de convênios com o laboratório pernambucano, tendo este enfrentado naquele ano um déficit de R$ 37 milhões. Pensou-se até em fechá-lo, mas o governador Jarbas Vasconcelos enfrentou o desafio, e logo no primeiro ano de sua administração reduziu drasticamente a dívida encontrada ao assumir. No final do ano seguinte, o Lafepe contabilizou lucro de R$ 4,3 milhões. De lá para hoje, aquela estatal pernambucana só fez crescer.
Os produtos oriundos do laboratório instalado no bairro recifense de Dois Irmãos estão presentes hoje em 18 Estados da Federação, atingindo 419 municípios brasileiros. É um exemplo de sucesso numa área – a de saúde – em que o Brasil vem se destacando ultimamente no cenário internacional pela firmeza de sua política pela quebra de patentes para garantir a cura de doenças degenerativas como a Aids.
Numa outra área, a editorial, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) vem também se destacando pela manutenção da alta qualidade de suas publicações – livros, um Suplemento ilustrado do Diário Oficial e uma revista – Continente Multicultural –, que este mês completa um ano, já um êxito para publicações do gênero. É outra estatal que vem dando certo.
O papel desempenhado pelo Lafepe, na atual circunstância brasileira, como o da Fundação do Remédio Popular de São Paulo, é o de “regulador do mercado farmacêutico”, segundo declarações oficiais. Em nosso caso, com maior influência nas praças do Norte e do Nordeste. É que a diferença de preços dos seus medicamentos, em relação aos produtos rotulados pelas multinacionais, é em média 50%, chegando em alguns casos a até 80% menos do que os valores cobrados nas farmácias e fornecedores diretos aos hospitais. E isso tem ajudado o País a vencer a batalha pela popularização dos chamados “genéricos”.
Quando de sua mais recente visita a este Estado, para inaugurar a fábrica de medicamentos líquidos, o ministro José Serra revelou que a expectativa de seu Ministério é de que os genéricos irão movimentar 50% do setor no País. Desde a implantação deles, em 2.000, já se registrou uma expansão de 30%. O assunto, porém, fez lembrar também uma triste realidade: os genéricos chegaram ao Brasil cinqüenta anos depois dos Estados Unidos, e quarenta depois da Europa.
A partir do próximo ano, o Lafepe deverá desenvolver sua própria política de genéricos, tornando-se mais um instrumento de pressão visando à universalização daquele tipo de medicamento em nosso País. Mas, algo o laboratório pernambucano já vem fazendo com sucesso, que é a venda de 40 genéricos fabricados por outros laboratórios, que são repassados à população com preços bem menores do que os de nomes famosos. E, agora, está lançando no mercado seus primeiros quatro anti-retrovirais, enquanto vão sendo protocolados quinze outros medicamentos genéricos.
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12/09/2001
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