Congresso Nacional já criou duas CPIs para investigar institutos de pesquisa eleitoral



Os resultados das duas últimas eleições, realizadas em 1998 e em 2000, comparados às pesquisas eleitorais da época, deixaram políticos e parlamentares insatisfeitos com o trabalho realizado pelos institutos de pesquisa. A insatisfação foi transformada em requerimentos de instalação de Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs) solicitadas pelos senadores Ademir Andrade (PSB-PA), em 1998, e Sebastião Rocha (PDT-AP), este ano.

Apesar de terem sido criadas com o apoio de um terço dos parlamentares, as CPIs não chegaram a funcionar. Ainda assim, por diversas vezes, Ademir e Rocha discursaram, criticando os institutos nacionais e regionais, principalmente o Ibope, e pedindo um melhor controle da divulgação das consultas ao eleitorado.

Ademir, que apresentou um requerimento de CPI mista, com a participação de deputados e senadores, questionou as falhas dos institutos no primeiro turno das últimas eleições para presidente da República e governador.

- É dever do Congresso Nacional coibir esse verdadeiro ato de enganação da vontade do povo brasileiro que tem sido praticado pelos institutos de pesquisa. Foi um verdadeiro abuso da opinião pública o que se cometeu em termos de manipulação de pesquisas em todo o território nacional - afirmou Ademir no Plenário, em novembro de 1998.

O senador citou como exemplos de manipulação o resultado do primeiro turno da eleição para os governos de São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Goiás, Amazonas e Mato Grosso do Sul em 1998, em que institutos apontaram resultados diferentes da soma dos votos nas urnas com números que extrapolaram as margens de erro.

- Esses dados desanimam a militância e todos os que podem contribuir conosco desaparecem. Não há quem queira ajudar um candidato que, segundo pesquisa do Ibope, tem apenas 10% das intenções de voto, quando há candidatos com 39%. É muito difícil enfrentar uma maracutaia como essa - disse Ademir, que se considerou prejudicado pelo Ibope na corrida pelo governo do Pará em 1998.

Na ocasião, o senador ponderou que o trabalho dos institutos de pesquisa não deveria ser proibido, mas regulamentado de forma eficaz, para evitar influência nas eleições.- As pesquisas não podem se converter em publicidade enganosa. Ao eleitor brasileiro, a mínima garantia que a lei tem que assegurar é a livre manifestação do voto - analisou.

Em apoio a Ademir, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) lembrou que apresentou projeto que proibia a veiculação de pesquisas após o início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV. Para ele, existe uma vulgarização da publicação de pesquisas e a divulgação de consultas no dia de eleição -não tem lógica-.

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Este ano, Sebastião Rocha lutou pela instalação da CPI restrita ao Senado. Sob o impacto do resultado das eleições municipais de 2000, o senador argumentou que a comissão seria positiva para o país e para os próprios institutos, pois poderia garantir sua credibilidade. Na opinião de Rocha, erros como o registrado na votação para a prefeitura de Macapá indicam que ou o instituto é incompetente ou foi manipulado por interesses econômicos e da máquina administrativa.

Em junho passado, Rocha afirmou que o -Ibope aluga ou vende pesquisas para induzir eleitores a votar no candidato que compra a pesquisa-, oferecendo as provas para a CPI.

- Que interesse tem o Bank of América em financiar o Ibope? É esquisito, é muito estranho. - declarou o senador, que citou no requerimento de constituição da CPI erros das pesquisas no Rio de Janeiro, em Goiânia, em Macapá, no Recife e em Niterói nas eleições de 2000.




11/09/2002

Agência Senado


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