Conselho adia votação, mas tenta barrar volta de Jader



Conselho adia votação, mas tenta barrar volta de Jader O Conselho de Ética do Senado adiou para a próxima semana a votação do relatório que propõe abertura de processo contra Jader Barbalho (PMDB-PA) por falta de decoro parlamentar, mas impôs uma derrota ao senador: aprovou sugestão à Mesa Diretora para que impeça o retorno do peemedebista à presidência da Casa enquanto estiver sob investigação. A indicação não tem força legal, embora seja prevista regimentalmente (art. 22 da Resolução 20), mas mostra que a maioria dos senadores é contra a decisão manifestada por Jader de reassumir a presidência do Senado no próximo dia 18, após o término de sua licença de 60 dias. Na prática, é uma recomendação a Jader. "Não votaram [o Conselho de Ética] sequer a admissibilidade [da denúncia por quebra de decoro], como é que podem votar um absurdo dessa natureza", disse Jader ao tomar conhecimento da decisão. O peemedebista reafirmou a intenção de reassumir o cargo na próxima terça-feira. Proposta pela senadora Heloísa Helena (PT-AL), a indicação foi aprovada por 9 votos a favor. Só os 5 senadores do PMDB votaram contra, sob o comando do líder do partido, Renan Calheiros (AL). "A aprovação dessa indicação significa um prejulgamento, já que nem abrimos processo", disse Renan. Apesar de sua posição, o Calheiros admitiu que até na bancada do PMDB há certo desconforto com a possibilidade de Jader retornar à presidência do Senado. Na reunião de ontem, senadores de vários partidos manifestaram essa posição. "Jader anda por aí, de bravata, dizendo que vai reassumir. Isso é inaceitável", disse Waldeck Ornélas (PFL-BA). A discussão sobre a inconveniência do retorno de Jader à presidência do Senado ocorreu após a leitura do relatório assinado por Romeu Tuma (PFL-SP) e Jefferson Péres (PDT-AM), que durou mais de duas horas. O presidente do conselho, Geraldo Althoff (PFL-SC), concedeu inicialmente 24 horas de prazo para vista (exame dos senadores), mas acabou pressionado e ampliou para cinco dias, como é de praxe. Se for aprovado, o relatório será submetido à Mesa Diretora do Senado. Se for acolhido, será devolvido ao conselho para abertura do processo propriamente dito, o que encerra o prazo para que uma eventual renúncia de Jader interrompa o processo e evite uma possível cassação do mandato. O relatório de Tuma, que faz várias referências ao tom irônico usado por Jader ao depor na comissão, aponta "provas irrefutáveis" de que Jader se beneficiou dos desvios de recursos do Banpará, e afirma que ele mentiu ao se defender desta acusação. Jader ainda é acusado de "improbidade administrativa", por ter tentado obstruir as investigações sobre o Banpará. Ele, segundo o relatório, retardou a tramitação de um requerimento pedindo documentos ao Banco Central. João Alberto (PMDB-MA), único aliado de Jader na comissão, apresentou voto em separado, considerando um ""absurdo" a acusação de que Jader faltou com o decoro parlamentar. Ele recomendou que o conselho aguardasse a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o processo relativo às irregularidades do Banpará e o resultado da perícia judicial pedida pela Justiça do Pará nos documentos. ""Esse processo tem de ser suspenso no Senado. A Justiça e o Ministério Público estão investigando", disse. Caso gera conflito entre PMDB e PFL Apesar de os senadores negarem a partidarização, o processo contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) se transformou numa queda-de-braço entre PMDB e PFL, com a oposição oscilando ora para um lado ora para outro. Isso se repetiu ontem. O PFL, que quer acelerar o julgamento de Jader, queria dar apenas 24 horas a um pedido de vistas do senador Nabor Júnior (PMDB-AC) ao relatório do senador Romeu Tuma. Acabou tendo de dar cinco dias, como é de praxe na Casa, porque o PMDB teve o apoio da oposição. Mais tarde, a própria oposição teve a iniciativa de propor providência para impedir Jader de reassumir a presidência. O PFL quer abreviar o mandato de Jader por dois motivos: vingar a renúncia do ex-senador Antonio Carlos Magalhães e tentar ficar com a presidência do Senado. A sigla, nas eleições de fevereiro, ficou de fora do comando das duas Casas (o PMDB ficou com o Senado e o PSDB, com a Câmara). O antagonismo entre as duas siglas tem gerado momentos de tensão, como o bate-boca ocorrido ontem entre os senadores João Alberto e Romeu Tuma, coadjuvado por Jefferson Péres (PDT-AM), co-autor do relatório Tuma. "Eu assisti aqui a um relatório de linchamento do senador Jader Barbalho. Não existe uma prova contra ele", declarou João Alberto, depois da leitura do relatório de Tuma e Péres. Diante da acusação, Péres levantou-se, aproximou-se do colega e, dedo em riste, reclamou-lhe respeito. "Não aceito isso. Ele acompanhou o nosso trabalho, sabia de tudo e no final diz isso?", questionou Tuma. O PMDB trabalha por Jader no único caminho que lhe é possível, ou seja, ganhar tempo. Conseguiu adiantar, para hoje, a eleição do novo presidente do Conselho de Ética, jogando para a próxima semana a votação do relatório. "Partidarizando? Não dá é para alterar a realidade, manufaturando fatos. Se houver alguma prova [contra Jader", aparecerá, mas não se pode inventar", disse Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado. O indicado do partido, que deve ser confirmado, é Juvêncio Fonseca (PMDB-MS), que ocupará a cadeira ocupada interinamente por Geraldo Althoff (PFL-SC). A intenção de Althoff era deixar a presidência do Conselho somente amanhã. Mas ele acabou não resistindo às pressões. E também não teve o apoio da oposição, pois pediu a reabertura do caso que põe contra a parede o líder do Bloco de Oposição, senador José Eduardo Dutra. O catarinense quer investigar Dutra por suspeitar que ele sabia da violação do painel do Senado, que causou duas renúncias, e não tomou providência. Receita não tem dados de 88 e 89 O inquérito criminal contra o presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho, que apura a venda de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) ficará sem os dados sobre declarações de renda e bens porque esses documentos foram incinerados, conforme ofício da Receita Federal enviado ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal). O secretário da Receita, Everardo Maciel, disse que o órgão só é obrigado a preservar documentos por cinco anos para eventuais investigações fiscais e que, por essa razão, não dispõe mais das declarações de renda e bens de Jader relativas a 1988 e a 1989, que deveriam ser entregues ao Supremo. A Receita demorou 35 dias para dar essa informação e só o fez ontem, depois que o relator do inquérito, Carlos Velloso, mandou os autos ao procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, e pediu que ele se manifestasse. Em 7 de agosto, Velloso decretou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jader em 1988 e 1989, período em que o senador era ministro da Reforma Agrária. Velloso disse que os documentos dos bancos serão remetidos em breve à Polícia Federal. O CONFLITO DOS RELATÓRIOS Romeu Tuma e Jefferson Péres querem a condenação "... a despeito da negação veemente do senador Jader Barbalho, contrariando a tudo e a todos, de que não se beneficiou de cheques administrativos desviados do Banco do Estado do Pará, os autos apontam em sentido oposto. O conjunto de informações e documentos demonstra cabalmente, não apenas evidências e indícios, inclusive pela presença física dele na agência Jardim Botânico do Banco Itaú, no Rio, nos dias das aplicações mas também provas irrefutáveis de recebimento por Jader de recursos havidos nos desfalques." "... há que se reconhecer que, para investigar a questão alvo da representação -faltar com a verdade no exercício da função de senador (relativo ao não envolvimento no episódio Banpará)- é óbvio que resultou imperiosa a necessidade de a comissão remontar, reviver a história, esmiuçar novamente o rumoroso desvio de recursos do Banpará." "... faltou com a verdade o senador Jader Barbalho ao dizer em várias oportunidades que não recebeu recursos provenientes dos desvios do Banpará, tendo em vista que se constatou, com base em elementos de prova materiais, que Sua Excelência recebeu sim, em mais de uma vez, o malsinado dinheiro." João Alberto prefere esperar a Justiça e o Ministério Público "Resolvi proferir voto em separado em razão de discordar da posição assumida pelo ilustre coordenador da comissão [Tuma", pois ao contrário do que estabelece seu relatório, o BC em nenhum momento vinculou o nome do senador Jader Barbalho como beneficiário dos resgates de aplicações dos cheques administrativos do Banpará; quem faz essa vinculação é o inspetor Abraão Patruni Jr., em seu relatório, que, registre-se, sequer foi aproveitado pela autoridade monetária em face de o mesmo violar o devido processo legal." "... fica claro que Jader Barbalho não mentiu ao afirmar que o Banco Central do Brasil o exclui em parecer formal, final e conclusivo não haver sido responsabilizado no episódio Banpará." "O bom senso recomenda que, estando o assunto sob apreciação do STF ainda na fase de diligência, isto é, sequer existe denúncia, e ao mesmo tempo sob apuração na Justiça do Pará em processo de "produção de provas", o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aguarde tais manifestações." Irmão de senador do PMDB é investigado no caso Sudam A Polícia Federal está investigando a suposta participação de um irmão do senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), Paulo Bezerra, no esquema de desvio de verbas da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). A suposta participação de Paulo Bezerra foi denunciada pelo pecuarista paraense Jânio de Sousa Pereira, em depoimento à Polícia Federal em Palmas (TO), no último dia 29 de junho. O depoimento foi considerado "muito esclarecedor" pelo delegado Hélbio Dias Leite, encarregado de apurar irregularidades em projetos financiados pela extinta autarquia. Segundo Pereira, o irmão do senador "intermediava projetos perante à Sudam e cobrava comissões". A Agência Folha obteve uma cópia do depoimento, que estava sendo mantido em sigilo. Bezerra ainda não foi ouvido pela Polícia Federal. O delegado afirmou que Pereira depôs como testemunha porque seu nome foi muito citado em depoimentos de empresários supostamente envolvidos no esquema. Ele seria uma pessoa que conhecia o esquema, mas não teria participado dele. "O depoimento dele [Pereira] serviu para entender como funcionava o esquema de corrupção na Sudam", disse o delegado. O pecuarista contou à polícia que tentou duas vezes obter financiamento junto à Sudam, mas esbarrou num esquema que envolvia pagamento de comissões. "Nenhum empresário ligado a projeto da Sudam pode afirmar que seu negócio é absolutamente sério e isento de corrupção, porque o próprio sistema e a sistemática de liberação de recursos não permitem que um projeto seja aprovado sem o pagamento de corrupção", afirmou Pereira. Percentuais No depoimento, o pecuarista exemplificou como ocorreria o esquema de corrupção na extinta autarquia. Segundo ele, num projeto com valor de R$ 1 milhão, as despesas obrigatórias para tirá-lo do papel somavam R$ 285 mil, isto é, 28,5% do valor liberado. Os percentuais a serem pagos, segundo o depoimento de Pereira, eram os seguintes: 7% de pagamento para a aprovação do projeto; 5% de juros pagos ao Basa (Banco da Amazônia S.A.); 4% para emissão de debêntures; 4% para compra de notas fiscais falsas; 4% de propina para o corpo técnico da Sudam liberar os recursos e enviar ofícios ao Basa informando sobre a liberação; 3% pagos a agiotas que emprestavam dinheiro aos empresários que queriam obter financiamento, mas não tinham dinheiro para o investimento ou para o gerente do Basa comprovar que o empresário teria depositado a contrapartida de 50% do valor do projeto exigida pela Sudam; e 1% pago ao escritório responsáveis pela apresentação do projeto. Na conta apresentada por Pereira falta 0,5%, que o pecuarista não apontou para onde iria. Depois que concedeu depoimento à PF, Pereira pediu para entrar no programa nacional de proteção a testemunhas. O pedido está em análise. Malan e Mercadante batem boca sobre acordo com FMI O ministro da Fazenda, Pedro Malan, esteve ontem na Câmara dos Deputados para explicar os detalhes do acordo fechado com o FMI (Fundo Monetário Internacional) no mês passado. A sessão, no entanto, foi marcada por um bate-boca de quase uma hora entre Malan e o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP). A discussão teve início quando Mercadante começou a ler artigos escritos por Malan em 1983. Os trechos citados traziam críticas ao FMI. "O FMI tem que ser criticado pela sua metodologia de trabalho, de induzir o país deficitário a fazer uma recessão, mesmo que não seja necessário", dizia um dos trechos citados. "O que resta? Uma renegociação dos termos em que foi contratada a dívida passada e uma profunda rediscussão da concepção geral e dos termos específicos dos programas a serem acordados com o FMI e os bancos", afirmava outro artigo. "Estou fascinado", ironizou Malan. "Em vez de gastar tanto tempo no site do PT, o senhor poderia gastá-lo relendo aquilo que escreveu", rebateu Mercadante, numa referência às recentes menções do ministro ao conteúdo do site do partido na internet. "Não me arrependo de nada do que escrevi", disse Malan, citando o economista John Maynard Keynes para se defender: "Quando muda uma situação, eu também mudo a avaliação que eu tinha daquela situação, já que ela não é a mesma". Logo depois, completou: "Tanto que não vou perder tempo lendo textos que o senhor escreveu há vinte anos". "Evidente que a situação mudou. Mas não podemos mudar de lado. E o senhor mudou", respondeu Mercadante. Malan também criticou o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva. Em entrevista, Lula comparou Malan ao personagem de quadrinhos Tio Patinhas, dizendo que o ministro guarda a chave do cofre do Tesouro Nacional e só abre as portas para nadar nas moedas e liberar dinheiro a amigos. "Mostrei isso ao meu filho de 7 anos e ele achou divertido", brincou Malan. Depois, sério, disse considerar a declaração uma "brincadeira gratuita e ofensiva, que não combina com alguém que, há 12 anos, disputa a Presidência". Mercadante também comparou a postura de Malan, que critica quem defende moratória na dívida pública, com as declarações do ministro no final de 1998. Na ocasião, Malan foi ao Congresso falar sobre outro acordo com o FMI e negou que o governo pretendesse desvalorizar o real. "O senhor disse: "O regime que temos é esse e não será mudado'", afirmou Mercadante. Malan se defendeu dizendo que não era "sensato" comentar possíveis mudanças no regime cambial em público, na frente de jornalistas. PT encabeça homenagem a Luiz Francisco O Ministério Público Federal e o procurador da República Luiz Francisco Souza foram homenageados ontem em sessão solene da Câmara. O procurador foi elogiado individualmente por todos os partidos, à exceção do PSDB. Integrantes da CPI do Narcotráfico disseram que, com o trabalho do procurador, a comissão pôde desmontar parte do crime organizado no Acre. "Sem o procurador, não teríamos chegado a lugar nenhum", disse o deputado Magno Malta (PL-ES), que presidiu a comissão. O deputado Ivan Valente (PT-SP), autor do requerimento da sessão, disse que os procurados têm defendido o povo sem se intimidar com as pressões. O deputado Vicente Arruda (CE), representando o PSDB, fez o discurso mais destoante. "Não podemos criar heróis no Ministério Público", afirmou. O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Rubens Approbato, e o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, Carlos Frederico Santos, acompanharam a sessão solene. A homenagem foi proposta por Valente na época em que Luiz Francisco foi criticado por ter gravado a conversa com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) na qual o baiano dizia ter lido a lista com os votos da sessão que cassou Luiz Estevão (PMDB-DF). Tribunal de Justiça mantém quebra de sigilos de Maluf O segundo vice-presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Maurílio Gentil Leite, manteve a quebra de sigilo bancário e telefônico do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf e de cinco parentes dele. Em 20 de agosto, o juiz-corregedor do Departamento de Inquéritos Policiais de São Paulo, Maurício Lemos Porto Alves, havia decretado a quebra dos sigilos de Paulo Salim Maluf, Sylvia Lutfalla Maluf (mulher de Maluf), Flávio Maluf, Otávio Maluf, Lina Maluf Alves da Silva, Lígia Maluf Curi (filhos de Maluf) e de Jacqueline de Lourdes Coutinho Torres Maluf (mulher de Flávio). Na época, Maluf disse estar "satisfeitíssimo" por ter sido decretada a quebra dos sigilos e afirmou que não iria recorrer. Em 30 de agosto, os filhos e a nora de Maluf impetraram um habeas corpus no Tribunal de Justiça para tentar modificar a decisão do juiz Porto Alves. Sete dias depois, Maluf fez o mesmo. O segundo vice-presidente do tribunal, desembargador Gentil Leite, que analisa os pedidos de liminar em habeas corpus, indeferiu a concessão de medida liminar nos dois casos. Publicação Ontem foi publicada no "Diário da Justiça" a decisão sobre o habeas corpus impetrado por Maluf. A Folha não localizou habeas corpus em nome de Sylvia Maluf, mulher do ex-prefeito. Os promotores que atuam no caso disseram que os sigilos telefônicos dos parentes de Maluf têm informações bem mais importantes do que as encontradas na relação de telefonemas efetuados pelo próprio Maluf. Agora, os habeas corpus serão distribuídos a outros desembargadores e julgados no mérito. Demora Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, os habeas corpus costumam demorar entre um ano e meio e dois anos para serem analisados definitivamente. Maluf e os seis parentes dele são investigados em inquérito policial como suspeitos dos crimes de falsidade ideológica, formação de quadrilha ou bando e corrupção passiva. O inquérito foi aberto após a revelação, feita pela Folha, de que Maluf e seus parentes são beneficiários de aplicações financeiras ilegais em Jersey, um paraíso fiscal no canal da Mancha. Na edição de 10 de junho, o jornal informou que há pelo menos US$ 200 milhões -cerca de R$ 530 milhões- depositados e bloqueados na ilha britânica. Os promotores Silvio Marques, da Promotoria da Cidadania, e Marcelo Mendroni, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), apresentaram na última terça-feira um pedido de quebra de sigilo fiscal de Maluf e seus parentes. O juiz Maurício Lemos Porto Alves ainda não analisou o pedido. PSB move ação contra programa do PT O PSB entrou ontem com uma representação contra o PT no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Rio. Os socialistas pedem que seja suspensa a atual propaganda dos petistas no horário eleitoral do Estado, considerada ofensiva ao PSB e ao governador Anthony Garotinho, filiado ao partido. Além da suspensão, o PSB quer que o PT seja punido com a perda do horário eleitoral no próximo semestre. Nas inserções do PT, o governador é identificado como "Félix Molequinho". Artigos O muro de Nova York CARLOS HEITOR CONY RIO DE JANEIRO - O Muro de Berlim foi diferente. Feito de concreto, impedia que os de dentro fugissem. Quando caiu, parecia que a história havia acabado. E ela mal havia começado. O muro de Nova York será feito, agora, com material menos prosaico e mais sofisticado. Varredura eletrônica, radares potentíssimos e, sobretudo, uma logística de fiscalização que nunca houve igual na história. Ao contrário do Muro de Berlim, sua finalidade é impedir a entrada de indesejáveis. Quais serão os indesejáveis? Em princípio, todos nós, incluindo os próprios norte-americanos que por isso ou aquilo pareçam não estar satisfeitos com a vida ou consigo mesmos. Repito o que escrevi ontem: a escalada terrorista não mudou de grau, mudou de gênero. É a nova modalidade da guerra entre interesses e vontades contrárias, que começou com o arco e a flecha e terminou com a bomba atômica. E, justamente por isso, tornou-se inviável para povos e sociedades sem tecnologia suficiente para enfrentar adversários infinitamente mais fortes. Um escudo espacial, que levaria a guerra convencional às estrelas, um porta-aviões capaz de destruir um continente, ogivas nucleares direcionadas para centenas de cidades, tudo isso ficou obsoleto. São armas da guerra comum, que, umas pelas outras, se destroem mutuamente. O ato dito terrorista, promovido a ação de combate, pode usar facas -como parece ter acontecido na manhã de terça-feira. Facas que renderam tripulantes de dois aviões. Tão dramáticas como as fotos do desabamento das torres do World Trade Center foram as fotos de nova-iorquinos cobertos de poeira e fuligem, que pareciam sair de um mundo em chamas, retirantes que fugiam da morte. O Muro de Berlim foi símbolo e expressão da Guerra Fria. O muro de Nova York será símbolo e expressão de uma guerra que ficará cada vez mais quente. Colunistas PAINEL Síndrome ACM Jader Barbalho disse ontem a aliados que renunciará ao mandato antes de a Mesa do Senado abrir um processo contra ele por quebra de decoro. Não quer correr o risco de ser cassado, o que o impediria de disputar a eleição de 2002, deixando-o por oito anos sem imunidade. Linha fina Jorge Bornhausen (PFL) procurou o Planalto para pedir o apoio do PSDB a um candidato pefelista no caso de o Senado ter de realizar nova eleição para a presidência da Casa. Ouviu que o governo não irá se meter em assunto do Legislativo. Menos um Jader não poderá contar mais com um de seus principais aliados no colégio de líderes. Sérgio Machado, atual líder do PSDB, irá filiar-se ao PMDB no fim de semana e perderá o cargo. Alta tensão Relator do caso Jader, Romeu Tuma (PFL-SP) passou mal ontem após discutir com o senador João Alberto (PMDB-MA) no Conselho de Ética do Senado. Terror nacional Após os atentados nos Estados Unidos, o Senado colocou um detector de metais na porta de entrada do Conselho de Ética. Detalhe incômodo Os presidentes do PT José Genoino (nacional interino), Paulo Funghi (estadual de MG) e Nilmário Miranda (BH) dirão amanhã a Célio de Castro que ele é "bem-vindo" ao partido. O adesivo distribuído por petistas contrários à filiação do prefeito de BH seria "fato isolado". Ação externa O PTB decretou a intervenção do diretório do Mato Grosso do Sul. Para impedir que a seção regional do partido apóie a reeleição do governador Zeca do PT. Dentro ou fora O ex-governador Antonio Britto avisou ao PMDB que não disputará a sucessão de Olívio Dutra no RS. Parlamentares do partido, no entanto, acham que ele ainda pode mudar de idéia. SOS tortura A Secretaria de Estado de Direitos Humanos definiu o número de telefone para atender denúncias de tortura: 0800-707-5551. O anúncio oficial será feito por FHC no fim do mês. CONTRAPONTO Munição extra Na tarde de anteontem, a cúpula do PMDB reuniu-se no Espaço Cultural da Câmara para escolher a nova Executiva do partido. Após a reunião, líderes do PMDB saíram da sala e foram cercados pelos repórteres. Todos queriam explicações sobre a exclusão dos itamaristas do comando do PMDB. No meio da aglomeração, enquanto os repórteres ouviam as explicações, o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE) chegou perto do colega Pinheiro Landim (PI) e puxou do bolso dele um envelope de Viagra com quatro comprimidos. Chamando a atenção de todos, Gomes saiu gritando: - Landim está preparado para a guerra. Em cada bolso, tem um envelope de Viagra! Em meio às gargalhadas, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL) completou: - Não faça isso, rapaz. Assim você desarma o homem! Editorial NOVA DESORDEM GLOBAL Dois dias depois dos ataques aos EUA, os possíveis efeitos econômicos do terror começam a ficar mais claros. Destaca-se nesse sentido o aumento da probabilidade de uma recessão a curto prazo, o que significaria o fim do processo de desaquecimento que ficou conhecido como "pouso suave". Mas há também efeitos a longo prazo que começam a entrar nos cálculos de investidores e analistas. Os impactos de um ambiente político internacional mais tenso sobre os fluxos de comércio incluem a possibilidade de contágio sob a forma de medidas protecionistas. Diante de um provável agravamento das tendências recessivas a curto prazo, cada país tende a adotar políticas defensivas, protegendo seus mercados. Essa reação instintiva apenas agravaria a recessão, pois as oportunidades de comércio diminuiriam em escala global. Projetos mais ambiciosos, como o da Área de Livre Comércio das Américas, podem ter seu ritmo e sentido alterados. As condições de negociação com a maior potência do planeta mudarão. Para lideranças políticas e econômicas da União Européia e da Ásia, por exemplo, podem surgir novas oportunidades. Esse ainda pode ser um momento para sugerir uma revisão mais rápida e profunda de princípios consagrados pelo Consenso de Washington, pelo FMI ou pela OMC. Em última análise, é também a partilha desequilibrada e excludente do poder econômico mundial que dá origem às tentativas desesperadas de contestar o centro dominante. Resta saber se as lideranças norte-americanas serão capazes de fazer concessões ou de reduzir sua agressividade na diplomacia econômica num momento em que, ao contrário, elas precisam reafirmar seu predomínio. Também pode aumentar a intensidade com que os interesses das grandes corporações dos EUA são afirmados nos foros internacionais de negociação econômica. Em última análise, o que está em questão é a capacidade de liderança dos EUA, algo que depende sobretudo de seu poder econômico e de sua habilidade para oferecer segurança ao sistema econômico internacional. Num período que já é de desaceleração, uma recessão poderia ser a porta de entrada para uma desordem global ainda mais tensa e imprevisível. Topo da página

09/13/2001


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