Constituição pode garantir regras estáveis para as agências reguladoras



As agências reguladoras, atualmente disciplinadas por normas infraconstitucionais, poderão ter os princípios da atividade e o seu funcionamento regidos pela Constituição. A proposta, formulada pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), obteve parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) nesta quarta-feira (10), e pretende, segundo o autor, evitar as ameaças à autonomia de gestão por injunções políticas que possam resultar em "variações abruptas de regras, à negativa dos contratos e ao privilégio concedido aos desejos imediatos do Poder Executivo".

Ao aprovar o relatório do senador Demostenes Torres (PFL-GO), favorável à essa proposta de emenda à Constituição (PEC), os integrantes da CCJ deram seu aval para que as agências tenham princípios como a defesa do consumidor e da livre concorrência; mínima intervenção na atividade empresarial; universalização, continuidade e qualidade dos serviços; independência funcional, decisória, administrativa e financeira; escolha de dirigentes com estabilidade durante os mandatos; e estabilidade e previsibilidade das regras.

A proposta de Jereissati institui o controle externo das agências reguladoras e estabelece que toda a regulamentação será feita em lei complementar. Para o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA), a PEC é uma forma de dar unidade aos papéis das diversas agências, que foram criadas em momentos históricos diferentes. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) anunciou que irá apresentar aperfeiçoamentos de redação em Plenário, mas se disse satisfeito com o fato de o projeto não retirar o poder de concessão das mãos do Executivo, o que, segundo ele, teria motivado o seu pedido de vista na semana passada.

A matéria contou ainda com o apoio dos senadores Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), César Borges (PFL-BA) e José Maranhão (PMDB-PB), que consideraram a PEC como a forma de proteger as agências contra os humores políticos e a centralização de poderes nas mãos dos mandatários do governo nos níveis federal, estadual e municipal. Maranhão chegou a contar que em alguns estados, como o seu, os dirigentes de agências reguladoras estão sendo demitidos em um claro desrespeito aos dispositivos legais. "As agências não podem ficar fragilizadas por atos discriminatórios", ressaltou.



10/03/2004

Agência Senado


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