CPI da Exploração Sexual deverá propor mudanças no Código Penal para também punir tráfico de homens



O Ministério da Justiça deve encaminhar à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investiga a violência e as redes de exploração sexual de crianças e adolescentes a proposta de um projeto de lei que altera o Código Penal, transformando a parte que trata do tráfico de mulheres para o de pessoas, abrangendo assim os casos em que as vítimas são meninos e rapazes. Essa informação foi anunciada pela secretária nacional de Justiça, Cláudia Chagas, durante audiência pública da CPMI, que é presidida pela senadora Patrícia Saboya Gomes (PPS-CE). Essa proposta formulada pelo MJ consta também do relatório preliminar do grupo interministerial, formado por seis ministérios e três secretarias de governo, que vem trabalhando desde outubro do ano passado para propor mudanças legais que permitam melhorar as investigações desses casos, desbaratar as redes de tráfico e punir os culpados da exploração sexual e da violência infanto-juvenil. A senadora explicou que essas contribuições devem ser incorporadas ao relatório da CPMI, que deve ser apresentado pela deputada Maria do Rosário Nunes (PT-RS) em 18 de maio próximo, exatamente quando se comemora o Dia Nacional de Enfrentamento da Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Cláudia Chagas anunciou, ainda, que estará entregando a coordenação geral do grupo interministerial à Secretaria Especial dos Direitos Humanos, comandada por Nilmário Miranda. Ela explicou que o MJ vem desenvolvendo, com a ajuda da Organização das Nações Unidas (ONU), um programa de combate ao tráfico de seres humanos, que envolve a capacitação de agentes públicos para o atendimento especializado desses casos. Segundo a secretária, o ministério está inaugurando escritórios nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará e Goiás, que possuem conhecidas rotas de tráfico humano, para com a ajuda de parceiros locais preparar policiais, Ministério Público e outros agentes envolvidos, de forma a melhorar a capacidade de detectar as maneiras como agem essas redes de prostituição. Em São Paulo, por exemplo, continuou, o parceiro do Ministério é a secretaria estadual de Justiça.

O ministério, conforme a secretária, está buscando apurar as razões para o baixo número de condenações nos casos de crimes de tráfico. Ela informou que em abril será divulgado um levantamento sobre os inquéritos e os processos em andamento no país relativos ao tráfico de mulheres, já que a legislação não prevê por enquanto a tipificação desse crime quando as vítimas são do sexo masculino.



24/03/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


CPI da Exploração Sexual: relatório propõe alterações no Código Penal

Sancionada lei que aumenta prazo para justiça punir autores de crimes de exploração sexual

CPI debate nesta quarta tráfico para exploração sexual

Senado promove videoconferência sobre tráfico para exploração sexual

Senado aprova mudança no Código Penal para punir conduta fraudulenta de ONGs

CDH debate exploração sexual e tráfico de mulheres e crianças