CPI do Futebol suspeita de sonegação e evasão de divisas na compra de jogador do Flamengo



O contrato de compra de um jogador do Flamengo, o sérvio Petkovic, pode envolver sonegação de imposto e evasão de divisas. A avaliação é do relator da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investiga fatos envolvendo as associações brasileiras de futebol, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), após ouvir nesta quinta-feira (dia 30) o depoimento do presidente do clube, Edmundo Santos Silva.

O presidente do Flamengo não soube explicar como o clube pagou US$ 1,55 milhão e US$ 450 mil, respectivamente, às empresas estrangeiras Picoline - que tem sede no paraíso fiscal das Ilhas Virgens - e Lake Blue pelos direitos de exploração de imagem do jogador, sem que a agremiação esportiva tenha qualquer recibo ou comprovante da transação. Além disso, o próprio Petkovic já declarou não ter conhecimento desses contratos e afirmou nada ter recebido pela exploração de sua imagem.

Edmundo Santos Silva explicou que o pagamento dos US$ 6,5 milhões pela compra do jogador foi feita pela empresa ISL, que tinha um contrato de investimentos com o Flamengo no valor de US$ 80 milhões, mas acabou falindo. Ele disse também que foi o vice-presidente do Flamengo à época, Luis Carlos Medeiros, que conduziu a transação pelo clube junto ao empresário de Petkovic.

Para Geraldo Althoff, que chegou a pedir ao presidente da CPI, senador Álvaro Dias (sem partido-PR), a suspensão da reunião por 15 minutos para que o presidente do Flamengo providenciasse uma cópia do contrato de aquisição de Petkovic, há evidências claras de que "houve elisão fiscal e evasão de divisas" na compra do jogador. Esta também é a opinião de Álvaro Dias, para quem "há algo de muito estranho e suspeito nessa operação". Edmundo Santos Silva não apresentou a cópia, mas garantiu que enviará o documento à CPI em 24 horas.

O presidente do Flamengo - sempre alegando que suas contas foram aprovadas pelo conselho fiscal do clube - também não conseguiu responder às perguntas do senador Antero de Barros (PSDB-MT) sobre o crescimento vertiginoso da dívida do clube, que girava em torno de R$ 65 milhões em 1998 e chegou a R$ 136 milhões neste ano. Ele justificou que o Flamengo passou a corrigir passivos e incorporar contingências aos balanços anuais, práticas financeiras que não eram usadas nas gestões que o antecederam. Edmundo prometeu enviar relatórios detalhados aos senadores, inclusive auditorias recentes feitas nas finanças do clube, mas suas explicações, na opinião de Geraldo Althoff, não convenceram os membros da comissão.

Outro fato levantado pelo relator foi a descoberta, pela CPI, de uma conta no exterior em nome do Flamengo, que teria um depósito de US$ 980 mil. Perguntado sobre o assunto, Edmundo Santos Silva inicialmente disse desconhecer tal conta, depois admitiu que ela poderia existir e finalizou dizendo que determinará a realização de um levantamento completo sobre essa conta e enviará o resultado à CPI.

- Com esse depoimento, fica clara a total desorganização financeira e fiscal de um grande clube como o Flamengo. Está evidente também que lá existe uma espécie de presidencialismo, onde o presidente faz o que quer e o conselho fiscal aprova tudo. Isso tem que acabar no futebol brasileiro - enfatizou Geraldo Althoff.

30/08/2001

Agência Senado


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