Delegado diz na CFC que evasão de divisas chega a US$ 30 bilhões



A Polícia Federal, o Ministério Público e a Receita Federal já têm em mãos o mapa da evasão de divisas ocorrida nos últimos anos, que chega a alcançar a cifra de US$ 30 bilhões e envolve 1600 nomes de brasileiros que possuem contas CC-5 na agência do banco Banestado, em Nova York. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (21) pelo delegado da Polícia Federal José Francisco de Castilho Neto, em depoimento à Comissão de Fiscalização e Controle (CFC), que vem investigando a remessa ilegal de divisas ao exterior por meio de contas CC-5, usadas por não residentes no Brasil.

A maioria dos investigados, segundo o delegado, participou ativamente de episódios como o chamado caso Sudam - que indicou desvio de recursos provenientes de incentivos fiscais - e a privatização das empresas de telecomunicação, além de terem tido participação em obras superfaturadas. Ainda de acordo com o depoimento, a Polícia Federal, o Ministério Público e a Receita Federal já têm condições de divulgar os nomes dos envolvidos, e o próximo passo é punir os responsáveis e repatriar o dinheiro.

José Castilho estranhou que, no auge das investigações, em maio do ano passado, a direção da Polícia Federal o tenha afastado -inexplicavelmente- do caso, ao qual só retornou em março de 2003. Ele reclamou das dificuldades em dar prosseguimento às investigações, que na atual fase se concentram na simples verificação de extratos bancários. Considerou ainda estranho que o Banco Central não tenha tomado nenhuma providência sobre o tema, mesmo tendo conhecimento da evasão de US$ 30 bilhões.

O delegado informou que as investigações sobre a remessa ilegal de divisas e lavagem de dinheiro já duram seis anos. Mas foi no ano passado, conforme observou, que elas se aprofundaram, já que a Justiça norte-americana autorizou as autoridades policiais brasileiras a vasculhar as contas CC-5 no Banestado. Foi aí, relatou, que surgiram os nomes de 1600 brasileiros responsáveis por evasão de divisas.

Também tomou parte da audiência pública o perito do Departamento de Polícia Federal Renato Barboza. Ele informou que nada menos do que 37 mil pessoas estão sendo investigadas pela Polícia Federal, com destaque para doleiros. Disse ainda que mais de 20 mil depósitos em contas de -laranjas- já foram identificados.

Renato Barboza disse que o esquema já funciona há mais de 20 anos e está enraizado -na rede bancária, na política e nas prefeituras-. Por isso, pregou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a apurar a remessa ilegal de dinheiro e desmantelar as -verdadeiras quadrilhas que assaltam os cofres públicos brasileiros-.




21/05/2003

Agência Senado


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