CPI ouve depoimentos sobre aposta em corridas de cavalos
A CPI da Segurança Pública ouviu ontem o depoimento de dois empresários vinculados à exploração de apostas em jogos de corrida de cavalos, via satélite, buscando apurar as denúncias do Movimento de Justiça e Direitos Humanos que acusa o atual governo de autorizar essa modalidade de jogo, contrariando a lei. Outros dois depoimentos geraram controvérsia na reunião quanto à participação em audiência com o diretor da Lotergs, José Vicente Brizola, com a presença de empresários italianos e argentinos.
João Paulo Abreu Souteiro explicou aos deputados os procedimentos que adotou junto ao governo buscando autorização para a instalação de uma espécie de bingo instantâneo. Informou, ainda, que buscou convênio com o Jóquei Clube do Rio Grande do Sul, na época presidido por Jair Rodrigues, porque recebeu autorização para instalar os equipamentos de apostos do ex-chefe de Polícia Luiz Fernando Tubino, segundo a qual poderia operar através da chancela de um jóquei clube. Não obteve sucesso uma vez que o Jóquei Clube do Rio Grande do Sul – que operara nessa modalidade desde 1997 e durante um ano – não estava mais autorizado porque contraíra dívida com a empresa mexicana Aguas Calientes, proprietária do sinal para a América Latina. Souteiro buscou, então, parceria com o presidente do Jóquei Clube Eldorado, Valdo Marques, com quem manteve negócio informal durante oito meses, estando atualmente afastado dessa área. Disse desconhecer a empresa italiana Sisal e negou ter participado de audiência na Lotergs com seu representante.
O presidente do Jóquei Clube Eldorado do Sul, Valdo Marques, que também é sócio minoritário da Carnegie Cooke do Brasil, reconheceu que o hipódromo não possui carta patente do Ministério da Agricultura para funcionar com apostas, conforme manda a legislação. Amparado em pareceres favoráveis do Ministério da Justiça, da Secretaria de Direito Econômico, e através de liminar do Supremo Tribunal Federal (por denúncia que responde movida pelo Ministério Público por contravenção), Marques buscou parceria com a empresa americana para viabilizar seus negócios, funcionando como agente credenciado para América do Sul. Segundo ele, os hipódromos de Cachoeira do Sul e Santa Maria já firmaram convênio com a empresa americana e estão sendo informatizados para viabilizar as apostas on-line e transmissão ao vivo das corridas de cavalo para todo o mundo. Também possui convênios com hipódromos do Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, Brasília, Recife e Sobral.
Audiências
O primeiro depoente da tarde, Guilherme Ribeiro, confirmou à CPI que agendou duas audiências na Lotergs. A primeira, com o presidente anterior, Antônio Carlos Contursi, e outra com o atual diretor, José Vicente Brizola, a pedido de Leonardo Ribeiro de quem é amigo pessoal.
Guilherme Ribeiro relatou aos deputados que participou de audiência em 6 de março com o diretor da Lotergs, José Vicente Brizola, acompanhando Leonardo Ribeiro e João Paulo Souteiro. Disse que, na oportunidade, João Paulo Souteiro foi apresentar projeto para implantação de uma nova modalidade de jogo eletrônico no Estado. Souteiro, em seu depoimento, disse não ter participado de audiência com empresários estrangeiros. Guilherme Ribeiro não soube precisar a data da segunda audiência em que acompanhou um grupo de empresários italianos e argentinos para tratar de assuntos referentes a jogos eletrônicos também por solicitação de Leonardo Ribeiro. Guilherme Ribeiro deverá ser convocado novamente a depor, para esclarecer essa questão.
Já o empresário Leonardo Ribeiro confirmou ter participado de audiência na Lotergs com a presença de Guilherme Ribeiro e João Paulo Souteiro, mas negou sua presença na audiência com empresários italianos ou argentinos . Disse que solicitou a Guilherme o agendamento das reuniões a pedido de um amigo já falecido Daniel Gil, cunhado de João Paulo Souteiro. Informou aos deputados que não tem vinculação com a exploração de jogos no Estado.
"Os depoimentos foram feitos sob juramento, portanto mentir pode significar processo criminal", disse o presidente da CPI, deputado Valdir Andres. A Comissão não descartou a possibilidade de fazer uma acareação entre os três.
Sigilo
No final da tarde, os deputados procederam a abertura dos primeiros documentos referentes a quebra dos sigilos bancário, telefônico e fiscal do Clube da Cidadania e de seus dirigentes , do ex-chefe de polícia Luis Fernando Tubino e do ex-tesoureiro do PT Jairo Carneiro dos Santos. (Colaboraram Francis Maia e Assessoria de Imprensa do PPB)
09/18/2001
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