CPI terá acesso a dados telefônicos, bancário e fiscal de Demóstenes Torres
A CPI mista que investiga as relações criminosas de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, terá acesso aos dados telefônicos, bancário, fiscal e do correio eletrônico do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Ele é acusado de participar do esquema do bicheiro, que está preso. A decisão foi aprovada por unanimidade pelos integrantes da CPI nesta quarta-feira (30). O acesso abrange também mensagens via celular (SMS) e comunicação via Skype (sistema de telefonia por computador).
Para a quebra do sigilo, a CPI aprovou requerimento do deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que, ao justificar a iniciativa, alegou que a figura de Demóstenes se sobressaiu em meio a “um turbilhão de irregularidades”.
O deputado ainda afirmou que o senador mantinha relação próxima com Cachoeira, pediu dinheiro e vazou informações de reuniões oficiais ao contraventor goiano. “Escutas mostram que o senador que, em público, se notabilizou pelo comportamento sempre vigilante, comportava-se de modo bem diferente no ambiente privado. Demóstenes tratava Cachoeira por ‘professor’ e era tratado como ‘doutor’”, diz o requerimento.
Depoimento
Demóstenes Torres depôs na terça-feira (29) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Ele negou envolvimento com o esquema de Cachoeira e disse que não sabia dos crimes daquele que é acusado de chefiar uma quadrilha que operava com jogos ilegais, corrupção e tráfico de influência.
O senador é esperado nesta quinta-feira (31) pela CPI, mas seu advogado, Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, antecipou que o parlamentar não falará durante a sessão. O advogado esteve no Senado, nesta quarta-feira, para pedir à CPI do Cachoeira que o parlamentar seja dispensado do depoimento nesta quinta. O advogado alegou que Demóstenes já disse tudo que deveria dizer sobre o assunto no Conselho de Ética.
– Se por acaso ele tiver que comparecer, ele comparecerá, mas usará do direito de permanecer calado – advertiu Kakay.
Pessoas jurídicas
Também na reunião desta quarta-feira, a CPI aprovou a quebra de sigilos bancário, fiscais e telefônicos de 18 empresas, todas mencionadas nas investigações da Polícia Federal como ligadas aos negócios de Cachoeira.
Entre as empresas, estão o Posto T-10, em Goiás. Segundo a PF, o posto teria recebido recursos da empresa de fachada Brava Construções e Alberto & Pantoja. As duas, por sua vez, teriam recebidos recursos da Delta Construções.
Segundo matéria do jornal O Globo, de 22 de abril de 2012, o estabelecimento fez doações para campanhas eleitorais e forneceu notas fiscais a parlamentares para reembolso do Congresso, a título de verba indenizatória.
30/05/2012
Agência Senado
Artigos Relacionados
STF quebra sigilo bancário de Demóstenes Torres
Delegados querem acesso direto a dados telefônicos e cadastrais
EMPRESA QUE VENDEU CASA A NICOLAU TERÁ SIGILO FISCAL E BANCÁRIO QUEBRADOS
Receita consolida normas de acesso a dados protegidos por sigilo fiscal
Acesso da Polícia Federal a banco de dados da Interpol fortalece combate à pedofilia, afirma Demóstenes
Jader encaminha à CFC dados bancários e telefônicos de Eduardo Jorge