CRE aprova realização de debate sobre projeto dos sacoleiros



A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou a realização de audiência conjunta com as Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), na próxima quinta-feira (24), para instruir a votação do projeto de lei da Câmara (PLC 27/08) que institui regime especial para comerciantes que importam, por via terrestre, mercadorias originárias do Paraguai. A proposta estabelece alíquota única de 42,35% sobre o preço de aquisição das mercadorias.

O relator, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), argumentou que o projeto, por ser polêmico e complexo, deveria ter sua votação precedida de audiência pública. O debate ajudaria a esclarecer os impactos sobre a produção nacional das mercadorias estrangeiras similares a serem comercializadas no mercado interno, além de definir uma estratégia de fiscalização eficiente para conter a pirataria.

Requerimento nesse sentido acabou sendo apresentado por Jereissati com o apoio dos senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM) e Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O presidente da CRE, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), argumentou que, diante da complexidade da proposta, seria melhor que o governo retirasse o pedido de urgência para votação, já que isso levará ao trancamento da pauta de deliberações do Senado. Heráclito também se dispôs a negociar o assunto com as lideranças do governo na Casa.

Entre os convidados para a audiência, figuram Welber Oliveira Barral, secretário de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Jorge Antonio Rachid, secretário da Receita Federal do Brasil; Bruno Bath, diplomata do Ministério das Relações Exteriores; Synésio Batista da Costa, presidente da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq); Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros); Edson Vismona, presidente do Instituto Brasileiro de Defesa da Competitividade; Márcio Gonçalves, diretor de antipirataria para a América Latina da Motion Pictures Association (MPA), e Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

Ao instituir o Regime Tributário Unificado (RTU) para os comerciantes de mercadorias oriundas do Paraguai, o PLC 27/08 pretende simplificar a cobrança de impostos e contribuições federais incidentes sobre essa importação, devendo beneficiar empresários optantes do Simples Nacional, ou seja, empresas cuja receita bruta anual é igual ou inferior a R$ 240 mil.

O projeto proíbe a importação de produtos que não sejam destinados ao consumidor final, para evitar que partes, peças e componentes possam beneficiar-se da simplificação. Caberá à Receita Federal do Brasil regular e arrecadar o RTU.

Arthur Virgílio afirmou que a proposta desagrada a muitos setores brasileiros, entre eles à indústria do cinema, que teme o aumento da pirataria; e à Zona Franca de Manaus, preocupada com o futuro de sua indústria eletroeletrônica.

O senador pelo Amazonas argumentou que o PLC 27/08 é tão complexo que nem a CCJ, nem a CAE e nem a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul, que já examinaram a proposta, foram capazes de elaborar e aprovar um parecer.



17/04/2008

Agência Senado


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