CRE é palco de polêmicas em torno da política externa de Lula



A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) tem sido uma das mais movimentadas da Casa desde o ano passado, quando se acirraram divergências em torno do tratamento ao governo de Hugo Chávez e ao ingresso daquele país no Mercosul.

Outras questões que mobilizaram aquela comissão foram a crise de Honduras, na qual o Brasil se colocou ao lado do presidente deposto Manuel Zelaya, contra a bancada da oposição, e a repressão política em Cuba que cerceou a vinda ao Brasil da escritora e blogueira Yoni Sánchez. As negociações acerca da compra de aviões de combate para as Forças Armadas brasileiras foram outro tema de grande interesse para a CRE, presidida pelo peessedebista Eduardo Azeredo (MG).

Decidida a entrada da Venezuela no Mercosul e superada a crise em Honduras, a comissão se voltou para um tema que já vinha preocupando os senadores: as relações do Brasil com o Irã, país envolvido numa polêmica sobre o desenvolvimento de energia nuclear e a possível construção de bombas atômicas. Sobre o Irã pesa ainda a acusação de tratamento anti-democrático aos opositores do regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que esteve no Brasil em novembro do ano passado.

Mais recentemente, Cuba voltou ao centro das atenções na CRE com a crise dos presos políticos em greve de fome, os quais não receberam a solidariedade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua última visita à ilha.

Também a Venezuela voltou à pauta de debates da comissão. Na quinta-feira (11), a comissão adiou, por um semana, a votação da mensagem presidencial de indicação do ministro de primeira classe José Antonio Marcondes de Carvalho para o cargo de embaixador do Brasil em Caracas, na Venezuela.

O presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo, concedeu vista coletiva do parecer favorável à indicação elaborado pelo relator da mensagem, senador Renato Casagrande (PSB-ES). O pedido de vista foi solicitado inicialmente pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). Ele elogiou o embaixador indicado para o posto, mas disse ter uma "posição firme e crítica" em relação ao governo do presidente venezuelano Hugo Chávez. Ele informou que pretende conversar com o embaixador a respeito da situação política do país vizinho e do relacionamento bilateral, nos próximos dias.

- De lá para cá sempre temos observado posições hostis, enquanto daqui para lá as posições são submissas - disse Flexa Ribeiro.

Na mesma reunião, a CRE aprovou requerimento de voto de solidariedade aos presos políticos de Cuba, apresentado por Azeredo, Flexa Ribeiro e Arthur Virgílio (PSDB-AM). Segundo Azeredo, o voto de solidariedade é uma resposta a declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que comparou a situação dos presos políticos em greve de fome em Cuba à de presos comuns em São Paulo.

Nelson Oliveira e Marcos Magalhães / Agência Senado



16/03/2010

Agência Senado


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