Lula explica a parlamentares sua proposta de política externa



O pré-candidato à Presidência da República (PR) pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Luís Inácio Lula da Silva, expôs nesta quarta-feira (dia 19), na Câmara dos Deputados, seu programa de governo para a área de política externa, informando que irá criar, caso saia vitorioso, uma Secretaria de Comércio Exterior ligada diretamente à Presidência. O evento foi promovido por iniciativa do presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Jefferson Péres (PDT-AM) e da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara, presidida pelo deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP) e dá seqüência à série de debates que vêm sendo promovidos pelas duas comissões com os presidenciáveis. Ciro Gomes já foi ouvido e os próximos, com presença já confirmada, serão o senador José Serra (PSDB-SP) e o ex-governador do Rio de Janeiro, Antony Garotinho.

Lula defendeu uma postura mais firme do Brasil nas negociações comerciais com os países desenvolvidos. Ele disse que o Brasil se senta às mesas de negociação sempre em posição inferiorizada e isto tem gerado, em sua opinião, desvantagens nos acordos e tratados comerciais assinados pelo país.

- Ninguém respeita quem não se respeita. Em muitas situações, nós jogamos nossa auto-estima lá embaixo e, apesar de sermos um grande país, temos um comportamento pequeno nas relações internacionais. O Brasil precisa se dar a importância que merece - enfatizou, acrescentando que o país precisa investir em tecnologia e pesquisa, além de diversificar a pauta de exportações, para poder competir no mercado global.

O candidato discorreu sobre outros pontos relacionados com o assunto como a Área de Livrer Comércio das Américas (Alça), o Mercosul e as Forças Armadas:

Alca - Lula disse que é contrário a entrada do Brasil na Área de Livre Comércio das Américas apenas para cumprir uma política de anexação. Para ele, o país deve antes implementar uma reforma tributária que desonere as exportações e a cadeia produtiva e possa fortalecer o mercado interno e melhorar a capacidade de competição dos produtos nacionais. "Se não tivermos essas definições, iremos nos juntar à Alca como meros exportadores de produtos primários", advertiu.

Mercosul - De acordo com o candidato petista, o Brasil deve empenhar-se em fortalecer o acordo com seus companheiros comerciais da América do Sul, apoiando, principalmente, o soerguimento econômico da Argentina.

Forças Armadas - Ele destacou o papel das Forças Armadas na defesa da soberania nacional e disse que pretende adequar os salários dos militares à relevância da função que eles desempenham e investir na tecnologia das Forças Armadas.

Itamaraty - Lula afirmou que irá defender o fortalecimento da diplomacia oficial, criticando a prática excessiva da diplomacia presidencial exercida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em suas viagens. Em sua opinião, esta prática inibe a atuação dos diplomatas de carreira.

Adidos comerciais - O candidato disse que pretende, se ganhar, designar um adido comercial em cada embaixada brasileira, para que este possa agir como um "mascate" que venda bem os produtos do país.

Outros parceiros - Lula anunciou que o Brasil irá empenhar-se em fortalecer o comércio com os países líderes da União Européia, com os Estados Unidos, com a China, a Rússia e o Japão, mas também atentará para a África do Sul e para os países de expressão portuguesa do continente africano.

Também estavam presentes ao debate os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), Emilia Fernandes (PT-RS), Roberto Saturnino (PT-RJ) e Geraldo Cândido (PT-RJ).



19/06/2002

Agência Senado


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