Crianças portadoras de necessidades especiais poderão ter vagas garantidas em escolas e creches



As escolas e creches públicas e privadas - que tenham mais de 200 alunos - poderão ser obrigadas a reservar percentual mínimo de vagas para as crianças portadoras de necessidades especiais e também a providenciar profissionais devidamente habilitados para atendê-las. De autoria da senadora licenciada Maria do Carmo Alves (PFL-SE), a proposta recebeu nesta quarta-feira (23) parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) e será apreciada pelo Plenário.

O projeto tramitou em conjunto com projeto de lei da Câmara e teve inicialmente como relator o então senador Francelino Pereira, não tendo sido votado devido ao término da legislatura. O novo relator, senador Marcelo Crivella (PL-RJ), apresentou voto pela rejeição do projeto da Câmara e pela aprovação do projeto de Maria do Carmo Alves, com emenda.

De acordo com o projeto, o Poder Público deverá reservar, no mínimo, 10% das vagas para essas crianças, enquanto os estabelecimentos privados atingidos deverão ter uma reserva de 5% de suas vagas para tal fim. O projeto original previa a aplicação do dispositivo apenas para as creches, e Crivella incluiu também as escolas neste rol.

É também do senador a idéia de se estabelecer um mínimo de 200 alunos matriculados para os estabelecimentos privados de ensino que serão obrigados a reservar vagas para as crianças portadoras de necessidades especiais. Ele lembrou que os custos de treinamento de professores especializados para esse tipo de atendimento é elevado e poderia acarretar dificuldades para as escolas e creches menores.

O senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) elogiou a iniciativa de Crivella, dizendo que não se pode privar as crianças portadoras de deficiência do acesso ao ensino público. Ele alertou, porém, para a necessidade de os parlamentares apresentarem, ao mesmo tempo em que sugerirem medidas novas nos setores básicos, como saúde, educação e infra-estrutura, a respectiva verba para cumprir a sugestão. Segundo lembrou, essa é uma exigência da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Terrenos de Marinha

O senador Demostenes Torres (PFL-GO) pediu vista de proposta de emenda à Constituição (PEC) do senador João Alberto (PMDB-MA) que altera artigo do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias para extinguir a cobrança de enfiteuse - um tipo de taxa - sobre a utilização dos terrenos da Marinha.

O relator da matéria, senador José Maranhão (PMDB-PB), apresentou voto contrário à emenda alegando que, apesar da intenção meritória da proposta, ela não resolverá o problema da posse dos terrenos continuar sendo da União e não de quem os utiliza. O autor da emenda e o senador João Batista Motta (PPS-SE) alertaram sobre a necessidade de encontrar-se uma solução para o fato de os usuários desses terrenos pagarem a enfiteuse e ainda o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).

Também o líder do governo, senador Tião Viana (PT-AC), solicitou vista de 11 proposições legislativas em tramitação na CCJ, sendo que, entre elas, consta proposta de emenda que cria a Procuradoria do Tribunal de Contas da União e outra que institui o controle externo das agências reguladoras.



23/04/2003

Agência Senado


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