Para Cristovam, Brasil só será um país verdadeiramente republicano com escola igual para ricos e pobres
O Brasil não poderá ser considerado um país republicano enquanto não garantir escola pública de qualidade, para ser freqüentada por ricos e pobres. O ponto de vista foi defendido pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF) nesta sexta-feira (7), no encerramento do 12º Simpósio Nacional de Auditoria de Obras Públicas (Sinaop), no auditório Petrônio Portela, no Senado. Na opinião do senador, a socialização do conhecimento, por meio da escola pública, será o único caminho para a superação dos marcantes processos de exclusão social observados no país.
- É como se, no futebol, tivéssemos bolas quadradas para uns e bolas redondas para outros - disse Cristovam, criticando a naturalidade com que a sociedade aceita que ricos e pobres tenham escolas com padrões diferentes, aprovando quem será excluído ou não.
O senador falou sobre o tema Educação, Corrupção e Obras Públicas. Segundo ele, o problema da corrupção pode ser visto sob duas perspectivas: a do comportamento de pessoas que se desviam da norma para se apropriar diretamente dos bens públicos; e outra, camuflada, relacionada à definição das prioridades em relação aos gastos públicos. Cristovam afirma que esse segundo tipo é mais grave e explica por que a educação e outros assuntos de interesse coletivos são negligenciados.
- O Brasil vem avançando no combate à corrupção do comportamento indevido graças ao trabalho de vocês [em referência à platéia] e da imprensa. Na ética das prioridades, no entanto, não temos avançado. Na hora de definir para onde devem ir os recursos, utilizamos mais os critérios de grupos de pessoas, de grupos eleitorais. Não estamos conseguindo aglutinar os grupos numa Nação - afirmou.
Para Cristovam, os governos também trabalham para o "curto prazo", o que dificulta ainda mais a definição de soluções para os problemas coletivos. Segundo ele, não pode existir Nação onde os governos são "prisioneiros do calendário eleitoral". Em sua opinião, o país perdeu uma oportunidade para definir uma visão de futuro na Constituinte de 1988. O problema, como acredita, foi aceitar que os constituintes fossem eleitos também para cumprir função parlamentar.
- Os constituintes não foram pais da Pátria, mas parlamentares eleitos, e cada um foi submetendo-se às pressões corporativas que aqui chegavam - explicou.
Cristovam observou que hoje a Constituição está sendo utilizada como barreira contra a aplicação da lei que estipula um piso salarial de R$ 950 mensais para os professores - cinco governadores entraram com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a obrigatoriedade do piso. No entanto, lembrou, categorias mais organizadas, com apoio no princípio constitucional de que toda classe de servidor deve dispor de um piso salarial definido em lei, hoje desfrutam de salários em valor até acima de R$ 10 mil mensais.07/11/2008
Agência Senado
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