Cristovam Buarque critica governo por impedir aprovação de mudanças no Bolsa Família




O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) lamentou em Plenário nesta quarta-feira (10) a orientação dada pelo Ministério da Educação aos deputados da base aliada para não votar, na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei do Senado 449/2007, que condiciona o recebimento do Bolsa Família à participação dos pais em reuniões da escola onde os filhos estão matriculados.

O projeto, de autoria de Cristovam, foi transformado em PL 6747/2010 e deveria ter sido votado na Comissão de Educação da Câmara nesta manhã. Por iniciativa de deputados governistas, no entanto, foi retirado de pauta. O senador, que disse ter sido avisado da manobra do governo para evitar a votação da proposta, considerou a medida uma "corrupção de prioridades" no governo.

Cristovam defendeu que, na política, existem dois tipos de corrupção: a do comportamento e a de prioridades. A corrupção de comportamento ocorre quando um dinheiro que iria para uma obra fica no bolso do político. A corrupção nas prioridades seria quando o dinheiro que iria para uma obra chega na obra, mas ela não é necessária nem prioritária. O primeiro tipo seria fácil de identificar, o segundo, não. O senador afirmou que, ao pedir a retirada de pauta deste projeto, o Ministério da Educação cometeu "um ato de corrupção das prioridades".

Na avaliação do senador, exigir a participação dos pais na vida escolar do filho soa como obrigação, mas, na verdade, é um direito, que esses pais não usam hoje por ficarem constrangidos de irem à escola. Cristovam ponderou também que se o veto ao projeto viesse do Ministério de Desenvolvimento Social, ele seria contra, mas não consideraria o ato uma "corrupção das prioridades", já que a função desse ministério é "assegurar comida, e aí não se pode exigir nada em troca".

- Mas do Ministério da Educação? Ter uma determinação para que alguns deputados peçam vistas, para que retirem o projeto da discussão, e agora ele vai ficar engavetado? Isso não está direito. Isso é uma forma de corrupção. Não tão visível, mas tão grave quanto pegar dinheiro e botar no bolso privado - acusou o senador.

10/08/2011

Agência Senado


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