Cristovam quer choque social acompanhando salário mínimo



O senador Cristovam Buarque (PT-DF) comunicou que vai se abster na votação do novo salário mínimo se até lá o governo federal não enviar uma proposta que represente um choque social e traga melhorias reais para as camadas mais pobres da população. Ele completou que, se isto não ocorrer, a única forma de votar a favor da proposta encaminhada pelo Executivo é se o seu partido, o PT, fechar questão sobre o assunto.

Na avaliação do senador pelo Distrito Federal, será um grande constrangimento para os parlamentares se o salário mínimo de R$ 260 for aprovado. Cristovam disse que não será menos constrangedor se este valor subir para R$ 275 ou R$ 300, como defendem alguns deputados e senadores da base do governo e da oposição. Ao invés de um pequeno aumento em reais, ele defendeu um aumento nos "benefícios reais" do trabalhador.

O choque social proposto por Cristovam Buarque incluiria o direito dos aposentados a remédios gratuitos, o aumento dos salários dos professores, o reajuste de R$ 75 para R$ 100 nas bolsas escola e família, a retomada da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e o prosseguimento do Brasil Alfabetizado, para que em quatro anos não existam mais analfabetos no país.

Cristovam também sugeriu a criação de um programa para colocar água e esgoto nas casas de quem recebe o salário mínimo no país, o que, segundo seus cálculos, implicaria a geração de emprego para um milhão de pessoas. Ele estimou que tais medidas poderiam ser tomadas se o governo dobrasse o Fundo de Erradicação da Pobreza.

- Espero abrir esse debate dentro do PT para que possamos evitar o constrangimento de oferecer um salário mínimo ridículo de R$ 260 ou o de ver pessoas se vangloriando como salvadores da pátria por terem conseguido aumentar este valor em um pão e meio por dia ou quatro pães por dia - afirmou Cristovam Buarque.

Em aparte, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) opinou que o Brasil não pode adiar o choque social proposto por Cristovam. Ele criticou o governo por noticiar com estardalhaço programas que não se confirmam na prática, como o Fome Zero e o Primeiro Emprego. Já o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) estimou que se o governo continuar no mesmo ritmo de reajustes do salário mínimo (1,2% em 2003 e 1,7% agora), serão necessários 57 anos para Lula cumprir a promessa feita durante a campanha de dobrar o valor real do mínimo do país.



17/05/2004

Agência Senado


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