Cristovam diz que fatos históricos comemorados em 2008 não foram completados
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que 2008 marca três fatos históricos que, em sua visão, não se completaram: os 200 anos da chegada da corte portuguesa ao Brasil, efeméride destacada nos desfiles das escolas de samba; os 120 anos da proclamação da abolição da escravatura, fato bem menos comentado; e os 60 anos da Declaração dos Direitos Humanos.
Cristovam explicou que a vinda da corte, embora tenha sido importante, não transformou a colônia periférica em um país central. A Declaração Universal dos Direitos Humanos não foi terminada, uma vez que "ainda vivemos em um mundo machista, em um mundo que despreza as crianças, em um mundo que não dá os direitos corretos a cada etnia". E a abolição da escravatura foi menos ainda completada.
- Depois de 120 anos, ainda não colocamos os filhos dos escravos em escolas que tenham a qualidade daquelas dos filhos dos senhores da casa-grande. Não há abolição da escravatura enquanto a escola dos filhos da casa-grande for diferente da escola dos filhos da senzala - afirmou.
Para o representante do Distrito Federal no Senado, a eleição municipal de 2008, na qual serão eleitos 5.561 prefeitos e mais de 50 mil vereadores, é o momento para se discutir essas três datas, "mesmo que se diga que a eleição municipal é para se discutir assuntos puramente locais".
O parlamentar se disse otimista por ter visto a educação como tema da Escola de Samba Vai-Vai, de São Paulo.
- Vi a educação sendo dançada pela Escola de Samba Vai-Vai. Confesso que, pela primeira vez, senti, de fato, um otimismo, com a possibilidade de podermos, sim, dentro de mais alguns anos, captar o imaginário brasileiro para a idéia, que hoje ainda nem permeia, de que o Brasil deixará de ser periférico, que a abolição será completada, que os direitos humanos serão respeitados por meio de uma revolução pela educação - disse.
Vai-Vai
Cristovam disse ter cumprimentado, por telefone, Edmar Tobias da Silva, o Tobias da Vai-Vai, por ter trazido o tema educação para a rua. Elogiou também o empresário Antônio Ermírio de Moraes, autor do livro Educação Pelo Amor de Deus, que inspirou o desfile da Vai-Vai. O parlamentar salientou a necessidade de o Brasil ter mais "educacionistas", palavra que ainda não aparece no dicionário mas que tem representantes: citou, além de Antonio Ermírio, os empresários Jorge Gerdau, Milu Vilela, Viviane Senna e Paulo Saab.
Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) convidou Cristovam a participar do desfile da Vai-Vai como campeã do carnaval paulista. Cristovam respondeu que foi convidado por Tobias, mas recusou, dizendo que "destoaria e faria a escola perder". Em outro aparte, o senador Romeu Tuma (PTB-SP) propôs trazer Tobias para falar sobre o tema na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), presidida por Cristovam, que imediatamente apoiou a iniciativa.
Ao iniciar seu pronunciamento, Cristovam elogiou o discurso do presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho - que presidia a sessão -, na abertura dos trabalhos do Congresso em 2008, ocorrida no dia anterior.
- Nós estávamos precisando daquilo; estávamos precisando não apenas de um discurso que tivesse o conjunto de uma visão e de uma proposta capaz de trazer o Congresso, e não apenas o Senado, para o cenário nacional, para o cenário político; sair desta situação que vivemos, de um Poder inócuo - isso Vossa Excelência disse com clareza -, como também da palavra firme sua em defesa desta Casa. Há momentos aqui que a gente sente tristeza, há momentos que a gente sente orgulho. Ontem, senti orgulho e me senti muito bem representado - afirmou Cristovam.07/02/2008
Agência Senado
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