Cristovam: "É um faz-de-conta dizer que somos auto-suficientes em petróleo e em energia"



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou em Plenário, nesta sexta-feira (5) ser "um faz-de-conta" afirmar que o Brasil é auto-suficiente em energia. Cristovam disse que a auto-suficiência em petróleo foi possível graças ao trabalho permanente desenvolvido ao longo de 13 governos e que teve início há 79 anos, com a criação da Petrobras pelo então presidente Getúlio Vargas. Mesmo assim, disse o senador, essa auto-suficiência em petróleo é provisória.

- Aproveitando o fato de que houve auto-suficiência em petróleo, passa-se a idéia de que houve auto-suficiência também em energia, mas o presidente Evo Morales mostra que não é bem assim, que o Brasil é dependente em relação ao gás - ressaltou o parlamentar.

Para Cristovam, a iniciativa do presidente da Bolívia de nacionalizar as reservas de petróleo e gás natural, e o fato de que mesmo a auto-suficiência em petróleo é provisória devem ser vistas como razões para o país investir em fontes alternativas de energia.

O parlamentar observou que, em seu discurso de posse no cargo de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Marco Aurélio de Mello, havia se referido ao Brasil como "um país de faz-de-conta", ao criticar o quadro de corrupção existente.Em mais uma referência ao ministro, Cristovam disse que a "manipulação da opinião pública" por meio da publicidade é tão grave quanto a corrupção por apropriação de dinheiro público. Essa crítica de Cristovam foi dirigida ao governo, por divulgar a idéia de que a auto-suficiência em petróleo seria resultado da atual gestão.

Para Cristovam, não é possível dar continuidade às ações políticas em um país quando se perde a perspectiva de longo prazo. Não só a auto-suficiência em petróleo não seria, segundo ele, um trabalho de apenas cinco anos de um governo, como o combate a doenças como a Poliomielite e a Aids não seria possível sem um trabalho permanente.

Embora admita ser importante louvar a auto-suficiência do Brasil em Petróleo, o representante pelo Distrito Federal esclareceu que essa é uma auto-suficiência provisória de, no máximo, 50 anos. Paradoxalmente, apontou que seria necessário também o Brasil deixar de crescer para que se mantenha essa auto-suficiência. Isso porque, segundo ele, se o país apresentar um crescimento sócio-econômico de apenas 3% ao ano, já não será mais auto-suficiente. Em aparte, o senador José Jorge (PFL-PE) lembrou que não pode haver auto-suficiência de um bem finito.

Na avaliação de Cristovam, um país que não tenha auto-suficiência em ciência e tecnologia, para desenvolver novas fontes energéticas, e que não seja capaz de "trazer para a casa do pobre o gás e o petróleo para que sete faça sua refeição" não pode se dizer auto-suficiente. Também não é auto-suficiente, avalia, o país que não tem educação básica de qualidade, capaz de fazer com que as crianças brasileiras se qualifiquem para o mercado de trabalho e de produzir cidadãos capazes de pensar de modo auto-suficiente.



05/05/2006

Agência Senado


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