Crivella critica alta lucratividade dos bancos
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), em discurso no Plenário nesta quinta-feira (9), criticou a alta lucratividade dos bancos, conforme balanço divulgado na imprensa há alguns dias. Ele lembrou que, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, os bancos utilizaram recursos públicos do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer), que evitou a falência das instituições que não suportaram a redução da inflação com o Plano Real. Foram R$ 20 bilhões injetados.
- Seria hora de esses bancos, que lucram tanto, devolverem à sociedade o que ela deu a eles num momento difícil - disse.
Para o senador, os bancos devem lucrar pelos seus serviços de acordo com a média mundial, pois "não é justo que se apoderem de tamanha renda". A lucratividade é excessiva independentemente da conjuntura econômica do país, e concorrem para isso juros elevados, cobrados em operações de baixo risco, tarifas de serviços muito altas e pouca concorrência, o que explica o sucesso financeiro e a imunidade bancária aos efeitos dos ciclos econômicos, apontou.
O Bradesco em 2005, disse Crivella, obteve lucro líquido de R$ 2,8 bilhões, passando para R$ 3,2 bilhões em 2006. Em 2007, até o mês de junho, o lucro líquido da instituição chegou a R$ 4,7 bilhões. Já o Itaú obteve R$ 2,6 bilhões, 3,06 bilhões e R$ 4 bilhões em igual período. O Brasil cobra a segunda maior tarifa bancária do continente americano, perdendo somente para o México, segundo estudo mencionado no jornal Monitor Mercantil.
O parlamentar criticou também a redução do número de instituições pelas aquisições realizadas pelos grandes bancos: de 2000 até agora, o número de bancos comerciais e múltiplos caiu de 191 para 156, um decréscimo de quase 20% de acordo com o Banco Central. Outro ponto que mereceu críticas do senador foi a concentração de riquezas nas mãos de poucos: 20 mil famílias brasileiras detêm 80% dos títulos da dívida pública.
- Essa concentração de poder e renda é a raiz de todas as angústias que atormentam o cotidiano dos brasileiros, de poluição, racismo, mistificação, desemprego, miséria e riqueza perdulária e conspícua - afirmou, lembrando que somente no Rio de Janeiro são registrados 300 mil delitos por ano.
09/08/2007
Agência Senado
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