Crivella sugere que parte do superávit primário pode bancar salário mínimo maior



Ao pedir que o governo reajuste o salário mínimo em valor superior a R$ 260, o senador Marcelo Crivella (PL-RJ) sugeriu nesta terça-feira (8) que esse aumento, para R$ 300, por exemplo, poderia ser bancado por uma fração do superávit primário de 4,25% do Produto Interno Bruto (PIB).

No ano passado esse percentual representou R$ 67 bilhões e deve gerar algo em torno de R$ 70 bilhões no corrente ano, afirmou, ressaltando que esse dinheiro, que é retirado da sociedade sob forma de tributos, não é devolvido a ela sob forma de compra de bens e serviços. É usado nominalmente para pagar juros, enquanto os receptores desses juros não querem dinheiro, que nada rende, eles querem mais títulos públicos que o Banco Central lhes vende, disse o senador.

Segundo Crivella, o Banco Central esteriliza esse dinheiro, ao invés de colocá-lo em circulação para gerar crescimento econômico e empregos, porque teme a volta da inflação. Não surpreende, assim, que a economia esteja em recessão e o desemprego atinja os níveis mais elevados de nossa história, comentou.

- A equipe econômica está tripudiando sobre o drama de 25 milhões de desempregados ao manipular as taxas de crescimento do PIB do primeiro trimestre, como se já estivéssemos entrando no ciclo de prosperidade econômica. Não estamos. Leiam Mendonça de Barros [Luís Carlos Mendonça de Barros, ministro de Telecomunicações no governo Fernando Henrique Cardoso], que prova ser um absurdo a técnica empregada por Meirelles [Henrique Meirelles, presidente do Banco Central] de anualizar a taxa do PIB - ressaltou.

Para Crivella, esse sistema pode começar a mudar com um superávit primário menor, como o da Argentina, de 3%, o que possibilitaria um reajuste maior para o mínimo e mais gastos públicos, induzindo o setor privado a investir, gerando os empregos e a renda que o país necessita.

De acordo com o senador, há quatro categorias de brasileiros que precisam muito de um reajuste mais digno do que os R$ 260 propostos pelos governo: os aposentados e pensionistas, os empregados domésticos, os jovens que estão entrando no mercado de trabalho e os servidores públicos de prefeituras e estados mais pobres.

Em aparte, o senador Mão Santa (PMDB-PI) aplaudiu o discurso de Crivella, por estar -defendendo os pequenos-, e não o capital. Também em aparte, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) comentou que o governo está preocupado demais com a cartilha econômica, em vez de criar moradias populares e incentivar a agricultura familiar.



08/06/2004

Agência Senado


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