Debate aponta despreparo da universidade na assistência aos idosos
A universidade brasileira não está preparada para enfrentar os desafios postos pelo processo de envelhecimento da população. Essa conclusão veio à tona na primeira de uma série de audiências públicas promovidas pela Subcomissão Temporária do Idoso para debater a situação da terceira idade no país. Para se ter uma idéia do grau de desassistência, o Brasil só conta com 500 médicos geriatras para atender a um contingente de idosos superior a 15 milhões.
De acordo com o médico Renato Veras, reitor da Universidade da Terceira Idade (Unat), apenas duas das 103 escolas de Medicina do país oferecem a disciplina de geriatria a seus alunos. Diante da formação maciça de pediatras em um momento de progressiva queda da natalidade e, em contrapartida, envelhecimento populacional, Veras considerou uma -irresponsabilidade- a colocação no mercado de profissionais fadados ao desemprego por lidar com um segmento etário em franca redução.
O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Adriano Gordilho, também admitiu o -retardo- do ensino superior na formação de profissionais aptos a atender às demandas da terceira idade. O expositor atestou a concentração dos geriatras nas regiões Sul e Sudeste, onde também estão a maioria das residências médicas na área. A única estratégia para repor esse prejuízo, segundo Gordilho, é uma capacitação oferecida pelo Ministério da Saúde.
Eqüidade
Alarmado com essa situação, o senador Leomar Quintanilha (PFL-TO) apresentou requerimento, aprovado nesta sessão, solicitando audiência pública com as universidades para discutir formas de estimular os futuros profissionais a buscar esse -nicho de mercado-. O presidente da Subcomissão do Idoso, senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ), também decidiu enviar ofício aos governadores, aos prefeitos e ao Ministério Público nos estados advertindo sobre a necessidade de cumprimento de dispositivo da Política Nacional do Idoso que obriga a inclusão da especialidade de geriatria nos concursos públicos da área médica.
Também participaram da audiência pública a professora da Universidade Federal de Minas Gerais Maria Fernanda Lima Costa, que chamou atenção para o descumprimento do princípio da eqüidade na assistência à saúde aos idosos nas áreas urbanas e rurais e reivindicou investimentos em pesquisas destinadas a orientar políticas públicas para a terceira idade. Já a consultora da Organização Mundial de Saúde (OMS) Úrsula Karsch defendeu uma atenção especial também para os -cuidadores de idosos-, normalmente uma pessoa da família em situação de fragilidade similar.
06/05/2003
Agência Senado
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