Debate sobre normas mais transparentes para rito orçamentário afeta votação da LDO



Sem a apreciação de proposta em que defende mudanças no rito de tramitação do Orçamento da União, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) mantém em pé a ameaça de obstruir a votação da Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) para 2007. Persistente em seu objetivo, o deputado reflete preocupação que se intensifica no Congresso sobre a necessidade de tornar o processo de apreciação da proposta mais transparente, sem brechas para desvios de recursos públicos.

O que está faltando agora é convergência em torno de um novo modelo de apreciação. Depois da Operação Sanguessuga, seguida da instalação de comissão de inquérito para apurar o envolvimento de parlamentares com desvio de recursos de emendas orçamentárias para a compra de ambulâncias superfaturadas, os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros e Aldo Rebelo, criaram uma comissão para tentar um acordo sobre o projeto de resolução do deputado paranaense.

Formada por três senadores e três deputados, a comissão apresentou uma proposta alternativa em meados de maio. Uma semana depois, o projeto substitutivo entrou na ordem do dia, mas o exame foi adiado diante da resistência esboçada por parlamentares de vários partidos.

Na ocasião, o líder do governo no Congresso, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), admitiu que as maiores críticas recaiam sobre dispositivo que determinava redução no número de integrantes da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO), de 84 para 40 (30 deputados e dez senadores). Com a redução do tamanho, a avaliação é de que será mais fácil garantir quórum para as votações.

A comissão recomendou ainda medidas que reduzem o poder do relator-geral do Orçamento a partir já deste ano. Ele deixaria de influir nas discussões sobre as reestimativas às receitas previstas na proposta encaminhada pelo governo, pois a função seria delegada a um relator que teria exclusivamente essa finalidade.

O relator-geral também não poderia dispor, a seu livre critério, das receitas derivadas de reestimativa. Só teria poder para definir a destinação sobre 20% desses recursos, pois a maior parcela seria obrigatoriamente distribuída entre emendas de bancadas (25%) e os dez relatores setoriais (55%).

A comissão incorporou muitos pontos do projeto de Barros, inclusive medida que impede emendas de bancadas com redação genérica, o que evitaria seu retalhamento para atender interesses individuais dos parlamentares. Barros elaborou sua proposta a partir dos trabalhos de outra comissão mista, encerrada em 2005 sem acordo sobre o relatório final. O deputado foi relator, com a presidência a cargo do senador Fernando Bezerra.

Depois de chegar bem perto da decisão em Plenário, o substitutivo a seu projeto passa agora a enfrentar riscos de ser vencido ou modificado pelo avanço da proposta do orçamento impositivo (PEC 22/00), em que está prevista a extinção da CMO. Já aprovada no Senado, essa proposta de emenda à Constituição (PEC) de autoria do senador Antonio Carlos Magalhães agora começa a tramitar na Câmara.

22/08/2006

Agência Senado


Artigos Relacionados


Corte orçamentário não afeta execução do Minha Casa, Minha Vida

Iphan promove debate público sobre normas de preservação para Ouro Preto

Mídia convencional não tem sido capaz de disseminar conceitos mais complexos sobre processo orçamentário, diz Luís Nassif

Crédito orçamentário e vetos em votação

Flexa quer vincular votação do Orçamento a definição de rito para vetos

Reunião da CPI é aberta e suspensa em seguida para definir rito de votação do relatório