DECISÃO DE SER EMPRESA CABE AOS CLUBES, DIZ PRESIDENTE DA CBF



Em depoimento à Comissão Mista que examina a Medida Provisória que altera a Lei Pelé e institui a Taxa de Autorização do Bingo, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, defendeu que a legislação, em vez de obrigar, faculte ao clube a transformação em empresa. Para ele, entre os mais de 650 clubes profissionais do Brasil, alguns poderão se tornar empresas bem sucedidas, mas outros serão meras "empresas de fundo de quintal", sem condições de pagar impostos e garantir sua sobrevivência.
Quanto à determinação da Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado) que veda a propriedade de mais de um clube pela mesma empresa, o presidente da CBF interpreta que, na realidade brasileira, o dispositivo deve se restringir aos departamentos de futebol. Segundo ele, no Brasil, os clubes, diferentemente do que acontece na Europa, têm cunho social, apoiando o esporte amador como um todo.
- Acredito que o departamento de futebol de um clube não possa ser comandado pela mesma empresa que comanda o departamento de futebol de outro clube. Esse tipo de propriedade deve ser cerceado - declarou.
Teixeira aproveitou o tema para afirmar que dificilmente poderia haver qualquer tipo de acerto de resultados no futebol nacional. "Não posso aceitar essa tese. A paixão clubística no Brasil é uma coisa muito arraigada", declarou.
A liberação do passe do jogador depois de dois anos de contrato com o clube, continuou, é muito prejudicial à estrutura do futebol nacional. Segundo Teixeira, há falta de informação sobre esse assunto, pois, na Europa, o passe foi substituído pela multa contratual.O presidente da CBF pediu aos deputados e senadores da comissão que, depois de alterada a legislação, acompanhem com atenção a sua regulamentação, pois os decretos formulados pelo Executivo podem causar mais problemas ao esporte do que uma lei.

10/02/2000

Agência Senado


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